sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Cacareco e o voto protesto

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Aqui não vai qualquer desrespeito. Marina  Silva nada tem do rinoceronte, merecedor de relevante votação já faz mais de década. Na época, o sucesso de Cacareco deveu-se a profunda decepção do eleitorado com os políticos, enviando forte mensagem democrática. Constata-se, desde as manifestações de junho, que tomaram conta das ruas do país,  o ambiente de revolta do eleitor.  

Poucos momentos na história republicana revelam, como hoje, tamanho desrespeito pelas instituições basilares da Nação.  O legislativo desponta como o maior perpetrador da quebra de ética pública, onde o eleito, supostamente responsável pelo cumprimento do programa partidário, se desvencilha de suas obrigações, optando pelos caminhos oblíquos e fáceis que levam ao benefício pessoal. Respeitando-se poucas exceções, a conclusão inevitável é de repúdio aos legisladores pela opinião pública.

Após resgate temporário, ocorrido imediatamente após as condenações do Mensalão, ocorreu nova liquefação do respeito à pedra angular da República, sua suprema Corte. Nada mais importante do que impor a Justiça à Nação, que tem por dever a proteção do cidadão contra os abusos dos poderosos, sejam eles o Poder político ou econômico. A autoridade e a severidade dos tribunais vêm se diluindo, por submeter-se aos labirintos da  formalidade e assim subtraindo-se do essencial.  

Já o Executivo perde sua eficiência pela incapacidade de priorizar e executar. A confusão se soma à corrupção, aliadas inseparáveis, que desfazem os benefícios da boa intenção. Descendo-se a pirâmide do Poder, o exemplo que de cima vem espalha-se dentre os milhares de  chefetes que abocanham o comércio do processo decisório,  tornando difícil o fácil, o errado em certo, assim extraindo a riqueza que do povo emana.

Não surpreendo, assim, a acensão de Marina da Silva, despoluída na sustentabilidade de sua silenciosa trajetória política. Sua evolução de cidadã e de política é inatacável, seja por opção, seja por omissão. Seu repúdio às manobras do PT, ocasionando sua rejeição ao ministério de Lula revelou seu caráter. Sua permanência no Senado não a contaminou. Seu semblante severo parece dizer ” basta de risos quando o povo sofre”. Sua plataforma eleitoral é um exemplo de bom senso. Como mero joguete do Acaso,  torna-se, agora, a urna da desilusão e revolta popular.

Boa sorte, Marina Silva.


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