segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Uma nova ordem no Oriente Médio?


Irã


O caminho da Paz parece ter sido aberto. Europeus, Iranianos e, sobretudo norte-americanos chegam a acordo sobre os passos a trilhar em direção à concórdia. Essencialmente, as exigências Ocidentais foram aceitas por Teerã, onde a suspensão de enriquecimento do urânio fica estabelecida, salvo o limite permitido para fins pacíficos. Mediante inspeções internacionais satisfatórias, a cada seis meses novas etapas do acordo serão cumpridas, com a correspondente redução das sanções econômicas ora impostas ao Irã. Mas vale ressaltar; foi apenas um primeiro passo, a ser seguido por várias reuniões onde, pouco a pouco, na medida em que se estabeleça um clima de confiança mútua, as partes chegarão a bom fim.

Desta vez, prevaleceu a política externa de Barack Obama, que, com sucesso,  buscou no estrangulamento econômico a arma que fez dobrar o regime dos Aiatolás. Parafraseando Winston Churchill, não é o fim do começo, mas,  o começo do começo.

Porém, a satisfação com este estado de coisas está longe de ser unânime, especialmente no Oriente Médio.  Preliminarmente,  Israel repudia qualquer espécie de acordo, afirmando que somente a solução militar interromperá a escalada nuclear Iraniana.  Tem por aliados os emirados Sunitas do Golo Pérsico, estes liderados pela Arábia Saudita. Depois de visita a líderes Europeus, onde sua tese bélica foi rechaçada, o Premiê Israelense,  volta-se para os Estados Unidos. Exercendo  surpreendente, porém explicável, domínio sobre o Congresso norte-americano, obtem seu apoio contra a iniciativa diplomática de Obama. Insufla o parlamento yankee  para o  aumento das sanções econômicas justo no momento em que o Irã parece ceder.  Evidencia-se, assim, constrangedora interferência de Estado  estrangeiro nos assuntos internos e determinações políticas do governo Americano.

Não surpreende, portanto, que nova visão estratégica esteja tomando forma na Casa Branca, onde as influências externas no Oriente Médio sejam re-arrumadas. Busca o governo maior liberdade de atuação naquela região, desvencilhando-se da camisa de força a que vem sendo submetido por Tel Aviv. O desenrolar pacífico deste contencioso poderá trazer a Washington consideráveis benefícios estratégicos:
1.       
           Colaborar para a  solução do conflito Afegão, onde Teerã  exerce forte influencia no  Oeste de seu vizinho,
2.                 Ajudar na solução da guerra civil Síria pela redução do apoio armado em troca de acordo pacífico que neutralize a Al Qaeda,
3.            Atenuar a hostilidade mútua entre Israel e o Sul do Líbano, dominado pelo Hezbollah,
4.                 Contrapor a influência Xiita à preponderância Sunita, berço  do terrorismo Islãmico internacional,
5.                  Liberar a produção e comercialização petrolífera Iraniana (quarto produtor mundial) reduzindo preços e influências excessivas dos reinos da península Arábica.
6.                  Desarmar o Golfo Pérsico  e o estreito de Ormuz, permitindo a realocação de consideráveis recursos militares (sobretudo da Marinha norte-americana) para o teatro asiático.


N.R.  Difícil é ignorar-se  a proposta conjunta de Turquia e Brasil para solução deste contencioso, que em pouco difere do recém Acordo de  Genebra.

Um comentário:

Felipe Lampreia disse...

Pedro,
Desculpe,Pedro, mas a proposta do Brasil/Turquia não tinha nada a ver.Versava apenas sobre o estoque de urânio enriquecido que iria para fora do país.Não falava em fechamento da usina de plutônio de Arak, nem no congelamento das centrífugas ,nem no enriquecimento militado a 5% nem em suspensão de sanções ao Irã.Era outro animal e por isso foi recusado terminantemente por todas as grandes potências embora saudado pelo Irã,pois mantinha seu programa militar intacto.
abraços Luiz Felipe