Edward Snowden concedeu recente e importante entrevista para
a televisão brasileira. É difícil ouvir este jovem sem sentir empatia pelos
seus argumentos e perguntar-se que caminho trilha esta civilização
moderna.
Com trinta e dois anos já enfrenta, por inimigo, a maior
nação do planeta. Na sua terra é tratado, pelas mais altas autoridades, como traidor e espião, passível de prisão
perpétua ou pena de morte.
Na gênese dos fatos está o trágico “nine eleven”. As
cautelas anti-terroristas tornaram-se essenciais. Direito de auto defesa inconteste.
Mas, contra quem? A fronteira que separa o cordato do absurdo pode ser tênue,
e, sob intenso terror, por que não dizer pânico, o segundo atropela o primeiro.
As referências institucionais e constitucionais correm risco real.
Assim agem os organismos criados para a coleta de
informações pertinentes, ou, como agora é conhecido, impertinentes. Adquirem
vida própria, em busca de poder e sustento, ampliando sua rede. A tecnologia
como instrumento de coleta evolui em ritmo geométrico, atropelando as barreiras
originalmente erguidas em defesa da privacidade do cidadão inocente do crime
terrorista.
Em perene ampliação de sua missão original, este Leviatã sob
tênue controle, estende seu poder sobre países
amigos e inimigos, seus dirigentes, subtraindo-lhes segredos políticos, comerciais e tecnológicos.
Estaria o jovem errado em alertar a opinião pública para o atropelo
que sofre a Nação? Não foram poucas as notícias que revelaram o espanto,
sincero ou hipócrita, que se abateu sobre os mais altos escalões do governo.
Barack Obama, o presidente que acusa Snowden de traidor, revelou de público seu
espanto e indignação com o alcance da espionagem praticada pela NSA. As mais
relevante empresas privadas, como Microsoft, Google, Facebook e outras, somente
após as denuncias do jovem “espião” rebelam-se contra a intrusão indesejada da Agência
intrusiva. Reconhecem o perigo institucional, e a perda de clientes.
Resta saber se Edward Snowden fez mal a seu país, ou,
inversamente, ao confrontar os cidadãos com a corrosiva realidade, deu-lhes o conhecimento
de quão ameaçados estão os valores gravados
na Constituição dos Estados Unidos, valores responsáveis pela incontestável
grandeza daquele país. É difícil compreender o idealismo que pode motivar um
jovem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário