U.S.
officials declined to say whether the intercepted communications were
cited in the classified version of the report commissioned by Obama,
and they emphasized that although the messages were seen as strong
indicators of Moscow’s intent and clear preference for Trump,
they were not regarded as conclusive evidence of Russian intelligence
agencies’ efforts to achieve that outcome.
The
Washington Post, 6 de janeiro, 2017
But
the report also attributed Russia’s efforts to Putin’s hostility
toward Clinton, a former senator and secretary of state whom he
blamed for inciting mass
protests against his government in 2011 and 2012.
The
Washington Post, 7 de janeiro, 2017
A
Guerra Fria II bat son plein, chega
ao climax. Enfurecido, o governo Obama eleva o tom e temperatura
contra a espionagem cibernética russa, responsável, segundo seus
arautos, pela derrota de Hillary Clinton nas últimas eleições.
Esquecem a traição do diretor do FBI¹ e preferem aguçar o clima
de nacionalidade ultrajada.
A conclusão do estamento “Intelligence” norte americano
lastreia-se na indisfarçável alegria provocada em circulos
importantes em Moscou com a vitória de Donald Trump. Ora, tal reação
não poderia ser outra, haja vista a animosidade, em nível formal
e pessoal, que ainda hoje rege as relações entre Hillary
Clinton e Wladimr Putin. Para Moscou, a vitória democratica
colocaria as relações entre os dois países próximas ao confronto,
portanto contraria aos seus interesses.
Porém, haverá “smoking gun”, a prova irrefutável da ação
dos orgão de espionagem russos, ou trata-se se avaliações
e probabilidades? Não
parece haver o primeiro, ainda que, sem dúvida, ações deste
teor tenham sido empreendidas. Assim como iniciativas da
inteligência norte americanas regularmente ocorrem quando das
eleições realizadas na Rússia em apoio
ao candidato contrario à Putin, conforme atesta a publicação
Stratfor, especializada na matéria.
O contencioso que ora se observa nada mais é do que
parte da guerra surda que se trava nos
bastidores entre as super potencias. São vários os campos de
batalha, dentre eles
- a divulgação de notícias contaminadas atavés da midia pública,
- a coleta de informação sócio-política-militar, em território adversário
- a propagação da desinformação
- a formulação de opções estratégicas
- a mensuração das necessidades orçamentárias
- a ação militar atraves de prepostos
Porém
um fato preponderante diferencia os dois adversários; os Estados
Unidos detêm o poderio suficiente para esmagar a Rússia, enquanto
esta não domina os meios para vencer os Estados Unidos. Esta
diferença fundamental confere
a cada um dos adversários nucleares
diferente
responsabilidade; ao
mais poderoso cabe a iniciativa pacificadora.
Conforme
já comentado
neste blog e alhures,
a probabilidade de Moscou agir militarmente contra
Washington é remota,
sómente ocorrendo caso sinta ameaçada a integridade da nação
Rússa. A
relação de forças lhe impede a iniciativa. Já, as
provocações em torno da “otanização”² da Georgia e da
Ucrânia ja demonstraram os limites e perigos desta opção
politico-militar. Se para Washington a cooptação destes países
nada acrescentaria à segurança de seu território, para a Rússia o
adversário em suas fronteiras torna-se questão de vida ou morte.
Justamente para evitar-se a criação de situações pro-bélicas nas
fronteiras das nações, criou-se o conceito do “estado tampão”,
onde a sua neutralidade elimina as tensões geo-políticas.
Presumir
que Moscou, conforme continuamente sucitado pela imprensa ocidental,
ameace a integridade da
Europa em geral e dos
Estados Bálticos em
particular não
encontra justificativa política nem militar. Contudo, e já
observado, a qualquer ameaça percebida, o Kremlin inicia operações
militares de
cunho diversionista com
o fito de confundir os planos adversários
que ameacem o
território russo.
Segundo
Thomas Barnett, em seu livro “The
Pentagon Maps”³, o renomado estrategista enfatiza o desafio que
ora confronta
o Ocidente em geral e os Estados Unidos em particular. Em sua
cartografia identifica os páises inclusos no interesse comum da
globalização como solidários e, portanto, não representando
ameaça bélica. Esta se concentra no que denomina os países “não
incluidos” ou
não conectados na
onda globalizante, onde
prepondera a ameaça terrorista. A seu ver, aí
reside a nova e
premente ameaça, conclusão que parece
refletir tanto
conhecimento
como,
também, indispensável bom senso.
O
que Washington parece desprezar é a natural convergência
estratégica que une os Estados Unidos à Rússia: o combate ao
terrorismo. Levando-se em conta o fato de ter uma pleiade de paises
vizinhos de confissão muçulmana fácil será estimar-se a
resultante independência de regiões islamitas e a expansão do
terrorismo sobre uma Rússia enfraquecida. Uma vez contaminada, as
portas da Europa estariam abertas. Um entendimento entre Washington e
o Kremlin daria ao combate ao terrorismo nova eficácia, como
demonstrou a derrota da Al Qaeda na batalha de Alepo.
Ainda,
uma Rússia neutra constitue peça de enorme valor no xadrez que ora
disputam Washington e Peking, jogo este que promete estender-se no
tempo e na intensidade.
Contudo,
no momento prevalece
a estratégia do “Big One” 4,
ou seja o esforço militar norte americano se concentra na
probabilidade
da Grande
Guerra
contra a grande potência, a Rússia. Tal opção redunda,
essencialmente, do fosso cultural que separa as duas potências.
Contrariamente à détente
iniciada
entre Alemanha e Rússia, interrompida pelo embroglio
ucraniano 5,
onde a compreensão cultural reduz as áreas de desconfiança, tal
não ocorre com o colosso americano. Este enfrenta conhecida
dificuldade em compreender culturas alheias, fruto do auto centrismo
educacional, das distâncias geográficas e do acumulo de poder onde
a imposiçao torna-se mais fácil do que a compreensão.
Como
nota de rodapé, porém de relevância, prudente será avaliar o peso
dos interesses do complexo industrial militar norte americano em
estreita sintonia com o alto comando militar. Ambos relutam atribuir
à guerra contra o terrorismo a primazia, onde os embates
assimétricos favorecem estruturas mais leves e ágeis e de menor
custo. A prevalecer a estratégia atual manter-se-a, não apenas a
corrida armamentista mas, também, a existência do “grande
inimigo” onde a Rússia desponta. De tanto fustigá-la, a profecia
poderá tornar-se autorealizável para prejuizo da humanidade.
- James Comey e os e-mails de Hillary Clinton
- General Breedlove, ex-comandante militar da OTAN, Foreign Affairs, August 2016 edition
- G P Putnam and Sons, NY Copyright 2004
- “Big One” - Ver The Pentagon Map
- Enérgica participação do State Department e da CIA na deposição do então presidente.
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