quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Repensando a guerra

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O mais novo filme de guerra, dirigido por neo conservador Clint Eastwood, traz à grande tela mais um herói. Chris Kyle, soldado engajado na guerra do Iraque, é um atirador de elite. Mata a grande distância. A tradição desta especialidade é levar a morte ao inimigo relevante, ao líder, ao oficial cuja morte pode desestruturar a unidade que comanda. Lord Nelson é abatido, atingido por um atirador de elite francês (ou seria espanhol?) postado no alto mastro do navio inimigo.

Assim, o atirador de elite, com paciência infinita espera, muitas vezes por horas, aquela oportunidade, aquele uniforme, aquela patente visível, que recompensará a sua razão de ser. É uma seifa solitária, distante.

Porém, o filme não trata daquelas guerras. Em salto no tempo, o herói se depara com uma indistinta massa em suas indistintas roupagens. Inimigos, amigos e indiferentes, povoando as ruas, surgindo nas janelas, subindo nos terraços, numa sequência infindável de alvos possíveis. Carregam kalashnikovs, encomendas, baldes  vassouras. 

Fará um rosário de vítimas. Homens, mulheres e crianças, semelhantes na aparência, com armas aliadas ou inimigas, com atitudes curiosas ou hostis, motivadas por medo ou raiva, passarão pelo seu crivo turvado pela distância.

Hora da verdade. É o momento da razão de ser. Sabe e gosta da missão, perfil essencial para o cargo.   Culpado ou inocente? A sentença de morte  é inapelável. O erro e o acerto é irrelevante, a estatística impossível, a culpa difusa. Decide. Pressiona o gatilho e lança a morte inapelável.


Chris volta para casa. Mais um Herói numa guerra bandida. Clint Eastwood faz o seu filme, relata e inventa, fatura. Já o "sniper" terá momentos de reencontro com expressões de surpresa e morte.  

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