domingo, 22 de janeiro de 2017

Uma nova America

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A julgar pelo discurso de Donald Trump na inauguração de seu mandato, o mundo, doravante, será outro.

Sua primeira frase revela o desprezo que nutre pelas instituições democráticas de seu país. Promete governar sem a intermediação do quadro político, do Congresso, tornando seu diálogo com o povo direto, sem intermediários. Do alto de um incontido ego, o presidente parece descartar o que seja um processo político, repleto de checks and balances, essencial ao funcionamento harmonioso de uma democracia. Revela-se arauto da vontade do povo ainda que a compreensão desta vontade seja limitada pelos seus próprios preconceitos. Estes excluem os anseios de importante segmentos da população norte-americana.

Tornou nítida a confrontação com a política até agora seguida por Washington, não apenas diferindo do governo que ora substitui, mas também dos governos passados liderados por companheiros de partido, o Republicano. Tece uma intriga, colocando-se ao lado do povo, este abandonado pela classe política. Descreve-a com desprezo, “aqueles que muito falam e que nada fazem”. Embalado por um apoteótico surto de auto estima, em confusa percepção de eficácia empresarial, assume o comando do que pretende ser USA Corp., concedendo a si próprio o título de Chief Executive Officer. Não leva em conta que a maioria dos “acionistas” votou contra sua candidatura.

Rumando pelas plagas estrangeiras, Mr. Trump determina a revisão das alianças vigentes de forma a explicitar as vantagens que cabem à America, sem dar-se conta de ser esta a regra vigente. Rebela-se contra subsídios concedidos aos aliados como se não fossem moeda de troca para benefícios recebidos. Revela ignorar o quid pro quo que tais alianças, há décadas, permitem aos Estados Unidos manter-se como a mais poderosa das nações.

Talvez seja no campo interno que o novo presidente alcance genuína popularidade quando acentua America First, Buy American, Employ American. Porém as vantagens inicias de tal política poderão trazer no seu cerne o germe do fracasso.

Nesta mensagem isolacionista se insere o maior obstáculo ao crescimento da economia global. As barreiras erguidas à concorrência internacional poderão interromper a progressão da globalização, levando os grandes polos econômicos ao estreitamento de seus canais de comercio externo com consequências restritivas no fluxo financeiro mundial. Tal onda recessiva não deixaria de atingir as praias dos Estados Unidos.

Talvez, a mais lúcida de suas visões seja a que envolve a estratégia militar a ser seguida pelo Pentágono. Trump parece acertar ao priorizar sua política militar na eliminação do Islã radical. Se assim for, e tendo a Rússia por aliado de singular eficácia na luta contra o terrorismo, poder-se-á vislumbrar a neutralização dos focos terroristas no Oriente Médio e países vizinhos. Tal aliança favoreceria a redução das tensões no teatro europeu sem prejuízo para sua segurança, e uma concentração de esforços de Washington na contenção da expansão militar e geográfica da China.


Estas observações presumem a sinceridade do candidato ao elencar suas prioridades e preferências. Será Donald Trump sincero em suas declarações? Saberá ele navegar o turbulento mar político que o espera? Merecerá ele o apoio e solidariedade de seus correligionários Republicanos? 

O que promete ser o leit motif de seu governo sera a imponderabilidade que decorre de sua impulsividade e de seu amadorismo.

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