O caos bélico que tomou conta do Oriente Médio, na sua
essência, reflete a crescente clivagem entre o mundo ocidental e Cristão, e o
Islã. A relevância da região no contexto internacional, fonte primária de
energia mundial, promete graves conseqüências que adviriam do colapso de
entendimento entre estas duas civilizações. A formulação simplista de “good
guys e bad guys”, tão ao gosto de certas culturas, impede, de parte a parte, uma
busca racional, despida de emoções, que levem ao entendimento, à compreensão e
à formulação de proposta pacificadora.
O núcleo de infecção
que contamina as relações destas duas civilizações pode ser identificado no
conflito que envolve a Grande Palestina, que abrange Israel e Gaza/Cisjordânia.
Conquanto do lado Muçulmano os governos Árabes ajustem seus interesses para melhor
proveito nas suas relações com o Ocidente, a base popular destas nações dedicam
aos países líderes Ocidentais profunda e crescente hostilidade, calcada nas
intervenções históricas em seus países (políticas e militares) e na dicotomia e parcialidade que a política
externa norte-americana demonstra na questão Palestina.
A aliança, dita indissolúvel, que une os Estados Unidos a Israel tem por
conseqüência lógica a impossibilidade de imparcialidade, negando a Washington o
peso necessário em ações diplomáticas que decorrem de confronto entre os contendores. Como já observado, por diversas vezes, nas tentativas de
contenção dos assentamentos Israelenses, condicionantes para o tratado de Paz, Washington
se revela impotente.
O vácuo criado pela irrelevância de Washington no
processo de pacificação da Palestina,
agravado ainda pela incoerência no trato da questão Síria, vem sendo preenchido
por Tel Aviv, de um lado, e pelas fanáticas forças Islâmicas do ISIS, pelo
outro. Constata-se dois projetos expansionistas no Oriente Médio; aquele do “Grande Israel” implícito no recente projeto
de “Estado Judeu” apresentado por Benjamin Netanyahu e aquele do messiânico Califado.
Somente a Europa parece ter a compreensão do perigo que encerra
o enfrentamento. Em tentativa de recolocar a questão do Oriente Médio nos
trilhos da prudência, países lideres do velho mundo vem votando em prol do
reconhecimento da Palestina, como forma de reduzir a escalada das tensões. A recente votação da proposição da Jordânia no
Conselho de Segurança das Nações Unidas, propugnando a independência da
Palestina e a retirada das tropas
Israelenses até 2017, obteve o apoio da França, Argentina, Chile, Chad, China,
Luxemburgo e Rússia. Apenas dois votos contrários à resolução foram declarados,
pelos Estados Unidos e a Austrália. Os demais membros, e até mesmo a Grã
Bretanha, negaram apoio a Washington, abstendo-se. Constata-se, assim,
significativa mudança de tendência internacional a favor da pacificação Palestina,
isolando os Estados Unidos como solitário defensor de Israel.
Este movimento europeu também decorre da necessidade de acalmar a crescente e
preocupante insatisfação Muçulmana intra-fronteiras. As imigrações Muçulmanas,
principalmente na França, Inglaterra, Suécia,
Alemanha,e Holanda, algumas iniciadas
nos tempos coloniais e ampliada a seguir, colocam no seio destes países o germe
da violência extremada. Assim,
estimar-se-ia que o reposicionamento das chancelarias européias quanto ao
conflito Israel-Palestina se deva, não apenas, ao sentimento de equidade e
respeito à lei internacional, mas
também, por considerações de segurança interna.
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