Aécio Neves |
O espetáculo que se desenrola é, no mínimo surpreendente. A
bandeira da Oposição foi, tímida e silenciosamente abandonada pelo PSDB,
enquanto o PMDB rebelde e fracionado parece empunhá-la.
Nesta avalanche de notícias, onde a política e o crime se
misturam, onde o leitor oscila entre o
repúdio e a desesperança, pouco ou nada emana do partido de Aécio Neves.
Por mais que se acompanhe os intermináveis noticiários, cuja extensão não basta
para cobrir todos os malfeitos, não se constata a presença dos líderes
opositores. Suas vozes deveriam nortear o pensamento e a ação oposicionista,
avançando iniciativas e propostas para recolocar o Brasil no rumo correto. Pouco se escuta. Seu silêncio fere os ouvidos do cidadão de bem.
Perdem-se oportunidades para reforçar a mensagem e
fortalecer a imagem perante a opinião
pública que se tornará eleitorado. Permitir que o PT empolgue a bandeira da
Petrobrás, quando justamente é aquele o partido que a conspurcou, evidencia a timidez
da oposição. Em vez de clamar perante o povo a urgência da recuperação da
Petrobras, tornando o PSDB seu maior protetor perante o público, temos a inação.
Propostas concretas para sua recuperação, tais como a despolitisação
obrigatória de sua diretoria, a rotatividade da Auditoria Externa (de renome
internacional), vedação de medidas gerenciais estranhas ao interesse da empresa
(vide congelamento de preços) são alguns
exemplos de iniciativas saneadoras.
Ainda, o PSDB omitiu-se por ocasião da recente passagem na
Câmara, conferindo ainda maiores benefícios para parentes e apaniguados. Perdeu
a Oposição a oportunidade de diferenciar-se dos demais partidos, cujos maus
hábitos sequenciais hoje desmoralizam o Parlamento. Tivesse aberto mão, publicamente,
das vantagens concedidas por serem elas inaceitáveis
aos olhos da sociedade, Dr. Aécio se distanciaria do comportamento que tanto
fere a imagem do estamento político nacional.
O vácuo de poder que ora resulta da fragmentação do PT e da
base aliada, parece propiciar o surgimento de nova força política, que hoje
chamar-se-ia de PMDB Rebelde, e que, amanhã outro nome poderá tomar.
Sob o
comando duplo de Eduardo Cunha e Renan Calheiros, as consideráveis forças desgostosas com o governo Dilma Rousseff se agregam, não em torno da redenção
ética na política, mas, pelo contrário, para perpetuar as práticas nocivas sob
a égide do pragmatismo imediatista. Neste novo quadro político, os limites
morais permanecerão tênues, senão inexistentes. Para tornar o dueto, chamuscado
por passado duvidoso, em sólida trinca,
será razoável supor-se a cooptação do Vice Presidente Temer. Este, com sóbria
imagem, poderá trazer ao projeto a respeitabilidade necessária; poderá
tornar-se o primeiro mandatário face à crescente probabilidade de impeachment,
tão facilitada pela frágil gestão do
atual governo.
As grandes crises muitas vezes geram os grandes líderes.
Estes só se destacam pela coragem de suas convicções, por aceitar o sacrifício,
e pela disposição de correr riscos.
Dificilmente um líder político terá tantas oportunidades de se destacar
como hoje, neste Brasil à matroca. Como
dizem os gaúchos, o cavalo esta ao seu lado e selado. Só falta montá-lo, Dr.
Aécio Neves.
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