A primeira frase tem que ser de repúdio. A execrável chacina de jornalistas desarmados
fere a todos, países, continentes e hemisférios. Um dia depois, outros terroristas,
interligados com os primeiros, chacinam
outros franceses, estes de origem judaica. Mais um crime hediondo.
Os assassinos buscaram, em sua faina raivosa, não tão
somente vingar insultos à Maomé, vingar a opressão na Palestina , mas, ainda mais
importante, acelerar o processo de radicalização entre as civilizações Cristãs
e Muçulmanas. A bandeira negra do
Islamismo fanático se ergue sob a forma,
e pretexto, da grande vingança contra as
potências Ocidentais que subjugaram e exploraram os povos árabes durante
decênios.
No entanto, a asserção de que o Islã é, na sua essência, fanático e violento, não parece verdadeira.
Se no Salafismo Sunita encontra-se a violência extremada, nas vertentes majoritárias do Islã o mesmo
não é habitual. São muitos os países Muçulmanos e democráticos. A Turquia, o
Líbano, a Malásia, a Indonésia, o Paquistão, o Bangladesh e agora a Tunísia são
exemplos, nem sempre perfeitos, mas com governos eleitos e imprensa livre.
Já as ditaduras do Oriente Médio são, com exceção da Síria,
todas elas apoiadas pelo Ocidente Cristão e
democrático. Nestes países aliados ao Ocidente, a lei preponderante é a
Sharia, a mesma que a incipiente democracia Egípcia pretendia implantar, e cuja
deposição contou com a anuência de Washington e seus seguidores.
Apesar da dor, da indignação, da revolta, a França, a
Europa, e o Ocidente não devem cair na armadilha
da intolerância, da intransigência racial e religiosa. A perseguir este
caminho, a violência se expandirá, gerando o círculo vicioso de golpe e
contra-golpe, ambas as partes afundando na areia movediça do ódio institucionalizado.
No entanto,
igualmente importante será o estancar da geração de fanáticos, tanto
em casa quanto no Oriente Médio. Não
deve ser ignorado o fato de ter o Califado recebido a adesão de grande
quantidade de oficiais e soldados do exército dissolvido de Saddam Hussein. Constata-se, assim, que guerras impensadas e interferências externas e desastradas na região, longe de
trazer segurança e estabilidade, tem, pelo contrário, gerado revolta e ódio,
ingredientes essenciais à formação do terrorista.
Não saciada pela guerra do Iraque, a atual intervenção
norte-americana na Síria, apoiando a derrubada do governo Sírio de Bashar al
Haffez propiciou a gênese do Califado, liderado pelo fanático Al Bahgdadi.
Ainda, a incapacidade das potências Ocidentais encaminharem a Paz no contencioso Palestino, omissas e incapazes de prover judiciosa e imparcial mediação, constitui-se em mais um casus belli para o inimigo fanático. O bloqueio do reconhecimento da nação Palestina, solitariamente defendido por Barack Obama nas Nações Unidas pode tornar-se uma chaga infectada.
A perigosa generalização que leva à guerra “entre o bem e o
mal” não cabe em tão complexo ambiente geopolítico. Sem o conhecimento e
avaliação das contradições que alimentam o labirinto Semita*, a política
externa Ocidental não saberá impor-se nem defender-se.
*Tanto Árabes como
Judeus são Semitas
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