quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Uma grande trapalhada





Poucos diriam que um bando de Árabes radicáis, sem beira nem fronteira, traria táo profundo incômodo aos Estados Unidos, e ao mundo.

Pois agora, ao reconhecer o perigo que o cruel Califado da Síria e do Iraque trás à sua segurança, Obama lança-se ao ataque. Declara limitar, inicialmente, sua intervenção militar à aviões, drones, e poucos soldados especializados. Porém, seu Estado Maior considera excessivamente tímida a proposta do presidente. Sim, precisamos de tropas no Iraque, diz o General Dempsey em depoimento ao Congresso, deixando claro que a empreitada será bem mais espinhosa do que, por enquanto, revelada.

A se concretizar a avaliação do experimentado militar, teremos tanto o Pentágono quanto o Tesouro pressionados por exigências guerreiras e econômicas. O conflito atrapalha a recém lançada política exterior de Washington, visando a “virada para o Leste”. ou seja, a contenção do rolo compressor Chinês. Reduz, também, a margem de manobra que o Pentágono teria face ao contencioso Rússia-Ucrânia.

Prevê-se que a reação ao ISIS tornará necessária a extensão de bombardeios, e talvez a alocação de tropas americanas no terreno Sírio. Neste caso, difícil será compatibilizar a atuação Norte Americana com os limites impostos pela Lei Internacional. Afinal de contas, a Síria é paìs soberano; como impor-se a presença de tropas estrangeiras sem autorização de Damasco? Qual será o preço pedido por Bashar al Assad pela acquiescência ou negativa? Mas não termina aí a complexidade da questão; como pode Obama declarar-se, simultâneamente, inimigo do ditador Sírio enquanto este também o é do ISIS. E como se enquadra o crescente apoio de Obama ao Exércitode Libertação Síria, que, por sua vez luta contra Damasco e o ISIS? (O leitor desculpe este labirinto lógico, não da lavra desta coluna mas sim da sempre supreendente politica externa norte americana.)

Como se não bastasse, Vladimir Putin congratula-se por ter os Estados Unidos como inesperado semi aliado, por combater o ISIS, inimigo de Assad, seu aliado. Enquanto a confusão prossegue, digna dos nossos simpáticos “Trapalhões” de outróra, a Rússia mantêm fornecimento de armas para o governo Sírio, a partir de sua base naval naquele país.

Parece caber dúvida quanto ao atual sucesso do ISIS caso Barack Obama não tivesse apoiado a rebelião Síria. A experiência Iraquiana, onde a derrubada de Hassam Hussein abriu as comportas para a avalanche do terror sectário e incertezas geo-políticas, parece sugerir que, do ponto de vista Ocidental, os governos laicos, ainda que por vezes cruéis, são os que melhor garantem a estabilidade da região, por saberem administrar o mosáico de religiões conflitantes que povoam aqueles países. A desconstrução do Iraque e da Síria são relevantes exemplos de como errar no Oriente Médio.

Enquanto os mais lúcidos analistas recomendariam um acôrdo entre os Estados Unidos e o governo Sírio, a mais eficaz aliança para trazer de volta a ordem naquela região tão conturbada, Obama se vè impedido pelos convergentes propósitos dos díspares Israel, Arábia Saudita e Turquia, todos em busca de vantagens inconfensáveis. O primeiro quer a Siria, sua vizinha, enfraquecida. O segundo têm os Xiitas, aliados de Assad, por inimigos mortais,  O terceiro quer a expansão da Irmandade Muçulmana, contrária ao Estado laico.

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