quarta-feira, 30 de julho de 2014

CURTAS



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Palácio do Itamaraty
Já são cinco os países Latino americanos a ordenar a volta de seus embaixadores de Israel. Será que o "anão" está crescendo? Na mesma direção, o Conselho de Segurança das Nações Unidas ordenou o cessar  fogo em Gaza. O Hamas exige o fim do bloqueio terrestre, aéreo e marítimo imposto por Tel Aviv. Na Europa espalham-se manifestações em prol dos Palestinos. Porém, o que mais surpreende são os  muitos Judeus de renome que se manifestam, publicamente, contra o massacre deslanchado por Israel.


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Pairam dúvidas quanto a ter esgotado seu cacife o enigmático Vladimir Putin. Em economês se aplicaria a tese dos Lucros Cadentes; a cada passo a frente, Moscou perde  mais do que ganha. Apesar da derrubada do avião da Malaysian ter sido fruto de erro, acentuado por manter-se sua rota sobre zona de conflito onde vários aviões militares já vinham sendo derrubados, o custo político para os rebeldes e para Moscou é inegável. A gradual escalada das sanções Norte Americanas e Europeias começam a ferir a economia Russa, já combalida. Está na hora de Vladimir Putin recolher suas peças.


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Shangai
Sem dúvida a China prossegue em sua ascenção espetacular (não parece merecer outro adjetivo). Contudo este crescimento reflete a criação de bolhas, cuja solução impõe cautela e prudência e, ainda, urgência. A bolha imobiliária parece ser incontestável; o número de prédios vazios nas cidades chinesas assusta os mais otimistas. A mais grave, contudo, seria a do endividamento, tendo por origem os governos regionais. Analistas internacionais identificam o preocupante nível das dívidas em relação ao PIB de 8,5 trilhões de dólares, que se situaria em tôrno de 260%. Por outro lado, suas reservas de perto de 4,5 trilhões de dólares lhe permitiriam o tempo para o ajuste.





segunda-feira, 28 de julho de 2014

Um pouco de política externa

Poder-se-ia dizer que a política externa tem dois componentes. Aquele que deriva dos interesses permanentes da Nação, e os que são consequência das preferências do governo no poder.

A qualidade, medida em benefício nacional,  do nosso relacionamento internacional será determinada pela obediencia à  linha mestre que define os interesses permanentes da Nação, assim estabelecendo limites às iniciativas externas (geralmente com objetivos internos) desejadas pelo(s) partido(s) no poder.

Seria razoavel, talvez, afirmar que a política externa se resume em fazer com que outras nações ajam na direção de nosos interesses, ou, ainda, que impeça que nações tomem iniciativas contrárias a estes interesses.

A enorme importância do Itamaraty é, dentre outras tarefas, fazer ver aos sucessivos governos que os projetos de politica externa deste ou aquele líder não venham comprometer a doutrina-base, a prioridade mór.

Se assim não fosse, a continua alteração de rumo da política externa brasileira, ao sabor de preferências politico-partidárias, traria sério prejuizo à Nação, uma vez que a resultante volatilidade retiraria a confiabilidade, e o consequente respeito, que outras nações nos dedicariam. Com a perda de confiablidade e respeito, a capacidade de influir sobre as demais nações, naquilo que fosse do interesse nacional, seria prejudicada.

Apesar de sua extensão continental e grande população, o Brasil é um país fraco, sem infraestrutura, sem educação, sem saúde que lhe coloque dentre as potencias que dominam o planeta, seja comercialmente, seja militarmente. Nossa capacidade de transformar nosso potencial humano e economico em poder efetivo ainda está distante. Por consequencia, nossa política externa, não podendo exercer o poder militar e/ou economico como elemento persuasório, deve maximisar seu "Soft Power". Neste sentido, o país tem na defesa da Paz e da Concórdia uma de suas principais armas.

Ainda, devido a sua fraqueza relativa, ao Brasil convém privilegiar as negociações multilaterais, onde a imposição de eventual força contrária aos nossos interesses se veja parcialmente diluida. Para potencializar nossa influencia nestes congressos, tornou-se conveniente priorizar a cooptação do maior numero de nações para que, nas decisões de natureza plenária, possamos nos beneficiar de crescente presença. Para dar substância a esta meta, iniciativas políticas, econômicas e comerciais tornam-se necessárias.

Contudo, as grandes questões são resolvidas pelas grandes potencias, com quem devemos priorizar o bom relacionamento. Nestes casos, a confrontação é anátema. Desafiar ou contrariar interesses poderosos podem trazer alto custo ao país. Tais questões, sobretudo as de cunho político, são de extrema sensibilidade, sua contestação podendo redundar em represália nos setores politico e econômico, onde nossa vulnerabilidade é manifesta.

O que vai acima pretende acentuar a necessidade de análise isenta e abrangente, onde os conselhos do Itamaraty se sobreponham aos do Sr. Marco Aurélio Garcia. O governo da Sra. Dilma Roussef deve cuidar para que suas preferências políticas não colidam com as do Brasil.


domingo, 27 de julho de 2014

Uma visão moral contra a imoralidade da violência

Para os leitores desta coluna, recomenda-se, enfáticamente, a leitura do que segue. O autor, sem abandonar sua fidelidade à Israel, abraça uma visão mais ampla, mais inclusiva, tendo por meta os verdadeiros interesses do Estado de Israel. Remete àqueles que buscam e apoiam a violência e a penuria moral.



