O mais novo filme de guerra, dirigido por neo
conservador Clint Eastwood, traz à grande tela mais um herói. Chris Kyle,
soldado engajado na guerra do Iraque, é um atirador de elite. Mata a grande
distância. A tradição desta especialidade é levar a morte ao inimigo relevante,
ao líder, ao oficial cuja morte pode desestruturar a unidade que comanda. Lord Nelson é abatido, atingido por um atirador de elite francês (ou seria
espanhol?) postado no alto mastro do navio inimigo.
Assim, o atirador de elite, com paciência infinita
espera, muitas vezes por horas, aquela oportunidade, aquele uniforme, aquela patente visível, que recompensará a sua razão de ser. É uma seifa solitária, distante.
Porém, o filme não trata daquelas guerras. Em salto no tempo, o herói se depara com uma indistinta massa em suas indistintas roupagens. Inimigos, amigos e
indiferentes, povoando as ruas, surgindo nas janelas, subindo nos terraços,
numa sequência infindável de alvos possíveis. Carregam kalashnikovs, encomendas, baldes vassouras.
Fará um rosário de
vítimas. Homens, mulheres e crianças, semelhantes na aparência, com armas
aliadas ou inimigas, com atitudes curiosas ou hostis, motivadas por medo ou
raiva, passarão pelo seu crivo turvado pela distância.
Hora da verdade. É o momento da razão de ser. Sabe e gosta da missão, perfil essencial para o cargo. Culpado ou inocente? A
sentença de morte é inapelável. O erro e
o acerto é irrelevante, a estatística impossível, a culpa difusa. Decide. Pressiona o gatilho e lança a morte inapelável.
Chris volta para casa. Mais um Herói numa guerra bandida.
Clint Eastwood faz o seu filme, relata e inventa, fatura. Já o "sniper" terá momentos de reencontro com expressões de surpresa e morte.
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