A matança
que vem acontecendo nas penitenciarias e cadeias não
é novidade. Ocorre em ciclos de extrema violência seguidos por
etapas de maior tranquilidade. Uma vez exaurido o capital criminoso
para tal mobilizado. Mas que capital será este?
Certamente
o dinheiro necessário para corromper os guardas carcerários para
facilitar o motim, para azeitar a direção do presidio para que os
olhos fiquem fechados, para comprar a neutralidade de facções
duvidosas, para mobilizar os advogados que atenuem o castigo. Porém,
mais importante, é o capital humano, o contingente de combate,
pronto para matar e morrer.
Toda
esta engrenagem se beneficia de duas condições, a corrupção e a
ineficiência. As consequências da corrupção são óbvias e
evidentes. Ainda, mesmo em contexto honesto, a ineficiência gera a
brecha pela qual penetra o crime. O diretor relapso ou pouco atento, o
carcerário desmotivado, a revista negligente de presos e visitas. E
por aí vai.
A
soma de todos estes fatores revela um quadro que potencializa e torna
ubíqua a criminalidade no país, fere a sociedade brasileira,
desvaloriza nossa imagem internacional. Como corrigir o rumo? Serão
muitas as formas de derrotar este inimigo; não faltarão aqueles, e
dentre eles, talvez um Beltrame, ou mesmo especialistas estrangeiros,
que ofereçam a metodologia e planos para reverter a situação. De qualquer forma, novas prisões que permitam condições humanas será um ponto unanime na gênese de tal projeto.
Porém
uma alerta: a solução não advirá da criação de um Ministério
da Segurança. Pelo contrário, a criar-se tal órgão governamental, estará se
politizando a tarefa eminentemente profissional do combate ao crime.
A começar pela barganha parlamentar para a escolha do ministro,
passando pela criação do núcleo politico de apoio ao ministro, este
formado por assessores e apaniguados, chegando-se ao desvirtuamento
quando da seleção de delegados e demais operadores.
Tal
quadro subverteria o atual organograma. Hoje observa-se a distância
e isenção que rege o relacionamento entre o Ministro da Justiça e
os responsáveis pelas polícias federal e outras, onde existe a
meritocracia no acesso de carreira, onde vem se observando a
independência de ação, esta isenta de pressões políticas. Ao
aproximar-se o Ministro da Segurança da organização e da operação
de combate ao crime, a contaminação pelo troca-troca aético que
caracteriza o estamento político será inevitável.
Como
soe acontecer em momentos de crise, o congresso brasileiro é fecundo
em novas ideias, novas leis, novos órgãos. O fazem por buscar a
atenção pública e os dividendos políticos que resultam.
Esquecem, porém, a pletora de leis, muitas excelentes, que tratam
do assunto. Esquecem-nas porque não são cumpridas, são esquecidas e
desprezadas pela anomia que assalta nossos governantes.
As instituições já
existem; se estes não funcionam será pela absoluta falta de vontade
política, incapacidade administrativa, ou, por uma conveniente
displicência que deixem as portas abertas a vantagens e benefícios.
Nada
de novas leis nem novos ministérios, senhor Presidente. Usem, e usem bem o que aí já
está. Façam seu trabalho, senhores políticos em vez de assaltarem
o combalido erário da República.
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