Bibi e seus fantasmas |
Quem não conhece a expressão “in vino veritas” ? A
verdade, por vezes, também vem a tona nos momentos de extrema crise. Assim,
impelido pelo fantasma da derrota política, Bibi Netanyahu recorre a essência
de sua personalidade, violenta e radical. Ameaçado pelos eleitores
oposicionistas de Isaac Herzog, e, ainda, pelo apoio do voto Árabe Israelense a
ele dedicado, o Primeiro Ministro busca no ódio e no medo as ferramentas para
sua vitória.
Embasando sua candidatura no tópico Segurança, Bibi
busca inimigos em todo canto. Desde o presidente dos Estados Unidos,
tradicional aliado, que por ele é visto como inimigo, passando pelo iminente
perigo nuclear vindo do Irã, chega ele a mais nefasta das acusações; o voto do Israelense
árabe, contrário a sua candidatura, representa perigo mortal para o Estado de
Israel.
Buscando inspiração na mais sombria e odiosa pagina
da história recente, busca o candidato semear o ódio dentre fronteiras. Sua
diatribe desemboca no questionamento da própria nacionalidade daqueles que o país habitavam antes da
chegada do movimento Sionista. Relembra, no questionamento da lealdade de seus
compatriotas, racionalização que
permitiu a retirada de cidadania tendo por base a etnia, prenuncio do
Holocausto.
Ainda, confirmando a opinião de observadores de questões
internacionais, a recente declaração contrária a formação do Estado Palestino,
nada mais fez do que retirar-lhe a máscara da hipocrisia.
Estas são observações pré-eleitorais. A seguir, sugerem-se
algumas reflexões pós-eleitorais.
Caso seja vencedor nesta eleição, Netanyahu,
manietado por suas promessas radicais e impelido por sua vocação autoritária,
poucas opções terá senão aquela de condenar ao fracasso o processo de paz na
Palestina, e, por extensão, no Oriente Médio.
Colocará em maus lençóis aquele países, liderados pela
Arábia Saudita e Egito, levando-os a abandonar a confortável hipocrisia que
ainda lhes permite jogar em dois tabuleiros. Confrontados com a recusa explícita
de Israel, outro caminho não terão senão
o do apoio mais robusto as pretensões de Ramallah. Ainda, sob o risco de
autodesmoralização, Bibi se vê obrigado à opor-se às pretensões norte-americanas
de fechar esta chaga que ainda sangra, azedando, ainda mais, as relações entre
as duas nações.
No campo das relações multilaterais, é provável que
Israel enfrente crescente hostilidade, enquanto iniciativas em benefício da
Palestina prosperem. O veto Norte Americano que habitualmente blinda Israel das
decisões nas Nações Unidas tornar-se-á cada vez mais alto com o passar do
tempo. A participação da Palestina no Tribunal Internacional Criminal, que
atormenta Israel, tornar-se-á mais aceitável, bem como seu acolhimento como
membro pleno das Nações Unidas.
Por razões bem conhecidas, proliferam no Oriente
Médio as sementes do conflito. Enquanto contido no âmbito Árabe, as desavenças
entre eles e seus eventuais colonizadores limitavam-se à geografia próxima. Já,
o advento do Estado de Israel adicionou a este caldo de violenta cultura e
latente instabilidade o germe da Ocidentalização,e, por consequência, o perigo
de sua globalização.
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