segunda-feira, 28 de julho de 2014

Um pouco de política externa

Poder-se-ia dizer que a política externa tem dois componentes. Aquele que deriva dos interesses permanentes da Nação, e os que são consequência das preferências do governo no poder.

A qualidade, medida em benefício nacional,  do nosso relacionamento internacional será determinada pela obediencia à  linha mestre que define os interesses permanentes da Nação, assim estabelecendo limites às iniciativas externas (geralmente com objetivos internos) desejadas pelo(s) partido(s) no poder.

Seria razoavel, talvez, afirmar que a política externa se resume em fazer com que outras nações ajam na direção de nosos interesses, ou, ainda, que impeça que nações tomem iniciativas contrárias a estes interesses.

A enorme importância do Itamaraty é, dentre outras tarefas, fazer ver aos sucessivos governos que os projetos de politica externa deste ou aquele líder não venham comprometer a doutrina-base, a prioridade mór.

Se assim não fosse, a continua alteração de rumo da política externa brasileira, ao sabor de preferências politico-partidárias, traria sério prejuizo à Nação, uma vez que a resultante volatilidade retiraria a confiabilidade, e o consequente respeito, que outras nações nos dedicariam. Com a perda de confiablidade e respeito, a capacidade de influir sobre as demais nações, naquilo que fosse do interesse nacional, seria prejudicada.

Apesar de sua extensão continental e grande população, o Brasil é um país fraco, sem infraestrutura, sem educação, sem saúde que lhe coloque dentre as potencias que dominam o planeta, seja comercialmente, seja militarmente. Nossa capacidade de transformar nosso potencial humano e economico em poder efetivo ainda está distante. Por consequencia, nossa política externa, não podendo exercer o poder militar e/ou economico como elemento persuasório, deve maximisar seu "Soft Power". Neste sentido, o país tem na defesa da Paz e da Concórdia uma de suas principais armas.

Ainda, devido a sua fraqueza relativa, ao Brasil convém privilegiar as negociações multilaterais, onde a imposição de eventual força contrária aos nossos interesses se veja parcialmente diluida. Para potencializar nossa influencia nestes congressos, tornou-se conveniente priorizar a cooptação do maior numero de nações para que, nas decisões de natureza plenária, possamos nos beneficiar de crescente presença. Para dar substância a esta meta, iniciativas políticas, econômicas e comerciais tornam-se necessárias.

Contudo, as grandes questões são resolvidas pelas grandes potencias, com quem devemos priorizar o bom relacionamento. Nestes casos, a confrontação é anátema. Desafiar ou contrariar interesses poderosos podem trazer alto custo ao país. Tais questões, sobretudo as de cunho político, são de extrema sensibilidade, sua contestação podendo redundar em represália nos setores politico e econômico, onde nossa vulnerabilidade é manifesta.

O que vai acima pretende acentuar a necessidade de análise isenta e abrangente, onde os conselhos do Itamaraty se sobreponham aos do Sr. Marco Aurélio Garcia. O governo da Sra. Dilma Roussef deve cuidar para que suas preferências políticas não colidam com as do Brasil.


Nenhum comentário: