sábado, 3 de janeiro de 2015

Reflexões (atualizadas) sobre o Oriente Médio

Map of Middle East


O caos bélico que tomou conta do Oriente Médio, na sua essência, reflete a crescente clivagem entre o mundo ocidental e Cristão, e o Islã. A relevância da região no contexto internacional, fonte primária de energia mundial, promete graves conseqüências que adviriam do colapso de entendimento entre estas duas civilizações. A formulação simplista de “good guys e bad guys”, tão ao gosto de certas culturas, impede, de parte a parte, uma busca racional, despida de emoções, que levem ao entendimento, à compreensão e à formulação de proposta pacificadora.

O  núcleo de infecção que contamina as relações destas duas civilizações pode ser identificado no conflito que envolve a Grande Palestina, que abrange Israel e Gaza/Cisjordânia. Conquanto do lado Muçulmano os governos  Árabes ajustem seus interesses para melhor proveito nas suas relações com o Ocidente, a base popular destas nações dedicam aos países líderes Ocidentais profunda e crescente hostilidade, calcada nas intervenções históricas em seus países (políticas e militares) e  na  dicotomia e parcialidade que a política externa norte-americana demonstra na questão Palestina.

A aliança, dita indissolúvel,  que une os Estados Unidos a Israel tem por conseqüência lógica a impossibilidade de imparcialidade, negando a Washington o peso necessário em ações diplomáticas que decorrem de confronto  entre os contendores. Como já observado,  por diversas vezes, nas tentativas de contenção dos assentamentos Israelenses, condicionantes para o tratado de Paz, Washington se revela impotente. 

O vácuo criado pela irrelevância de Washington no processo  de pacificação da Palestina, agravado ainda pela incoerência no trato da questão Síria, vem sendo preenchido por Tel Aviv, de um lado, e pelas fanáticas forças Islâmicas do ISIS, pelo outro. Constata-se dois projetos expansionistas no Oriente Médio; aquele do  “Grande Israel” implícito no recente projeto de “Estado Judeu” apresentado por Benjamin Netanyahu e aquele do messiânico Califado.

Somente a Europa parece ter a compreensão do perigo que encerra o enfrentamento. Em tentativa de recolocar a questão do Oriente Médio nos trilhos da prudência, países lideres do velho mundo vem votando em prol do reconhecimento da Palestina, como forma de reduzir a escalada das tensões.  A recente votação da proposição da Jordânia no Conselho de Segurança das Nações Unidas, propugnando a independência da Palestina e a  retirada das tropas Israelenses até 2017, obteve o apoio da França, Argentina, Chile, Chad, China, Luxemburgo e Rússia. Apenas dois votos contrários à resolução foram declarados, pelos Estados Unidos e a Austrália. Os demais membros, e até mesmo a Grã Bretanha, negaram apoio a Washington, abstendo-se. Constata-se, assim, significativa mudança de tendência internacional a favor da pacificação Palestina, isolando os Estados Unidos como solitário defensor de Israel.


Este movimento europeu também decorre  da necessidade de acalmar a crescente e preocupante insatisfação Muçulmana intra-fronteiras. As imigrações Muçulmanas, principalmente  na França, Inglaterra, Suécia, Alemanha,e  Holanda, algumas iniciadas nos tempos coloniais e ampliada a seguir, colocam no seio destes países o germe da violência extremada.  Assim, estimar-se-ia que o reposicionamento das chancelarias européias quanto ao conflito Israel-Palestina se deva, não apenas, ao sentimento de equidade e respeito à lei internacional,  mas também, por considerações de segurança interna.

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