quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O Desenvolvimento Econômico e a Organização Política

Este Blog agradece ao Professor Julian Alfonso de Magalhães Chacel por esta valiosa colaboração, de especial interesse para seus leitores.



Com o país imerso em severa recessão e uma resiliente taxa de inflação que resiste ao choque dos juros vale a pena trazer à colação ideias e conceitos que formam a estrutura da Nova Escola Institucional Americana. Doutrina que tem seus lideres em dois Prêmios Nobel de Economia. Ronald Coase e Douglass North. 

O primeiro nascido na Inglaterra e o segundo nos Estados Unidos.
De Ronald Coase cabe reter o conceito de custos de transação que aparece pela primeira vez em seus escritos quando escrevia sobre a Natureza da Empresa. De Douglass North a importância das instituições e sua correlação com o avanço econômico de um país.

Em Coase, em paralelo com os custos incorridos na produção de bens e na prestação de serviços existem os custos da negociação, redação e cumprimento dos contratos.

North, numa visão histórica sobre o desenvolvimento, dá especial atenção aos limites da imaginação humana que condicionam a interação entre a política, o econômico e o social. Às normas formais como a Constituição e as Leis acrescenta as normas não formais como a tradição, os costumes e os códigos de conduta.

Ao observador e analista do atual Cenário Brasileiro certamente não há de escapar que custos de transação e as tortuosas interações entre as instituições explicam muito das vicissitudes pelas quais passa nosso país. Sintetizadas num presidencialismo de coalizão, figura de linguagem do sociólogo Sergio Abranches hoje consagrada, onde o Executivo, a cada passo, tem de negociar nas Casas do Congresso com uma coorte de partidos políticos, a maioria destes sem maior expressão eleitoral mas que na hora da verdade podem ser o fiel da balança.

Parece no dia de hoje haver consenso em relação à mudança da moldura institucional que envolve a atividade política em nosso país. O jogo terá de ser jogado com novas regras, para que as reformas econômicas fiscais e previdenciárias possam recolocar o país na rota do desenvolvimento sustentado. Apesar da vastidão temática da Reforma Política, duas medidas já propaladas constituiriam desde logo enorme avanço.

A adoção da cláusula de desempenho dos partidos políticos nas eleições gerais para que haja, por estes, representação da cidadania na Câmara dos Deputados e possam representar as unidades federadas no Senado da República. Quando da rejeição à cláusula de barreira o STF não esteve em seu melhor momento.

Na falta da cláusula, o ambiente assim criado, na maioria dos casos torna a aprovação das Leis objeto de uma negociação, por vezes tensa, entre Executivo e Legislativo; e cria uma membrana permeável entre os dois Poderes por que “no dando é que se recebe” o Senador ou Deputado transformasse em Ministro de Estado em pastas de grande visibilidade e alentado orçamento. Frauda-se a vontade do eleitor.

A interdição das coligações para a disputa eleitoral teria o condão de melhor espelhar a vontade do eleitor, de vez que hoje figuras midiáticas, os puxadores de votos, com seu robusto quociente eleitoral levam às casas do Congresso candidatos menos votados, quando comparados os resultados em número de votos diretos obtidos por candidatos de outras legendas.

Tudo ficando como está os custos de transação do presidencialismo de coalizão são altíssimos em face da Nação. E a atual configuração de nossa organização política dificulta o bom funcionamento das instituições, gerando uma situação em que o Poder Judiciário através do STF é instado constantemente a decidir. Nada a ver com o Equilíbrio de Poderes imaginado pelo Barão de Montesquieu.




JAMC

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