A moderna história política brasileira parece submissa à Pallas,
deusa da Tragédia. A terrível perda de Eduardo Campos, jovem líder político,
para muitos a esperança de um Brasil melhor, reflete uma série de eventos de
estrema infelicidade, eventos inesperados cujos resultados prejudicaram à evolução política da Nação.
O surpreendente suicídio de Getúlio Vargas em agosto de 1954
lançou o país numa crise institucional. Após tentativas anti-democráticas e de
rebeldia militar, chegou-se a novo equilíbrio e tranqüilidade política que
levou o país ao governo de Juscelino Kubitschek. Seguiu-se a eleição e inesperada renuncia de Jânio Quadros, desprezando
o voto majoritário que o elegera e trazendo à presidência João Goulart, companheiro de chapa indesejado,
cujas preferências políticas eram contrárias à maioria do colégio eleitoral.
A deposição de João Goulart, seguida de 20 anos de regime
militar, teve por conseqüência a perda das liberdades cívicas, mortes de ambos
os lados. Preço amargo pago por um período de alto desenvolvimento e modernização do Brasil.
A tragédia seguiu seu curso. No auge da redemocratização, elege-se
Tancredo Neves, político experiente e ungido pela prudência mineira. Assume a
presidência e morre. Um presidente
imprudente, que ninguém queria, assume despreparado. José Sarney leva o Brasil
ao caos orçamentário e inflacionário.
Fernando Collor o sucede. Inova, leva o susto ao limite máximo,
mas também moderniza, privatiza e derruba os nichos do atraso, IAA, IBC,
Interbras e outros...Mas leva à novo patamar a cupidez do poder. Não dura. Sujeito a impeachment, é expelido do governo, deixando em seu lugar Itamar
Franco.
Hoje, após duas décadas de governo democrático, Pallas desperta
e volta seus olhos para o Brasil. Eduardo Campos tem a vida interrompida,
deixando um vazio. Deixa mulher e filhos atônitos com a perda cruel. Deixa o Brasil,
mais uma vez, consternado por mais esta ferida
que nos desfere a implacável deusa. Resta saber quem herdará o este trágico
espólio.
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