quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A conquista da América



De forma crescente a “aliança indissolúvel” que une os Estados Unidos a Israel  se transforma no crescente domínio do primeiro pelo segundo. Evocando Hollywood, em um de seus excelentes filmes, o “Rabo balança o cão”.

Não satisfeito com o poder que a AIPAC (American Israel Public Affairs Committee) exerce sobre o Congresso Norte Americano, graças à inigualável generosidade com que a entidade financia as campanhas eleitorais dos candidatos de todos os partidos, o Primeiro Ministro Israelense, Benjamim Netanyahu, acaba de revelar uma nova gazua para invadir o estamento político de Uncle Sam.

O instrumento escolhido parece ser de enorme utilidade. Mr. Ron Dermer, nascido norte americano em Palm Beach na Flórida, filho de família judia, participou em campanha eleitoral a favor do Republicano George W Bush. Já em 2005 renunciou à cidadania, transferindo-se para a Israel. Em 2006 adquiriu a cidadania Israelense. Hoje, Mr. Demer, há pouco norte americano, é embaixador de Israel junto ao governo dos Estados Unidos.

Com esta nova arma, Netanyahu preparou operação nunca d’antes vista na diplomacia internacional; agendou sua ida aos Estados Unidos ignorando qualquer encontro, protocolar que fosse, com o presidente da república anfitriã. Seu intuito, acertado com o presidente da Câmara norte americana, Mr. John Boehner, é o de levar ao Congresso, agradecido pelo apoio eleitoral,  razões para convergir com os interesses do Likud*, assim contrariando a política externa constitucionalmente  determinada pelo chefe executivo da Nação anfitriã.

Somando-se à impertinente visita à Paris enlutada por Charlie, onde não fora convidado, esta esdrúxula excursão à Washington revela um Primeiro Ministro no píncaro da arrogância, lastreado  no poder e influência que em todos lugares se infiltra. Força suficiente para, sem temor nem pejo,  desafiar o descontentamento do presidente da nação mais poderosa do planeta.  Nada parece deter Netanyahu; ignora convenções, leis internacionais, mas, ainda pior, ignora  o bom senso. Sente-se, contudo, blindado pela “indissolúvel aliança”.

* Partido majoritário no Knessert (Parlamento Israelense) do qual Netanyahu é membro


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