Por David Grossman, Escritor Judeu,  colaborador do N.Y Times
Reprodução de parte (devido à extensão do artigo) do artigo publicado no New York Times em 27 de Julho, 2014 

...Inside the bubble, who can fault Israelis for expecting their government to do everything it can to save children on the Nahal Oz kibbutz, or any of the other communities adjacent to the Gaza Strip, from a Hamas unit that might emerge from a hole in the ground? And what is the response to Gazans who say that the tunnels and rockets are their only remaining weapons against a powerful Israel? In this cruel and desperate bubble, both sides are right. They both obey the law of the bubble — the law of violence and war, revenge and hatred.

...Since I cannot ask Hamas, nor do I purport to understand its way of thinking, I ask the leaders of my own country, Prime MinisterBenjamin Netanyahu and his predecessors: How could you have wasted the years since the last conflict without initiating dialogue, without even making the slightest gesture toward dialogue with Hamas, without attempting to change our explosive reality? Why, for these past few years, has Israel avoided judicious negotiations with the moderate and more conversable sectors of the Palestinian people — an act that could also have served to pressure Hamas? Why have you ignored, for 12 years, the Arab League initiative that could have enlisted moderate Arab states with the power to impose, perhaps, a compromise on Hamas? In other words: Why is it that Israeli governments have been incapable, for decades, of thinking outside the bubble?

... Many Israelis who have refused to acknowledge the state of affairs are now looking into the futile cycle of violence, revenge and counter-revenge, and they are seeing our reflection: a clear, unadorned image of Israel as a brilliantly creative, inventive, audacious state that for over a century has been circling the grindstone of a conflict that could have been resolved years ago.

...Will a similar comprehension emerge on the other side, in Hamas? I have no way of knowing. But the Palestinian majority, represented byMahmoud Abbas, has already decided in favor of negotiation and against terrorism. Will the government of Israel, after this bloody war, after losing so many young and beloved people, continue to avoid at least trying this option? Will it continue to ignore Mr. Abbas as an essential component to any resolution? Will it keep dismissing the possibility that an agreement with West Bank Palestinians might gradually lead to an improved relationship with the 1.8 million residents of Gaza?

... I believe that Israel still contains a critical mass of people, both left-wing and right-wing, religious and secular, Jews and Arabs, who are capable of uniting — with sobriety, with no illusions — around a few points of agreement to resolve the conflict with our neighbors.


... If we do not do this, we will all — Israelis and Palestinians, blindfolded, our heads bowed in stupor, collaborating with hopelessness — continue to turn the grindstone of this conflict, which crushes and erodes our lives, our hopes and our humanity.

O Capital e a Política




A evolução tecnológica da mídia aliada à evolução do marketing no processo eleitoral tem colocado o dinheiro como elemento imprescindivel para o sucesso nas urnas. Supera, em muito, o teor das plataformas e até mesmo das dúbias promessas que poluem o processo democrático. Se a mensagem engendrada para chegar a vitória não atingir os mais recônditos espaços da geografia eleitoral, corre-se o risco da derrota.

Para a obtenção deste capital, caminho essencial para o poder, atropela-se o bom senso e a ética, bens abstratos necessários à sociedade e à nação, mas, por vezes,  supérfluos para aqueles que a querem dominar. Estimula-se, ainda, o crescente apelo à corrupção, seja para buscar, seja para repor o capital investido nas campanhas.

Os exemplos são internacionais. Começando por nossa própria casa, temos o episódio do Mensalão onde a imperiosa busca pelo financiamento das campanhas milionárias encontra a mais solerte das justificativas, onde o mal presente será compensado pelo  bem futuro, isto é, pelo exercício do poder por este ou aquele partido. Artifícios, legais ou criminosos, são mobilizados para conspurcar a necessária pureza do voto individual. Apesar da criação do instituto da “Ficha Limpa”, este torna-se inócuo face a infindável chicana que  decorre do Código Processual. A exigência de “transitado em julgado” faz com que o objetivo saneador adquira o tom de fantasia.

Nos Estados Unidos vê-se, também, preocupante contaminação do processo democrático.  Por decisão da sua mais alta Côrte, a empresa adquire personalidade de pessoa física para fins de financiamento de campanha. Desta forma, a contribuição financeira para fins eleitorais, antes limitada à pessoa física foi deturpada por considerar  a pessoa jurídica como se individuo fosse. Ainda, a propaganda eleitoral, antes limitada, hoje tem, na prática, suas fronteiras abolidas por artifícios aprovados, ainda, pela Supreme Court.  Desta forma, gradativamente, transfere-se o poder político às empresas, onde  a base da manifestação eleitoral, o interesse cívico do eleitor, é atropelado e desviado pelo interesse comercial que, por necessidade,  rege o estamento empresarial.

Já na França,  Nicholas Sarkozy  vê-se envolvido com duvidosos fundos de campanha. Acusado pela promotoria pública por influenciar ilegalmente a milionária senil, Mme. Bettencourt, dona da L’Oreal, extraindo, assim, contribuição para sua campanha, o presidente Francês se vê em apuros.  Como se não bastasse, o partido UMP, comandado por seu pupilo Jean François Coppé, embaralhou as contas, embrenhando-se em contabilidade paralela e  suspeita, o que lhe valeu a defenestração do cargo. Interventores foram nomeados. Compra de submarinos já emergiu, trazendo consigo acusações de kick-backs, ainda, para fins de campanha.

Os sinais, internacionais e evidentes, da deterioração da democracia universal que se vê substituída pela democracia seletiva, onde o lema  “um homem um voto” é substituído por “Muitas moedas,  muitos votos”, promete alterar seu perfil qualitativo. Esta gradual, porém incontida  alteração de valores, não só políticos, mas também sociais e morais, haverá de deturpar o princípio fundamental  do Bem Comum, que cimenta o contrato sócio-político das nações.

Esta circunstância decorre e converge com a crescente concentração de renda, transferindo, excessivamente,  o poder efetivo para o topo da pirâmide social, assim provocando o esgarçamento da solidariedade cívica, fator essencial à estabilidade dos valores e das Instituições. Causa, também, movimentos opostos, de rebeldia contra a excessiva transferência de poder, cujas conseqüências poderão ser mais graves do que as imperfeições que ora se manifestam.

O modernismo democrático-monetário que aflora, distancia-se da emergência dos Iluministas, da Revolução Francesa e da notável Constituição Norte Americana., e parece trazer consigo o germe da auto-destruição.


sábado, 26 de julho de 2014

Comentários recebidos sobre o conflito no Oriente Médio

(Especial atenção para o enorme interesse que este assunto desperta)

Concordo plena e incondicionalmente com o brilhante conteúdo do seu blog sobre Gaza e palmas, muitas palmas, para o excelente artigo de Nathan Thrall publicado no New York Times.
 Forte abraço, Sergio   

             É sempre um enorme prazer ler os seus textos tão bem elaborados, sucintos e informativos.
             O que está acontecendo em Gaza é inadmissível e chocante!!! Embora possamos compreender que o dia à dia do cidadão comum israelense também não é nada fácil, nada justifica o genocídio que está acontecendo diante de um mundo que, simplesmente, cruza os braços...
             Confesso que até agora não entendi direito a questão da Ucrânia, por isso, não tenho opinião formada. Não tenho lido o suficiente e com o pouco conhecimento que tenho, me parece que o conflito remonta às origens desses povos, sendo assim uma questão étnica na qual interesses geo-políticos financeiros estão imiscuídos...Enfim, preciso me informar melhor para não falar bobagerm!!!
             Regina

Caro Pedro   -   concordo.  No último programa do William Waack (Globo News Painel) um dos participantes disse que a gente deveria parar de contrapor os mais recentes malfeitos, para, simplesmente, comparar o que era a Palestina em 1948, em 1967 e hoje.  Está, evidentemente, desaparecendo.  E, a cada novo conflito, mingua um pouco mais.  Não se trata de responsabilizar quem começou a briga do momento, quem raptou, quem assassinou quem.  Trata-se de constatar o desaparecimento da nação palestina, ao longo dos anos. É terrivel.  E os Estados Unidos, onde Israel exerce imensa influência nos meios de comunicação e no congresso, não tem suficiente poder para intervir.
Maria Luiza.

Caríssimo Pedro,
a respeito de seu blog...em agosto de 2005 o The Economist- que  tem um razoavel bias antiIsrael , publicou a charge abaixo, junto com meu comentario  de então .Me enganei na previsão de maré changeante, é claro.
Vâo continuar morrendo jovens, na beira das estradas  ou atrás de lançadores de foguetes.
O conflito está tão contaminado por erros terríveis do passado- dos dois lados- e se acrescendo desde então de novos ingredientes ( o crescimento explosivo do fundamentalismo, a força crescente da direita eleitoreira em Israel, a falta de grandes lideranças no ocidente, os novos conflitos intrareligiosos nas vizinhanças...) que pensar em termos elevados no momento é pura utopia.
A meu ver o milagre pode ocorrer – e viria do lado de Israel- se surgir uma nova liderança forte e de direita. Só Begin poderia ter feito a paz com o Egito, só Nixon poderia ter reaberto com a China, só Sharon poderia ter iniciado a retirada dos territorios ocupados.
Vamos rezar juntos?
abr
cb
Gilberto escreveu: "David e Pedro Leitão da Cunha (saudades) concodo com ambos e digo mais. Um porta voz não pode ter autoridade (de um país) para falar de outra nação soberana. Isso é assunto para diplomatas de carreira."

Sergio escreveu: "Caro Pedro. A origem do envio dos mísseis não é a que vc registra."

Eugenio escreveu: "Uma incompetencia que muito nos pode custar.O constrangimento diplomatico provocado por essa atitude nos expõe,nos apequena ."

Yvonne escreveu: "Mas um chefe de estado tem que ter cuidado. Cortar relações com um pais ou chamar de volta embaixador omplica em ptoblems diplomáticos e o Brasil tem que ter cuidado com isso. Nesse caso melhor se abster. Todos sentimos pelas crianças palestinas

Lucia Beatriz escreveu: "Detestável foi o comentário de Israel!"

Pedro, concordo plenamente, Gostei muito do seu texto.
 Christa Bohnhof

Caro Pedro,
por ora, outras surpresas virão. Anão de um lado, seu Marco Aurélio de outro...
Tambem acho que uma mudança substantiva de  opinião pública em Israel  seria o primeiro grande  passo para se sair do impasse.
abr
Claudio

Foi sem dúvida o  foguetório do Hamas que deu inicio à festa.
Agora não são mais mísseis caseiros, é todo o estado de Israel passível de receber , aleatoriamente, um presente. Mìsseis de longo alcance provindos do Irã, túneis atravessando as fronteiras,  escudos humanos, no cease fire...
Continuo achando que houve, ao longo deste tempo todo , erros terríveis de ambos os lados. Já nos falamos disto. Mas na hora em que o desatino de um dos lados  atinge este nível, a resposta não pode ser outra. 
A respeito  da relação entre crítica a Israel   e  antisemitismo : entendo e concordo . É claro que é lícito discordar da política de estado de Israel ( isto faço eu tambem) sem pecha de antisemitismo. Mas  neste caso, delicado e particular, uma posição acaba por contaminar e reforçar a outra .
Abraço de sempre
Claudio

Catharina escreveu: "Que horror. Isso tudo é muito triste e muito complexo. É resultado de um ódio extremista estimulado e cultivado há décadas. A única esperança - e, no meu ponto de vista, a única forma eficaz de combater isso e se alcançar a paz e a tolerância religiosa - é a educação das crianças: escolas mistas, entre judeus e árabes, desde pequenos."

Muito bom texto. Gostei muito. Dá pra perceber que você escreve derramando a tua indignação. 
É inaceitável o faz de conta dos países "ricos" ao fingir que estão em busca da paz. Que paz? Infelizmente, só Kant ainda acredita nela. A geopolítica mundial é muito óbvia, só não vê que não quer ou não tem conhecimento para tanto. A vida humana vale muito pouco nesse jogo mundial. 
Zibi. 

Marianne escreveu: "o Guga jornalista esceveu:A melhor alternativa era a união do Hamas com o Fatah e o apoio ao governo tecnocrático na Autoridade Palestina, com o governo de Mahmmoud Abbas voltando a ter controle da Faixa de Gaza e aos poucos transformando este território em uma área similar à Cisjordânia. O bloqueio seria levantado paulatinamente e os salários dos funcionários públicos pagos. O processo de paz seria retomado e o Estado palestino poderia emergir em paz com Israel."








quinta-feira, 24 de julho de 2014

O anão diplomático

Agora sabemos. Somos um "anão diplomático". Do alto de sua estatura moral, Israel dixit. A revolta do governo Natanyahu é compreensível. Como se atreve o Brasil protestar contra o morticínio das crianças Palestinas? Afinal, os objetivos militares das "Forças de Defesa" ainda não foram atingidos, apesar das 700 mortes que se acumulam pelas ruas de Gaza.

No entanto, se nos lembrarmos do nascimento de Israel, recordaremos quando o Brasil, representado por Oswaldo Aranha na reunião plenária das Nações Unidas, ofereceu o primeiro voto que abriria suas portas ao novo estado Judeu. Também, como esforço relevante foi a participação dos soldados brasileiros na luta contra os exterminadores do Holocausto. Ainda, foram muitos os Judeus que encontraram no Brasil uma terra que lhes deu segurança e afeto, seja na fuga ao nazismo, seja deixando a Europa destroçada para trás.

Agiu bem o governo brasileiro ao chamar seu embaixador junto ao governo Israelense, para consultas. Foi uma manifestação de censura, concreta, face à evidente violação dos Direitos Humanos da população civil Palestina. Agiu mal, Tel Aviv, ao recorrer à epítetos raivosos e infantis que demonstram quão desnorteado está aquele governo, face às generalizadas críticas que merece da comunidade internacional.

Algum dia Israel, único a deter o poder para ditar os rumos futuros da Palestina, se dará conta que a ocupação, a violência, e a  opressão são seus piores inimigos.




segunda-feira, 21 de julho de 2014

A Banalização do Mal

508

Hoje, este foi o numero de mortos que se acumulam na minuscula Faixa de Gaza. Mortos por um dos mais poderosos exercitos, tendo por adversários militantes com rifles e rojões anti tanques. A disparidade de forças lembra um grupo de adultos batendo em criança. Falando em crianças, são muitas morrendo, seguindo o preceito Bíblico, olho por olho, dente por dente. No caso, centenas de olhos, centenas de dentes, por cada olho, por cada dente.

Netanyahu, desrespeitando como de hábito a lógica da cronologia, culpa os foguetes do Hamas, que só foram lançados em barragem inócua, depois de iniciada a ofensiva das suas "forças de defesa". Alega a precisão cirúrgica de seus mísseis, comprovada ao assassinar a familia, mulher e filhos, de um líder inimigo que em casa não estava. E, assim, a blitzkrieg se desdobra, inexorável.

Obama, ostentando seu prêmio Nobal da Paz, desfere tímidos murmúrios, quase súplicas, para que o sanguinário Bibi controle seus centuriões. A troco dos dólares que hão de eleger seus correligionários, vertidos de forma cuidadosa e calculada pelos financiadores ligados a Israel, o presidente cede, e concede o seu silêncio. Balbucia, "Israel tem que se defender".

Defende-se Israel daqueles que dominam, ocupam, humilham, ha mais de cinco décadas. Protege-se Israel da ira dos que morrem sob seu jugo. Reage Israel contra aqueles que lhes dão água e terra, cidades e campos, em troca de uma liberdade perdida que seus filhos não conhecerão.

Presencia-se a Banalização do Mal, que Hanna Arendt atribuia aos algozes dos Judeus. Irônicamente, aplica-se, agora, àqueles que morrem com tal frequência que o crime se esconde sob conveniente anestesia.

Até quando?



NR: Estas observações não são anti-semitas. Referem-se ao comportamento de um Estado, não de uma raça. Fosse o Estado Árabe-Semita, Germânico, Amarelo, Indú, ou Latino, mereceria as mesmas críticas.

sábado, 19 de julho de 2014

Visão isenta e elucidadora de situação complexa

NR: Com o intuito de melhor informar nossos leitores através deste blog gratuito, segue abaixo transcrição de artigo publicado no New York Times
em 17 de julho de 2014

‘’HOW THE WEST CHOSE WAR ON GAZA
Nathan Thrall is a senior analyst at the International Crisis Group covering Gaza, Israel, Jordan and the West Bank.
JERUSALEM — AS Hamas fires rockets at Israeli cities and Israelfollows up its extensive airstrikes with a ground operation in the Gaza Strip, the most immediate cause of this latest war has been ignored: Israel and much of the international community placed a prohibitive set of obstacles in the way of the Palestinian “national consensus” government that was formed in early June.
That government was created largely because of Hamas’s desperation and isolation. The group’s alliance with Syria and Iran was in shambles. Its affiliation with the Muslim Brotherhood in Egyptbecame a liability after a July 2013 coup replaced an ally, President Mohamed Morsi, with a bitter adversary, Gen. Abdel Fattah el-Sisi. Hamas’s coffers dried up as General Sisi closed the tunnels that had brought to Gaza the goods and tax revenues on which it depended.
Seeing a region swept by popular protests against leaders who couldn’t provide for their citizens’ basic needs, Hamas opted to give up official control of Gaza rather than risk being overthrown. Despite having won the last elections, in 2006, Hamas decided to transfer formal authority to the Palestinian leadership in Ramallah. That decision led to a reconciliation agreement between Hamas and the Palestine Liberation Organization, on terms set almost entirely by the P.L.O. chairman and Palestinian Authority president, Mahmoud Abbas.
Israel immediately sought to undermine the reconciliation agreement by preventing Hamas leaders and Gaza residents from obtaining the two most essential benefits of the deal: the payment of salaries to 43,000 civil servants who worked for the Hamas government and continue to administer Gaza under the new one, and the easing of the suffocating border closures imposed by Israel and Egypt that bar most Gazans’ passage to the outside world.
Yet, in many ways, the reconciliation government could have served Israel’s interests. It offered Hamas’s political adversaries a foothold in Gaza; it was formed without a single Hamas member; it retained the same Ramallah-based prime minister, deputy prime ministers, finance minister and foreign minister; and, most important, it pledged to comply with the three conditions for Western aid long demanded by America and its European allies: nonviolence, adherence to past agreements and recognition of Israel.
Israel strongly opposed American recognition of the new government, however, and sought to isolate it internationally, seeing any small step toward Palestinian unity as a threat. Israel’s security establishment objects to the strengthening of West Bank-Gaza ties, lest Hamas raise its head in the West Bank. And Israelis who oppose a two-state solution understand that a unified Palestinian leadership is a prerequisite for any lasting peace.
Still, despite its opposition to the reconciliation agreement, Israel continued to transfer the tax revenues it collects on the Palestinian Authority’s behalf, and to work closely with the new government, especially on security cooperation.
But the key issues of paying Gaza’s civil servants and opening the border with Egypt were left to fester. The new government’s ostensible supporters, especially the United States and Europe, could have pushed Egypt to ease border restrictions, thereby demonstrating to Gazans that Hamas rule had been the cause of their isolation and impoverishment. But they did not.
Instead, after Hamas transferred authority to a government of pro-Western technocrats, life in Gaza became worse.
Qatar had offered to pay Gaza’s 43,000 civil servants, and America and Europe could have helped facilitate that. But Washington warned that American law prohibited any entity delivering payment to even one of those employees — many thousands of whom are not members of Hamas but all of whom are considered by American law to have received material support from a terrorist organization.
When a United Nations envoy offered to resolve this crisis by delivering the salaries through the United Nations, so as to exclude all parties from legal liability, the Obama administration did not assist. Instead, it stood by as Israel’s foreign minister, Avigdor Lieberman, called for the envoy’s expulsion on the grounds that he was “trying to funnel money” to Hamas.
Hamas is now seeking through violence what it couldn’t obtain through a peaceful handover of responsibilities. Israel is pursuing a return to the status quo ante, when Gaza had electricity for barely eight hours a day, water was undrinkable, sewage was dumped in the sea, fuel shortages caused sanitation plants to shut down and waste sometimes floated in the streets. Patients needing medical care couldn’t reach Egyptian hospitals, and Gazans paid $3,000 bribes for a chance to exit when Egypt chose to open the border crossing.
For many Gazans, and not just Hamas supporters, it’s worth risking more bombardment and now the ground incursion, for a chance to change that unacceptable status quo. A cease-fire that fails to resolve the salary crisis and open Gaza’s border with Egypt will not last. It is unsustainable for Gaza to remain cut off from the world and administered by employees working without pay. A more generous cease-fire, though politically difficult for Prime Minister Benjamin Netanyahu, would be more durable.
The current escalation in Gaza is a direct result of the choice by Israel and the West to obstruct the implementation of the April 2014 Palestinian reconciliation agreement. The road out of the crisis is a reversal of that policy.’’


