quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Vontade manipulada

Quem não sabe que a sociedade de Consumo aliou-se à televisão para criar a necessidade de compra, seja deste ou daquele produto? Esta é fase da motivação direta”, ou seja aquela que exibe na telinha moças bonitas num carro brilhante e a mensagem “compre seu Chevroford”, ficando implicito que, com aquelle conversivel, o telespectador tambem conquistará belas mulheres.


Este clamor ao consumo, através do apêlo óbvio e dirigido a segmentos indentificados pelas agências de propaganda, já está em vias de obsolecência. Está sendo superado por novo salto tecnológico, ainda desconhecido pela sociedade em geral, e pelos consumidores, específicamente.


Evitando citar seu verdadeiro nome, vale mencionar a expertise da empresa “XCST”. O seu insumo é o da informação, coletada em quantidade inimaginável para o leigo, comprada à operadores e grandes “sites” da Internet. Com ajuda dos seus “cookies”, nome de infinita meiguisse e candura, escavam impiedosamente todas as informações sobre a vida, gostos e preferências de seus usuários. Em alianças e parcerias, pinçam, ainda, as viagens feitas e por fazer, as opções sexuais e o histórico médico destes clientes, seguindo o objetivo, não para conhecer apenas o perfil do segmento, mas também desvendando as mais intimas preferências do Indivíduo. O histórico de toda pesquiza nos “programas de busca”, todo site procurado, seja para lazer seja para informação, seja para comércio, enfim toda a atividade realizada através do computador que não se resguarde de especial segurança, submete-se ao domínio da “XCST” e seus associados.


A partir desta imensa “database”, entre 20 e 40 petabytes, a XCAST negocia seu tesouro com empresas já diretamente engajadas na promoção comercial, utilizando técnicas de indução, sejam elas diretas, sejam elas subliminares, criando afinidades insuspeitas entre cliente e produto, entre cliente e prestador de serviço.


Dir-se-á o leitor, “assim serei melhor servido pela oferta do mercado”. Dois aspectos, contudo, desfazem esta imagem de generosa prestação. O primeiro é insidioso, pois o consumidor não mais escolhe, pelo contrario, é levado a escolher. Sua vontade é manipulada, levando-o a ação involuntária, na medida em que é desvinculada do processo decisório cognitivo.


Já o segundo aspecto, de relevância vital para a sociedade moderna, será, a conhecer-se a permanente busca ao poder que tanto marca o ser humano, o indevido uso destas técnicas de manipulação psicológica, lastreada em informações íntimas e confidenciais, para fins políticos e repressores. O indivíduo, o consumidor e, finalmente o cidadão, tornar-se-á refém de forças que ignora e que lhe determinarão o futuro, seu e da sociedade, sem que delas possa defender-se.


Vitima de obsolecência forçada, sucumbe o notável “1984”. Se livro houver, seu título será “2014”.




Nenhum comentário: