Dep Eduardo Cunha |
Pouco tem a ver, este protesto, com diferenças doutrinárias
ou divergências quanto a forma de governar. Mais tem a ver com não ter recebido
o PMDB o espólio político a que julga ter direito. Os vários partidos anões,
que se uniram ao protesto, comungam da mesma visão, a de que estão sendo
descartados de sua justa (?)
compensação.
Porém, alem das razões imediatistas e materialistas que move
o movimento rebelde, vale perguntar-se: porque agora? A ambição de seus
integrantes existe desde que para o Congresso foram conduzidos. Como se explica
a paciência que só agora se esgota?
Talvez, tenha-se
chegado às últimas gotas que transbordam o copo. Além das frustrações já
divulgadas, que outras se escondem? O mal estar que ronda a nação parece
indiscutível. O insucesso do projeto PT
torna-se cada vez mais visível, tornando sombrias as projeções para o ano
eleitoral. Sombrias, também, são as estimativas para os anos subseqüentes.
Tal quadro pouco estimula a continua cumplicidade do PMDB
com o PT. A crescente inflação, a crise energética, o aumento do endividamento
interno e externo, a perda de competitividade das exportações industriais, a
morosidade em fechar-se o hiato na infra-estrutura e outras insuficiências não
deixarão incólume o maior partido nacional. Torná-lo-ão partícipe do fracasso
que se anuncia.
Ao abrir-se esta rachadura na até então inviolável muralha construída
por ideólogos e cleptólogos, cabe o grito dos combatentes de antão: À brecha! À
brecha! Será que o matreiro Aécio Neves e o agressivo Eduardo Campos saberão
aproveitar-se?
Deve a oposição buscar a multiplicação do fato político que
hoje caracteriza as eleições do Estado do Rio. Sérgio Cabral, inconformado com
o avanço Petista em seu território, busca alianças de seu PMDB com outras
forças opositoras ao Planalto. A extensão desta querela a outros estados poderá
criar as condições que levem ao segundo turno o pleito presidencial. No segundo
turno Dilma pode perder.
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