sexta-feira, 18 de julho de 2014

Febre alta na Ucrânia

Abater avião comercial é coisa inadmissível. Já aconteceu no passado, quando um cruzador norte americano abateu um avião de passageiros da Iranian Airlines, que sobrevoava o Golfo Pérsico. Pairam dúvidas, também, sobre o fatal destino de outro avião da Malaysia Air, desaparecido sem deixar traços. Suspeita-se que tenha sido abatido. Por quem?

Assim, conquanto o opróbio internacional se justifica, a alocação de responsabilidades torna-se mais complexa. Seguindo um ritmo já consagrado, de culpar a Rússia por tudo que ocorre naquela região, Barack Obama ja emitiu seu veredito, atribuindo à Moscou o peso da culpa. Vários argumentos são levantados: conversas telefônicas captadas por Kiev e origem russa do armamento (todas as armas na Ucrânia, seja do lado que for, tem por origem a Rússia). Já a CIA diz ter sólidos indícios da participação Russa. Moscou nega qualquer interferência no assunto.

Na verdade, de acordo com a prudente Angela Merkel, é cedo para apontar os sôfregos dedos da culpabilidade. A calma deve prevalecer. Os rebeldes, constante e maliciosamente referidos como "pró Rússia" são, na realidade pró autonomia, e já entenderam que Putin não quer incorporá-los ao seu país. No entanto a continua referência serve no jogo, cada vez mais óbvio, da grande mídia a serviço de objetivos de política externa.

Aumentar a temperatura do contencioso poderá trazer conseqüências inesperadas, assim como o recém passado deu a Moscou, de mão beijada, a Crimeia. As sanções, até agora tênues a ponto de desmoralizar quem as aplica, e não quem as sofre, são, na prática, descartáveis. Aumentá-las, sem cuidadosa análise, caso prejudiquem a economia Russa, tornar-se-a perigoso.

Recomenda-se a Barack Obama bem examinar os trunfos que a Rússia detêm, tanto na Europa, como no Ártico, como na Ásia. O domínio sobre as fontes de energia da Europa Ocidental não deve ser menosprezado. A aliança que vem se fortalecendo entre Rússia e China, se estimulada pelo medo, poderá trazer conseqüências de médio prazo no equilíbrio de forças planetário. Áreas como as repúblicas da Ásia Central, Georgia, Irã e até mesmo o Afeganistão poderão sofrer desestabilização favorável a Moscou. Influências negativas podem ocorrer no Oriente Médio. Terá que pensar, também, até que ponto a fidelidade das alianças Europeias superarão as dificuldades que elas lhes poderão trazer.

Mais vale Washington refletir sobre já ter passado o tempo quando suas decisões desprezavam as possíveis conseqüências negativas. Mais vale valorizar o diálogo entre Ucrânia, Rebeldes, Ocidente e Rússia. Urge suspender, de pronto, toda ação armada, cujos incontroláveis resultados são evidentes.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Os BRICS tomam forma


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No rescaldo da Copa do Mundo emerge a visão de uma nova formulação internacional. Não uma nova potência nascendo, porém  mais uma alternativa surge para o Brasil. Sem abandonar os laços políticos e econômicos com os Estados Unidos e Europa, a reunião dos BRICS começa a ter contornos práticos, começa a conquistar credibilidade.

A presença de Xi Jinping, não apenas em Fortaleza mas, também, dirigindo-se ao Congresso brasileiro, oferece a medida de seu engajamento neste projeto. Não é desprezível a franca visibilidade do presidente da nação que na próxima década tornar-se-á primo inter pares no xadrês internacional. No entanto,  vantagens podem ser esperadas no eixo Brasilia-Pequim, sendo menos nítidos os benefícios para o Brasil nas relações com os demais países do grupo.

Validando a formação deste novo bloco, a China não ignora a tensão que seu singular crescimento econômico causa nas relações com Estados Unidos. Estes, considerando-se potência Asiática, vêem na expansão Chinesa uma nítida ameaça a sua liderança no Pacífico e seus mares litorâneos. Preocupam-nos a latente ameaça a seus aliados, o Japão, a Coreia do Sul, Taiwan e as Filipinas. Na medida em que a economia Chinesa, impulsionando seu comércio internacional adquire preponderância planetária, Pequim não poderá confiar no abastecimento vindo de regiões sob domínio econômico e político de Washington, caso ocorram disputas diplomáticas e potenciais sanções econômicas. Assim, necessário se torna diversificar e ampliar.

