Segue abaixo excelente artigo de autoria do Professor Dr. Julian Alfonso de Magalhães Chacel, cuja publicação valoriza este Blog.
Esboço de um Quadro Recessivo
O ano de 2015 será um tempo de
purgação para corrigir os erros que nos últimos anos marcaram a má condução da
política econômica. .A purificação de
nossa Economia requer, em face dos “déficits
gêmeos”, o fiscal e o externo, rígido controle do gasto público e livre
flutuação do câmbio. E mais, um realinhamento de preços relativos, em especial
tarifas, que significa impor ao país um período de “inflação corretiva”. Na
busca de confiabilidade através do cumprimento da palavra empenhada, esqueça-se
a meta de inflação de 4,5% e aumente-se a
ampla margem de tolerância no seu limite superior.
A meta fiscal de um superávit
primário fixado prudentemente em 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) contém,
apesar disso, um conteúdo de indeterminação. Qual será ao final do ano o valor
do denominador? No dia de hoje há fortes indícios de contração comparativamente
ao resultado estimado para o ano anterior, 2014, que aponta para uma taxa
próxima de zero refletindo a estagnação, ou melhor, a ausência de crescimento
econômico.
Além do efeito de contração
resultante da tentativa de corrigir o desequilíbrio das contas públicas como
pré-condição para domar a inflação rampante, há do lado real da economia
restrições ao aumento do PIB sintetizadas na expressão “condições físicas da
oferta”. As crises hídrica e elétrica são, no curto prazo, fatores limitativos
da expansão dos níveis atuais de produção. A escassez de água compromete a
produção agropecuária e na indústria de transformação alimentos e bebidas,
siderurgia, papel e celulose e química, em escala decrescente consomem, no
todo, cerca de 70% da energia utilizada pelo setor.
As vicissitudes que assolam a
Petrobras, resultantes de erros de gestão associados ao uso político da empresa
pela via da corrupção, também apontam na direção de um declínio da atividade
econômica. A tudo isso se acrescenta a provável redução do seu programa de
investimento, de vez que a viabilidade econômica de certos campos fica comprometida
diante da queda de preço do barril de
cru. Pela sua dimensão e natureza do negócio, a contração da empresa no futuro
imediato e a inevitável revisão dos contratos firmados com as grandes empreiteiras
da construção civil geram um efeito em cascata sobre uma miríade de
fornecedores. A matriz das interações industriais será profundamente afetada.
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