segunda-feira, 16 de março de 2015

Oportunidade perdida

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Senador Aécio Neves
líder do PSDB

Roberto Campos, que dispensa apresentações, dizia com frequência “o Brasil nunca perde a oportunidade de perder uma oportunidade”. Assim parece acontecer com o PSDB, dito partido de oposição, porém com tímida convicção.

O quadro político, de tão combalido que se apresenta, oferece, constantemente, oportunidades a serem colhidas. Mergulhados nos meandros, sombras e espelhos do dia a dia político, parece faltar a Aécio Neves e seus consultores capacidade para enxergar a floresta.  

A luta que se trava diuturnamente no Congresso e nas fronteiras do Poder Legislativo, exige do comando partidário habilidade tática e visão estratégica. A primeira faz ganhar escaramuças, enquanto a segunda permite ganhar a batalha, senão a guerra.

A tática se dá nos conchavos, promessas, juras de amor, escambos e mentiras que permitem o avanço, aqui e acolá,  dos metros e centímetros que trazem a vitória. São instrumentos de ataque e defesa, usados na penumbra dos gabinetes e dos plenários, cheios de olhos espertos, expressões ambiciosas, testas úmidas pelo esforço que, por vezes, atropela os limites cívicos. É a guerra política, onde a lealdade à si próprio, aos seus, se confunde com a do partido. Onde a Causa Maior cede ao premente imediatismo na esperança de que seja ela resgatada “assim que possível”.

Assim o tempo passa, e finalmente se esgota, revelando aos atores que a peça em nada melhorou o bem estar da audiência, nem a prosperidade do teatro. Que todo aquele esforço, não raro, mais custa à nação do que benefícios traz.

Face ao clima desmoralizante que se constata, ou bem o PSDB rompe com a coreografia hipócrita que ora avilta a uma pseudo-democracia, ou se verá tragado pela anomia e desrespeito que ora fere o estamento político. A inação e sua irmã, a omissão, conspiram para que se abra o espaço para o surgimento de outros agentes, políticos ou não. Estes,  mais decididos, mais focados e, talvez menos confiáveis.

A redenção da moralidade cívica é conclamada pela opinião pública de todos os matizes. O escárneo dos auto-benefícios crescentes e incessantemente auto-outorgados em prejuízo da Nação ameaça, em prazo não distante, a revisão das regras do jogo político. Estas, tolhidas por inadimplência moral,  por malicia ou incapacidade das forças políticas degradadas, não raro caem nas mãos de idealistas e espertos, despreparados e totalitários.


Ao PSDB cabe retomar o rumo da austeridade, não apenas econômica, mas cívica. Pari passo com medidas de aperfeiçoamento da democracia e da organização pública, deveria o partido rejeitar, no plenário e nos meios de comunicação, propostas que firam a lisura ética.  A repulsa desassombrada e a rejeição dos benefícios pecuniários,  recentemente abiscoitados pelos parlamentares e seus apaniguados, foi uma oportunidade singular, perdida por falta de coragem e compreensão do que quer e precisa o país.

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