Do ponto de vista militar, como proteção às  extensas rotas marítimas, onde flui seu comercio exterior, pode-se prever a ampliação de sua marinha de guerra, tornando-a,  se não igual à Norte Americana, suficientemente importante para acentuar tensões políticas.  Assim, terá nos países dos BRICS (com a possível abstenção da Índia) fontes confiáveis e diversificadas e no mínimo neutras, que garantam seu abastecimento.

Neste quadro, o Brasil, pela sua extensão geográfica e demográfica exerce uma natural influência sobre os rumos da America do Sul, assim abrindo portas políticas e comerciais para os demais países da região. Ainda, sua riqueza mineral e sua relevante produção agrícola propicia à China fonte confiável de insumos relativamente isenta de constrangimentos  políticos. A evolução de seu mercado consumidor é, também, elemento positivo na equação que se constrói. Finalmente, a natural propensão brasileira para um caminho neutro e eqüidistante em sua política externa, deverá tranqüilizar a China quanto à confiabilidade e continuidade do fluxo comercial.

A criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS parece ser uma viga a mais na construção de uma “zona do Yuan”. É evidente, para Pequim, o domínio Norte Americano sobre o fluxo financeiro internacional e suas conseqüências comerciais e políticas. A par de tratados já existentes de uso recíproco de moedas asiáticas, lideradas pelo Yuan, é provável que o mesmo venha ocorrer, ainda que paulatinamente, dentre os participantes dos BRICS. No entanto, nenhum projeto parece, no momento, apto a retirar do dólar o status de moeda de reserva internacional.

Seria ingênuo ignorar, contudo,  que o comando do nascente bloco estará em Pequim. Da China pode-se esperar flexibilidade no campo político, mas dificilmente transigirá no campo comercial. Seu projeto de crescimento econômico, imposto pela avassaladora realidade demográfica, onde ainda 500 milhões de Chineses precisam chegar ao mercado consumidor, dificilmente permitirá artificialismos e benesses a seus parceiros do BRICS. Do lado positivo, porém, poderá o Brasil atrair grandes investimentos estruturais e empresariais, sobre tudo naqueles que convirjam para maior eficiência e eficácia do processo exportador.

Outro caveat esconde-se nos biombos da diplomacia. Uma associação de países, uma vez institucionalizada, dificilmente evitará armadilhas que um episódico consenso poderá trazer.  As declarações recém divulgadas, em prol do cessar-fogo em Gaza e Ucrânia, inatacáveis na sua essência, possivelmente causarão desconforto quanto a sua oportunidade.



domingo, 13 de julho de 2014

A Copa e os seus bastidores




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Creio ser do interesse de nossos leitores os comentários de Romario. É uma opinião que parece bem embasada, redigida por um excepcional profissional do ramo e cuja atuação no Congresso tem sido respeitável. Segue o texto:




