O caso Petrobras pode representar o término da impunidade
que protege a degradada gestão das empresas estatais. A derrubada da represa, outrora
erguida por políticos e administradores corruptos, se fará graças à opinião
pública e, sobretudo a juízes probos e policiais honestos. A enxurrada das
águas purificadoras será, possivelmente, o réquiem das manipulações, desvios e
astúcias das contas autárquicas.Também de
importância será a figura do Auditor Independente.
A auditoria externa e independente, está sujeita,
legalmente, à comportamento ilibado. Quando de renome e subsidiária de matriz no
exterior, tanto maior será o impositivo ético, face à exposição internacional
de seu comportamento. Contudo, ainda que a fraude e o crime não sejam tolerados,
nem sempre todo o rigor contábil se verifica na prática. Tendo por objetivo o
lucro, como qualquer empresa, o Auditor se curva, muitas vezes, às pressões de
seus clientes. Por vezes, a severidade
das provisões colidem com os clamores por maiores lucros. Afirmações dos dirigentes
são aceitas sem maiores verificações. Avaliações inconvenientes são relegadas a
padrões mais flexíveis. Estas observações, que podem parecer cruéis, merecem
credibilidade quando se constata a fragilidade das auditorias precedentes, onde
somente agora acionistas e agências são alertados para os desmandos desvendados.
Porém, parece inevitável que uma onda de bem proceder levará
os, por vezes, flexíveis Auditores à maior severidade no exame dos livros de
seus clientes. Ameaçados pela exposição pública dos meios de comunicação e pelas
implicações onerosas, tanto no campo legal quanto no financeiro e profissional,
o Auditor deverá buscar, doravante, proteção em conduta impecável, protegendo-se de
processos bilionários decorrentes de incúria ou má fé. Ainda, quando subsidiário
de firma norte americana ou européia, o Auditor estará sujeito às penalidades
financeiras e legais aplicáveis à suas matrizes no exterior. Em suma, o custo
de mal proceder tornar-se-á exponencial, com conseqüências terminais, trazendo
à tona o exemplo emblemático da auditora Arthur Andersen.
Chega-se, então, à conclusão purificadora. Não será difícil prever-se
que as empresas estatais enfrentarão, doravante, auditoria de extrema
severidade. Tal severidade trará à tona fatos de estrema gravidade, no penal e
no político. Lícito prever-se o abandono das flexibilizações,
compreensões, e interpretações. Por resultado, abrir-se-ão as “Caixas Pretas”,
desvendar-se-ão os labirintos da contabilidade imprecisa, enganosa e “criativa”,
frutos da politização indevida das
empresas Estatais.
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