Abater avião comercial é coisa inadmissível. Já aconteceu no passado, quando um cruzador norte americano abateu um avião de passageiros da Iranian Airlines, que sobrevoava o Golfo Pérsico. Pairam dúvidas, também, sobre o fatal destino de outro avião da Malaysia Air, desaparecido sem deixar traços. Suspeita-se que tenha sido abatido. Por quem?
Assim, conquanto o opróbio internacional se justifica, a alocação de responsabilidades torna-se mais complexa. Seguindo um ritmo já consagrado, de culpar a Rússia por tudo que ocorre naquela região, Barack Obama ja emitiu seu veredito, atribuindo à Moscou o peso da culpa. Vários argumentos são levantados: conversas telefônicas captadas por Kiev e origem russa do armamento (todas as armas na Ucrânia, seja do lado que for, tem por origem a Rússia). Já a CIA diz ter sólidos indícios da participação Russa. Moscou nega qualquer interferência no assunto.
Na verdade, de acordo com a prudente Angela Merkel, é cedo para apontar os sôfregos dedos da culpabilidade. A calma deve prevalecer. Os rebeldes, constante e maliciosamente referidos como "pró Rússia" são, na realidade pró autonomia, e já entenderam que Putin não quer incorporá-los ao seu país. No entanto a continua referência serve no jogo, cada vez mais óbvio, da grande mídia a serviço de objetivos de política externa.
Aumentar a temperatura do contencioso poderá trazer conseqüências inesperadas, assim como o recém passado deu a Moscou, de mão beijada, a Crimeia. As sanções, até agora tênues a ponto de desmoralizar quem as aplica, e não quem as sofre, são, na prática, descartáveis. Aumentá-las, sem cuidadosa análise, caso prejudiquem a economia Russa, tornar-se-a perigoso.
Recomenda-se a Barack Obama bem examinar os trunfos que a Rússia detêm, tanto na Europa, como no Ártico, como na Ásia. O domínio sobre as fontes de energia da Europa Ocidental não deve ser menosprezado. A aliança que vem se fortalecendo entre Rússia e China, se estimulada pelo medo, poderá trazer conseqüências de médio prazo no equilíbrio de forças planetário. Áreas como as repúblicas da Ásia Central, Georgia, Irã e até mesmo o Afeganistão poderão sofrer desestabilização favorável a Moscou. Influências negativas podem ocorrer no Oriente Médio. Terá que pensar, também, até que ponto a fidelidade das alianças Europeias superarão as dificuldades que elas lhes poderão trazer.
Mais vale Washington refletir sobre já ter passado o tempo quando suas decisões desprezavam as possíveis conseqüências negativas. Mais vale valorizar o diálogo entre Ucrânia, Rebeldes, Ocidente e Rússia. Urge suspender, de pronto, toda ação armada, cujos incontroláveis resultados são evidentes.
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