Galera,
passado o luto das primeiras horas seguidas da derrota, vamos ao que verdadeiramente interessa! Quem tem boa memória, vai lembrar da minha frase: Fora de campo, já perdemos a Copa de goleada!
Infelizmente, dentro de campo, não foi diferente.
Ontem foi um dia muito triste para nosso futebol. Venceu o melhor e ninguém há de questionar a superioridade do futebol alemão já há alguns anos. Ainda assim, o mundo assistiu com perplexidade esta derrota, porque nem a Alemanha, no seu melhor otimismo, deve ter imaginado essa vitória histórica.
Porém, se puxarmos da memória, vamos lembrar que nossa seleção já não vinha apresentando nosso melhor futebol há muito tempo. Jogamos muito mal. Infelizmente, levamos sete e, por mais que isso cause mal-estar, devemos admitir que a chuva de gols foi apenas reflexo do pânico, da incapacidade de reação dos nossos jogadores e da falta de atitude do treinador de mudar o time.
Vivemos uma crise no nosso esporte mais amado, chegamos ao auge dela. Acha que isso é problema só dos jogadores ou do Felipão? Nem de longe.
Nosso futebol vem se deteriorando há anos, sendo sugado por cartolas que não têm talento para fazer sequer uma embaixadinha. Ficam dos seus camarotes de luxo nos estádios brindando os milhões que entram em suas contas. Um bando de ladrões, corruptos e quadrilheiros!
O meu sentimento é de revolta.
Estou há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um patrimônio de altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira, nossas cores e, o mais importante, nosso material humano, nossos jogadores. Porque não se iludam, futebol é negócio, business, entretenimento e move rios de dinheiro. Nunca tive o apoio da presidenta do País, Dilma Rousseff, ou do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Que todos saibam: já pedi várias vezes uma intervenção política do Governo Federal no nosso futebol.
Em 2012, eu apresentei um pedido de CPI da CBF, baseado em um série de escândalos envolvendo a entidade, como o enriquecimento ilícito de dirigentes, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verba do patrocínio da empresa área TAM. O pedido está parado em alguma gaveta em Brasília há dois anos. Em questionamento ao presidente da Câmara dos Deputados, sr. Henrique Eduardo Alves, mas ouvi como resposta que este não era o melhor momento para se instalar esta CPI. Não concordei, mas respeitei a decisão. E agora, presidente, está na hora?
Exceto por um vexame como o de ontem, o Brasil não precisaria se envergonhar de uma derrota em campo, afinal, derrotas fazem parte do esporte. Mas vergonha mesmo devemos sentir de ter uma das gestões de futebol mais corruptas do mundo. A arrogância dessa entidade é tão grande que até o chefe da assessoria de imprensa chega ao absurdo de bater em um atleta de outra seleção, como fez o Rodrigo Paiva contra um jogador do Chile Pinilla. Paiva pegou quatro jogos de suspensão e foi proibido de acessar o vestiário dos jogadores. Este ato foi muito simbólico e diz muito sobre eles. O presidente da entidade, José Maria Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice, recentemente foi detido, investigado e indiciado pela Polícia Federal por possíveis crimes contra o sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. São esses que comandam o nosso futebol. Querem vergonha maior que essa?
Marin e Del Nero tinham que estar era na cadeia! Bando de vagabundos!!!
A corrupção da CBF tem raízes em todos os clubes brasileiros, vale lembrar que são as federações e clubes que elegem há anos o mesmo grupo de cartolas, com os mesmos métodos de gestão arcaicos e corruptos implementados por João Havelange e Ricardo Teixeira e mantidos por Marin e Del Nero. Vale lembrar, que estes dois últimos mudaram o estatuto da entidade e anteciparam a eleição da CBF para antes da Copa. Já prevendo uma possível derrota e a dificuldade que eles teriam de se manter no poder com um quadro desfavorável.
E os clubes? Sim, eles também são responsáveis por essa crise. Gestões fraudulentas, falta de investimento na base, na formação de atletas. Grandes clubes brasileiros estão falindo afogados em dívidas bilionárias com bancos e não pagamentos de impostos como INSS, FGTS e Receita Federal.
E toda essa má gestão que tem destruído o nosso futebol, infelizmente, tem sido respaldada há anos pelo Congresso Nacional com anistias e mais anistia destes débitos. Este ano tivemos mais um projeto desses vexatórios para salvar os clubes. Um projeto que previa que clubes pagassem apenas 10% de suas dívidas e investissem 90% restante em formação de atletas. Parece até deboche. Uma soma de aproximadamente R$ 4 bilhões ou muito mais, não se sabe ao certo. Corajosamente, o deputado Otávio Leite, reconstruiu o texto e apresentou uma proposta honesta estruturada em responsabilidade fiscal, parcelamento de dívidas e a criação de um fundo de iniciação esportiva, com obrigações claras para clubes e CBF.
Em resumo, a nova proposta além de constituir a Seleção Brasileira de Futebol e o Futebol Brasileiro como Patrimônio Cultural Imaterial – obrigava a CBF a contribuir com alíquota de 5% sobre as receitas de comercialização de produtos e serviços proveniente da atividade de Representação do Futebol Brasileiro nos âmbitos nacional e internacional. O tributo também incidiria sobre patrocínio, venda de direitos de transmissão de imagens dos jogos da seleção brasileira, vendas de apresentação em amistosos ou torneios para terceiros, bilheterias das partidas amistosas e royalties sobre produtos licenciados. O valor seria destinado a um fundo de iniciação esportiva para crianças e jovens de todo o Brasil. Esses e outros artigos dariam responsabilidade à CBF, punição à entidades e outros gestores do futebol, a CBF estaria sujeita a fiscalização do TCU e obrigada a ter participação de um conselho de atletas nas decisões.
Mas este texto infelizmente não foi para a frente. Sete deputados alemães fizeram os gols que desclassificaram nosso futebol e nos tirou a chance de moralizar nosso esporte. Estes deputados, como todos sabem, fazem parte da Bancada da CBF, mudei o nome porque Bancada da Bola é muito pejorativo para algo que amamos tanto. Gosto de dar os nomes: Rodrigo Maia (DEM -RJ), Guilherme Campos (PSD-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), José Rocha (PR-BA) , Vicente Cândido (PT-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Valdivino de Oliveira (PSDB-GO).
Essa partida ainda pode ser revertida com a votação do projeto no Plenário da Câmara. Será que esses sete deputados voltarão a prejudicar o nosso futebol?
O futebol brasileiro tomou uma goleada e a derrota retumbante, infelizmente, não foi só em campo. Nem sequer tivemos o prazer de jogar no Maracanã, um templo do futebol mundial, reformado ao custo de mais de R$ 1 bilhão. Acha que foi porque não chegamos a final? Não. Poderíamos ter jogado qualquer outro jogo lá. A resposta disso é ganância e arrogância. É a CBF que escolhe onde o Brasil vai jogar, mas, obviamente, poderia ter tido interferência do Ministério do Esporte e da presidência da República, mas nenhum destes se manifestou. Quem levou com essas escolhas?
Para fechar com chave de ouro, a CBF expulsou do vestiário Cafú, capitão de seleção do pentacampeaonato. Cafú foi expulso do vestiário enquanto cumprimentava os jogadores ontem. Este é o retrato do nosso futebol hoje, não honramos a nossa história.
Dilma tem sim que entregar a taça para outra seleção. Este gesto será o retrato do valor que ela deu ao nosso futebol nos últimos anos! Eles levarão a taça e nós ficaremos com nossos estádios superfaturados e nenhum legado material, porque imaterial, mostramos para o mundo que com toda nossa dificuldade, somos um povo feliz.
Essa será a taça da vergonha.
Dep. Federal  ROMÁRIO