terça-feira, 24 de junho de 2014

Bitcoin chega ao Brasil


Hoje os jornais divulgam a chegada ao Brasil do Bitcoin da moeda virtual já utilizada nos Estados Unidos (e sua área de influência) e criada no Japão. Mais ou menos como o dinheiro do conhecido “Monopólio”, que a algum momento todos já jogaram. Seguindo a desejável, porém perigosa, corrente da Inovação, um empresário Brasileiro acaba de inaugurar a  primeira “corretora” desta “moeda” no Brasil, onde compra e venda são executadas.

O Bitcoin é moeda de mentirinha que se transforma em moeda verdadeira na medida que adultos com duvidosa maturidade resolvem legitimá-la. Uma crescente rede comercial, em boa parte do mundo, vem aceitando esta moeda como forma de pagamento. Como exemplo imperfeito, o preço do ouro também se lastreia num mercado onde a referência está no seu custo de produção, e, mais importante, no receio à inflação e instabilidade política. No entanto, o ouro não pode deixar de ter valor, enquanto o Bitcoin pode, subitamente, baixar a  zero por não ter uma referência intrinseca.

Aí reside o perigo. A flutuação desta “moeda” revela-se estrema. Lançada a preço abaixo de dois dígitos, e já tendo superado, no passado recente, US$ 1.400,00 por unidade, situa-se, hoje, nas redondezas de US$ 600,00. Mas, longe de tornar inconveniente tal oscilação, os proponentes desta novidade monetária reconhecem a contribuição dos especuladores para garantir sua liquidez, ainda que enormes prejuízos àqueles que mantêm saldos sejam prováveis.

 Para auxiliar no entendimento desta singular manobra de marketing financeiro, entidades que operam no setor não estão infensas ao desastre, como ficou  comprovado com o insucesso de importante operadora de Bitcoin no Japão, onde sua falência e enormes prejuízos não encontraram explicação convincente. Fraude, incúria…não se sabe.

Este é o ponto que motiva esta coluna a questionar a razoabilidade de instituir-se, no âmbito das atividades financeiras nacionais, instrumento de questionável estabilidade e transparência. Se, por uma lado, as moedas nacionais não mais dependem do lastro ouro (ou qualquer outro), têm o tesouro nacional como garante. Ao Bitcoin falta lastro, falta-lhe gravitas, essencial à relação de troca anônima e disseminada.

Fica, assim, incompreensível a atitude do Banco Central com respeito a esta “moeda”. Que se infiltra sob a capa lustrosa de “Inovação”. Alega a  instituição que, sendo seu volume insignificante, seu insucesso não resultaria em risco sistêmico. Contudo, não deveria a circulação de instrumento que depende do lastro da confiança, que circula livremente entre as partes assim emulando  a moeda nacional, merecer das Autoridades cautelar supervisão?  Afinal, a extensão de seu uso, se no momento é pequena, poderá, sem controles, tornar-se importante, causando prejuízos àqueles que pensam estar protegidos.





Nenhum comentário: