segunda-feira, 21 de março de 2016

Muy amigo...




 

Não são poucos os fatores que levam uma nação a escolher amigos e formar alianças. Em época de extrema polaridade, o desafio torna-se de solução mais fácil. Afinal de contas, juntar-se à causa Aliada contra Hitler, ou participar de aliança contra a União Soviética era, para muitos países,  decisão fácil. O bem e o mal (de acordo com a visão democrática) estavam claramente definidos.

Porém, em tempos de paz, e no mundo multi-polar onde o comercio e o fluxo de investimentos tendem a reger as decisões, mais difícil será a submissão à alianças forjadas outrora, em tempos de conflito e sobrevivência, tempos que parecem distantes.

Ainda, as alianças feitas com objetivos militares, muitas vezes colidem com aspirações que buscam benefício econômico. O recente caso que envolve a Austrália, a China e os Estados Unidos bem reflete estas contradições.

A região denominada “Territórios do Norte”, tendo por capital a cidade de Darwin, é a parte pobre do pais-continente. O PIB regional é o mais baixo, recursos fiscais são insuficientes, o atraso relativo ao resto do país compõe um quadro típico de região desfavorecida. 

Eis quando surge oportunidade salvadora; empresa chinesa arrenda o porto de Darwin ao vencer concorrência aberta pelo governo local, em busca de recursos para sua infraestrutura. Ainda, benefícios reais e crescentes são projetados, tendo em vista o relevante comércio que une a Austrália à China. Mais de 30% de suas exportações se dirigem à China., o próximo sendo o Japão com 17,4%, ficando os Estados Unidos com apenas 5,2%. A equação econômica com Beijing parece perfeitamente equilibrada. Ambos os lados ganham.

E, neste momento se revela o preço da aliança. Preocupado com uma possível ligação da empresa vencedora com setores de inteligência chineses, Washington exerce pressão para anulação do negócio. A variável militar é imputada, aspectos de Segurança Nacional são argüidos. Seus vasos de guerra, aportados em local não muito distante, estariam sujeitos à sofisticado monitoramento, e por aí vai...

Possivelmente preocupado com possíveis desagrados à China,  o Ministro da Defesa Australiano nega qualquer fragilidade, seja econômica, seja militar no acordo celebrado com o Landbridge Group chinês.


Ainda assim, o Premier Australiano recebeu de Barack Obama a advertência: “Na próxima vez, nos avise com antecedência.” Por polidez, faltou o “ou então...”

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