Senador Aécio Neves líder do PSDB |
Roberto
Campos, que dispensa apresentações, dizia com frequência “o Brasil nunca perde
a oportunidade de perder uma oportunidade”. Assim parece acontecer com o PSDB,
dito partido de oposição, porém com tímida convicção.
O quadro
político, de tão combalido que se apresenta, oferece, constantemente, oportunidades
a serem colhidas. Mergulhados nos meandros, sombras e espelhos do dia a dia
político, parece faltar a Aécio Neves e seus consultores capacidade
para enxergar a floresta.
A luta
que se trava diuturnamente no Congresso e nas fronteiras do Poder Legislativo, exige
do comando partidário habilidade tática e visão estratégica. A primeira faz
ganhar escaramuças, enquanto a segunda permite ganhar a batalha, senão a
guerra.
A tática se dá nos conchavos, promessas, juras
de amor, escambos e mentiras que permitem o avanço, aqui e acolá, dos metros e centímetros que trazem a vitória.
São instrumentos de ataque e defesa, usados na penumbra dos gabinetes e dos
plenários, cheios de olhos espertos, expressões ambiciosas, testas úmidas pelo
esforço que, por vezes, atropela os limites cívicos. É a guerra
política, onde a lealdade à si próprio, aos seus, se confunde com a do partido.
Onde a Causa Maior cede ao premente imediatismo na esperança de que seja ela resgatada
“assim que possível”.
Assim o
tempo passa, e finalmente se esgota, revelando aos atores que a peça em nada
melhorou o bem estar da audiência, nem a prosperidade do teatro. Que todo
aquele esforço, não raro, mais custa à nação do que benefícios traz.
Face ao
clima desmoralizante que se constata, ou bem o PSDB rompe com a coreografia
hipócrita que ora avilta a uma pseudo-democracia, ou se verá tragado pela anomia e
desrespeito que ora fere o estamento político. A inação e sua irmã, a omissão,
conspiram para que se abra o espaço para o surgimento de outros agentes,
políticos ou não. Estes, mais decididos,
mais focados e, talvez menos confiáveis.
A
redenção da moralidade cívica é conclamada pela opinião pública de todos os
matizes. O escárneo dos auto-benefícios crescentes e incessantemente auto-outorgados
em prejuízo da Nação ameaça, em prazo não distante, a revisão das regras do
jogo político. Estas, tolhidas por inadimplência moral, por malicia ou incapacidade das forças políticas degradadas,
não raro caem nas mãos de idealistas e espertos, despreparados e totalitários.
Ao PSDB
cabe retomar o rumo da austeridade, não apenas econômica, mas cívica. Pari passo com medidas de
aperfeiçoamento da democracia e da organização pública, deveria o partido
rejeitar, no plenário e nos meios de comunicação, propostas que firam a lisura
ética. A repulsa desassombrada e a rejeição dos benefícios pecuniários, recentemente abiscoitados pelos parlamentares
e seus apaniguados, foi uma oportunidade singular, perdida por falta de coragem e compreensão do que quer e precisa o país.
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