terça-feira, 26 de maio de 2015

As migrações e o Ocidente




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O noticiário revela, ininterruptamente, as tragédias que acompanham as ondas de emigrantes. O Mediterrâneo se transforma em esperança ou cemitério de milhares de seres na busca de refugio e melhores condições de vida. São eles impelidos pelas privações econômicas e pelas perseguições político/ideológicas. O mesmo acontece em outras partes do globo, onde, usando o mar como estrada para a redenção, os fugitivos arriscam futuro incerto.

Atraídos pela globalização da informação, pelas riquezas utópicas reveladas pelo cinema, pela internet e suas redes sociais, pela estabilidade política traduzida em paz e tranquilidade, estes homens, mulheres e crianças, num misto de imensa coragem e profundo sofrimento arriscam suas vidas pela chance de refazê-la. É gente que, contrariando a interpretação de muitos em países ricos, prova por sua atitude destemida não temer dificuldades nem desprezar o trabalho.  

No cenário Ocidental, duas fontes de refugiados sobressaem: a primeira o Oriente Próximo, seguida pela África Negra.

No caso da emigração majoritariamente  Árabe, preponderam os refugiados provenientes da Líbia, tornada um caos pela derrubada do ditador Khaddafi; pelos Sírios, fugindo da carnificina provocada  pelos fanáticos do Estado Islâmico, dos terroristas da Al Qaeda e pela ajuda dos Estados Unidos,  em dinheiro e armamento, à outras facções que, em ilógica aliança, levam a guerra ao governo de Haffez Al Assad;  pelos Iraquianos, abandonando suas casas e pertences após o desmonte do seu Estado pela invasão Bushiana. A estes se somam paquistaneses, afegãos, e outros.

Já, os africanos, vitimas de desesperança, fustigados por profunda pobreza e perseguidos por impiedosos governos,  vítimas de abissal iniquidade econômica, quase todos manipulados por potencias ocidentais, chegam ao fundo seco e árido de suas almas, e pouco abandonam quando partem para aquilo que pior não mais pode ser.

As nações anteriormente acolhedoras, necessitando mão de obra,  não mais o são. Pressionadas pelo rescaldo da Grande Recessão, a queda da atividade econômica e o alto desemprego reduziram a generosidade das nações desenvolvidas, substituída por crescente xenofobia. Os efeitos já se fazem sentir; o crescimento do Front National de Marine Le Pen, a vitória de David Cameron na Grã Bretanha, a reação das mais diversas nações europeias exacerbam o discurso político e aguça a hostilidade racial,  fragilizando os alicerces morais da União Européia, o mais importante projeto para a paz mundial já visto.

Ao observador lhe ocorrerá que a solução do problema migratório deverá surgir de iniciativas  simultâneas junto às duas faces da moeda; os países ricos receptadores, e aqueles pobres, ofertantes de mão de obra.

Berlim, Londres e Paris assim como Washington devem constatar que suas ambições e ações geopolíticas geram consequências que não se esgotam com a aparente resolução dos conflitos. Efeitos decorrerão das causas de domínio político, através de manobras que impedem a construção de instituições sólidas, democráticas ou não, que permitam o fortalecimento das nações emergentes, e não tão somente àquela formulação política  que, no momento, mais convenha à potência manipuladora. 

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