Não são poucos os fatores que levam uma nação a escolher
amigos e formar alianças. Em época de extrema polaridade, o desafio torna-se de
solução mais fácil. Afinal de contas, juntar-se à causa Aliada contra Hitler,
ou participar de aliança contra a União Soviética era, para muitos países, decisão fácil. O bem e o
mal (de acordo com a visão democrática) estavam claramente definidos.
Porém, em tempos de paz, e no mundo multi-polar onde o
comercio e o fluxo de investimentos tendem a reger as decisões, mais difícil
será a submissão à alianças forjadas outrora, em tempos de conflito e sobrevivência,
tempos que parecem distantes.
Ainda, as alianças feitas com objetivos militares, muitas
vezes colidem com aspirações que buscam benefício econômico. O recente caso que
envolve a Austrália, a China e os Estados Unidos bem reflete estas contradições.
A região denominada “Territórios do Norte”, tendo por
capital a cidade de Darwin, é a parte pobre do pais-continente. O PIB regional é o mais baixo, recursos fiscais são insuficientes, o atraso relativo ao
resto do país compõe um quadro típico de região desfavorecida.
Eis quando surge oportunidade salvadora; empresa chinesa
arrenda o porto de Darwin ao vencer concorrência aberta pelo governo local, em
busca de recursos para sua infraestrutura. Ainda, benefícios reais e crescentes
são projetados, tendo em vista o relevante comércio que une a Austrália à
China. Mais de 30% de suas exportações se dirigem à China., o próximo sendo o
Japão com 17,4%, ficando os Estados Unidos com apenas 5,2%. A equação econômica
com Beijing parece perfeitamente equilibrada. Ambos os lados ganham.
E, neste momento se revela o preço da aliança. Preocupado
com uma possível ligação da empresa vencedora com setores de inteligência
chineses, Washington exerce pressão para anulação do negócio. A variável
militar é imputada, aspectos de Segurança Nacional são argüidos. Seus vasos de
guerra, aportados em local não muito distante, estariam sujeitos à sofisticado
monitoramento, e por aí vai...
Possivelmente preocupado com possíveis desagrados à China, o Ministro da Defesa Australiano nega
qualquer fragilidade, seja econômica, seja militar no acordo celebrado com o Landbridge
Group chinês.
Ainda assim, o Premier Australiano recebeu de Barack Obama a
advertência: “Na próxima vez, nos avise com antecedência.” Por polidez, faltou
o “ou então...”
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