terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Vergonha e revolta



Palavras fortes. Inadequadas para o dialogo calmo, equilibrado no trato de assunto importante. De pouco uso nos corredores do Itamaraty. Porém, certos fatos, certas imagens, certas frases tanto diminuem a Nação que a adrenalina incontida aflora e gera expressões de repúdio tal que atropela o comedimento.

A imagem ofensiva ao Itamaraty  se desnudou quando do recebimento dos embaixadores estrangeiros pela presidente Dilma Rousseff. À sua esquerda postava-se o Sr. Marco Aurélio Garcia e à sua direita estava o Ministro das Relações Exteriores, o Embaixador Mauro Vieira.

A visão daquelas três pessoas traduz o quadro de nossa política exterior. O comando supremo, entregue à pessoa irascível, impaciente, impulsiva. O segundo personagem em importância, súdito de ideologia ultrapassada, jejuno na sua compreensão do mundo, de preferência totalitária onde a democracia é subordinada à uma pretensa justiça social. O terceiro personagem, um profissional, bem treinado, culto, educado nas artes da negociação, porém manietado, neutralizado na sua atuação.

Pois é este trio que determina para onde irá o Brasil no concerto das nações. Quais os benefícios políticos e econômicos que poderão decorrer de nossas relações com as demais nações do planeta, para que, impelido por convergências, possa o Brasil prosperar? 

A atual doutrina externa revela ideais juvenis, decisões auto destruidoras,  destituída de qualquer comprovação ou validação empírica.  Substitui a oportunidade de parceria com grandes nações, essencial ao nosso desenvolvimento político e econômico, pela aproximação íntima e degradante com estados semi-falidos. Conspurca-se a letra e o espírito do tratado  gênese do Mercosul, fragilizado pelas manhas e artimanhas de governos, tais como o da  argentina  Christina Kirchner e do venezuelano Nicolas Maduro. A tolerância indevida para com os atos totalitários de Caracas contamina e invalida as demais cláusulas do tratado, tornando-o peso morto a ser suportado por um Brasil já combalido pelas desventuras do desgoverno.

Os desvios e desmandos, somados ao humilhante desrespeito imposto ao alto funcionalismo do Itamaraty,  clama por protesto. Parece ser este o momento para uma manifestação formal e inequívoca de repudio,  a ser subscrita por embaixadores, já aposentados ou não*, que tanto de suas vidas deram ao país e à Casa de Rio Branco.


*Oportuno será lembrar o protesto de Vasco Leitão da Cunha, então Secretário Geral do MRE, contra a missão de João Dantas à Alemanha Oriental, desrespeitando tratados firmados com a Alemanha Ocidental. Ameaçada  a reputação do Brasil, e de sua diplomacia, não hesitou o diplomata em manifestar sua contrariedade ao Ministro Affonso Arinos de Mello Franco e ao Presidente Janio Quadros, assim colocando sua carreira na balança dos princípios.

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