sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Le Cafard

Por vezes encontramos em idiomas longínquos a palavra que nos falta para denotar a angustia que nos assalta. Achei no "cafard" francês aquele sentimento de desânimo, tristeza que submerge, tanto o físico quanto o mental. É aquele sentimento de mergulho nas profundezas da lassitude, angustia e decepção, de onde a libertação torna-se lenta e sofrida. Por hábito, aplica-se à relação d'um homem e uma mulher; por vezes envolve o cidadão e sua Pátria.

A ele aplica-se hoje, pois por onde olhe poucos sinais de esperança lhe resta. Afora o Supremo Tribunal Federal, onde a lisura é preponderante, pouco respeito evocam as demais instituições.

O Executivo parece ter perdido o rumo que o bem estar da nação exige. O imediatismo eleitoral atropela a noção do dever, deturpando a missão de bem governar. Inflação, gastos do governo (desperdício) em constante alta, impostos leoninos sem contrapartida, aumento da dívida pública, perda de competitividade internacional, infraestrutura sem manutenção ou inexistente e muitas outras deficiências ferem fundo a Nação.

O exemplo da Petrobrás é emblemático do desnorteamento que assalta as autoridades. Prejudica-se a maior empresa brasileira como se fora mero instrumento de política eleitoral. Vê-se ameaçada na  sua integridade a troco de falso combate à inflação. Pagam o preço os acionistas, grandes e pequenos,  os trabalhadores, pelas imensas perdas nos mais diversos fundos de pensão e previdência, o cidadão, ao constatar e sofrer os prejuízos patrimoniais da Nação.

No Congresso impera o auto-interesse, onde a  Nação parece ser relegada a segundo plano. As notícias infindáveis de falcatruas e fraudes, salários e benesses parecem deixar em modesta minoria aqueles representantes honestos e responsáveis. A presença na crônica policial é intensa e degradante.

As notícias que envolvem a atividade empresarial, em muitas vezes, acompanham a fragilização ética que se observa no Governo. Não é rara a cumplicidade que envolve os dois setores, público e privado. Por vezes, a propina é condição do negócio, em outras, ela é o estimulo.

Constata-se, no Brasil de hoje, a disseminação dos padrões amorais, onde a ganância domina, e a ostentação é o seu prêmio. Defende-se a busca do lucro e do dinheiro a qualquer preço como virtude. Mas não pensem, tais iluminados, que a ganancia seja estanque. Pelo contrário, derrama-se sociedade afora, afogando os princípios éticos. Tem por filha bastarda a corrupção do próprio ser.




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