terça-feira, 5 de agosto de 2014

Uma história de dois Ghettos


Definição de Ghetto: Um setor de uma cidade ou uma área de alta densidade populacional, habitada predominantemente por uma etnia minoritária e subjugada.


Ghetto de Varsovia - Israelforever.org
Em Abril de 1941, sob ocupação Nazista, o Ghetto de Varsóvia tomou nova forma. Um muro de 4 metros de altura foi construído, cercando  parte da cidade onde somente Judeus e poucos outros foram enclausurados. Lá, os milhares de  Judeus  mal habitavam, mal comiam e mal morriam. Enquadrados por uma Polícia Judaica, sob ordem germânica, sua liberdade era esfacelada intra-muros, e pela SS, extra-muros. Os famélicos habitantes, buscavam sustento através de seus túneis, de onde chegavam o contrabando e ocasional ajuda de poloneses cristãos.

Em janeiro 1943 os Judeus se rebelaram, numa demonstração ímpar de valentia. Utilizando os túneis que zigzageavam sob os prédios e até a parte “livre” da cidade, os heróicos rebeldes lutaram, ainda que com armas inócuas, contra a máquina militar de Hitler. O resultado era previsível, o extermínio inevitável. Foi, contudo uma página gloriosa e única, onde os Judeus decidiram morrer lutando, desafiando uma ideologia, uma quase religião, onde a supremacia racial imperava. Milhares morreram, poucos soldados Nazistas tombaram, mas a surpreendente lógica da liberdade prevaleceu e engrandeceu aqueles mártires.





Noutra dimensão temporal e geográfica, outro Ghetto foi criado. Numa pequena faixa de terra, de nome Gaza,  1,7 milhão de palestinos habitam, numa extensão de 40 quilômetros, e uma largura que oscila de 6 a 12 quilômetros. Este território é cercado por patrulhas Israelenses e Egípcias que impedem qualquer tentativa de fuga. Sua fronteira marítima é limitada a 5 quilômetros a partir da costa. Auxilio não chega. Nenhum tráfego aéreo ou marítimo é permitido. Os habitantes de Gaza são prisioneiros. Porém, emulando outro povo, através dos túneis chega o contrabando.

Em 8 de julho 2014 Israel ataca Gaza. Em seguida, com milhares de foguetes artesanais e inócuos, revidam contra o agressor. Querem a liberdade. Seus combatentes levam a luta ao inimigo em guerra subterrânea, mas pouco sucesso alcançam. Centenas morrem. Estão fadados à derrota. As bombas e mísseis chovem sobre este novo Ghetto, eliminando armados e  desarmados.

Rompendo a cortina da desinformação que todo conflito traz, o observador busca entender e encontra a realidade nos fatos, não nas interpretações. Depara-se com a aritmética do terror; 1800 palestinos mortos, dentre os quais um milhar de crianças, mulheres e velhos. Já as baixas Israelenses alcançam 70 militares e 4 civis.

Trágica herança: ainda muitos morrerão. Destruição da rede de esgoto, da canalização de água, falta de energia e, ainda mais trágico, hospitais destruídos. Ferido, ainda, o futuro dessa gente prisioneira, gente determinada, indômita, em busca da liberdade.


Shalom, Salam

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