domingo, 29 de junho de 2014

A nova guerra do Iraque



Mais uma vez, torna-se difícil entender o quebra-cabeça que representa o Iraque. Quem é aliado e inimigo de quem? Onde estão as lealdades?  Certamente,  o governo Iraquiano, de preponderância Xiita e liderado por Nouri al-Maliki, considera-se o único legítimo. E quanto aos demais protagonistas? 

Os Curdos, semi-independentes desde que os Estados Unidos iniciaram sua guerra a Saddam Hussein, desenvolveram toda uma estrutura autônoma e independente de Bagdá. Tem seu próprio exército que responde ao governo de Massoud Barzani. Tem seu próprio petróleo, e o negocia em proveito próprio, a revelia da lei que determina ser o petróleo pertencente à nação Iraquiana. O faz com a cumplicidade de empresas petrolíferas internacionais sem nada contribuir ao erário nacional.  Neste momento, o Curdistão Iraquiano vislumbra a singular oportunidade de tornar-se um estado independente, consolidando militar e economicamente suas fronteiras.

Os Sunitas, antigos governantes do país, se rebelam contra o domínio político Xiita, povo este subjugado pelo partido Baath, composto por Sunitas como Saddam Hussein.  Seguem a máxima que rege a região:  “inimigo de meu inimigo, amigo é”. Aliam-se aos invasores do terrorista ISIS, por sua vez  financiado pelas monarquias Árabes. O objetivo comum:  desestabilizar o inimigo Xiita. Soldados e oficiais Sunitas, membros do exército Iraquiano, abandonam suas armas, entregando aos invasores o importante território sob sua guarda.

Restam os Xiitas. População majoritária resgatada do jugo Sunita pela invasão americana. Pouco interesse têm para facilitar o acesso de seus recém inimigos ao poder.   Seu exército, pego de surpresa pela invasão dos terroristas do ISIS (onde estavam a CIA, o NSA que tudo observam, escutam?) sofreu de imediato a deserção dos Sunitas, porém hoje parece  recomposto. Face à falta de apoio militar, solicitado aos Estados Unidos, e rejeitando a condicionalidade imposta por Washington,  El-Maliki busca e obtêm apoio de tropas especiais Iranianas e aviões Russos, alem dos simbólicos  200 soldados enviados pelo Pentágono.

Já em  Washington, observa-se os meandros da política externa de Washington. Enquanto grassa o conflito. o presidente  exige do Premier Iraquiano reformulação político-partidária que dê, também,  aos Curdos e Sunitas voz ativa nos destinos da nação ora fracionada. Simultaneamente, o Vice Presidente propugna o desmembramento do Iraque em três países: Xiita, Sunita e Curdo.

A  proposta, oferecida por J.  Biden, parece pretender forçar Bagdá à adoção da exigência do presidente Obama. Esta, não parece levar em conta sua inoportunidade e impraticabilidade face à realidade político-militar. Em complemento à complexidade acima, adicione-se a circunstância onde Washington apóia rebeldes sírios que lutam contra o governo Assad que combate o ISIS que invade o Iraque.

Parece pouco provável que Bagdá siga o conselho de Washington na medida em que suas forças recuperem, pouco a pouco, o território perdido ao ISIS e seus aliados Sunitas. Mas poderá tornar-se uma vitória de Pirro. A derrota no campo de batalha não impedirá uma crescente guerrilha terrorista, onde ataques disseminados e homens e caminhões-bomba hão de dificultar a reorganização do país.


Talvez chegue, então, a hora de resgatar a equilibrada participação política das etnias e religiões, tornando possível  a consolidação da milenar Babilônia. Ou, inversamente, até onde irão os reinos do Oriente Médio em busca da restauração do domínio Sunita?

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Um novo Supremo




Como é importante um individuo. A saída de Joaquim Barbosa desmontou o Supremo. Não porque tivesse ele uma genialidade, nem que fosse onisciente, mas tinha, este homem especial,  um sentido de prioridade na aplicação da Justiça. Justiça no seu sentido amplo, não no sentido de manipulação dos infindáveis códigos que regem nossa vida republicana.

Joaquim Barbosa entendeu a importância da severidade no trato da corrupção, por ser este crime o mais difícil de comprovação, e, por conseqüência, o mais propenso à disseminação. Compreendeu que o país está sob extremo perigo, pois a corrupção avilta a democracia por escamotear a verdade, por subverter a moral pela deificação do material. Naquilo que a interpretação jurídica lhe permitia navegar, optou pela alternativa dura, intransigente, exemplar para que, no futuro, os mistificadores, privados e oficiais, hesitem empreender aquilo que até então era impune.

Mas errou o Ministro Joaquim Barbosa ao abandonar a luta, deixando o campo de batalha aos adversários.

Ontem o Ministro Roberto Barroso tornou-se o relator do processo do famigerado  Mensalão. Em sua primeira declaração afirma “o condenado tem pressa”. Revela empatia pela aflição do encarcerado, aquele que pelo seu roubo priva o povo do que é seu, empatia que ignora que pressa  tem a sociedade para que o criminoso cumpra sua justa pena.

Dias depois afirma,  como justificativa, que a lei penal tem por objetivo re-socializar o delinqüente, esquecendo que a condenação tem por objetivo primordial proteger a sociedade pela reclusão do criminoso, e, ainda, tem por meta tornar a punição exemplo de efeito preventivo.   A re-socialização, como conceito, vem bem depois dos dois primeiros objetivos que a lei penal pretende alcançar. 

Ainda, evoca “circunstâncias do sistema carcerário do país” sugerindo os habituais maus tratos na carceragem brasileira, sem lembrar-se, contudo, da gentil mordomia que cerca os principais condenados na Papuda.

Desprezando a lei que determina  cumprimento prévio de um sexto da pena para que possa o apenado requerer trabalho externo, buscou o plenário do Supremo Tribunal  argumentos embasados em piegas manifestações,  onde o vicio nacional do “coitadinho” mais uma vez se manifesta, encobrindo maliciosa influência política. Somente o Ministro Celso de Mello manifestou-se a favor da severidade da lei vigente, não reconhecendo como válida a alegada jurisprudência (por ser ela proveniente de instância inferior) e brandas interpretações que permitissem ignorar os exatos termos da lei.



Assim, coube ao Supremo Tribunal Federal estabelecer jurisprudência que há de degradar a severidade da Justiça  e o cumprimento dos vereditos.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Bitcoin chega ao Brasil


Hoje os jornais divulgam a chegada ao Brasil do Bitcoin da moeda virtual já utilizada nos Estados Unidos (e sua área de influência) e criada no Japão. Mais ou menos como o dinheiro do conhecido “Monopólio”, que a algum momento todos já jogaram. Seguindo a desejável, porém perigosa, corrente da Inovação, um empresário Brasileiro acaba de inaugurar a  primeira “corretora” desta “moeda” no Brasil, onde compra e venda são executadas.

O Bitcoin é moeda de mentirinha que se transforma em moeda verdadeira na medida que adultos com duvidosa maturidade resolvem legitimá-la. Uma crescente rede comercial, em boa parte do mundo, vem aceitando esta moeda como forma de pagamento. Como exemplo imperfeito, o preço do ouro também se lastreia num mercado onde a referência está no seu custo de produção, e, mais importante, no receio à inflação e instabilidade política. No entanto, o ouro não pode deixar de ter valor, enquanto o Bitcoin pode, subitamente, baixar a  zero por não ter uma referência intrinseca.

Aí reside o perigo. A flutuação desta “moeda” revela-se estrema. Lançada a preço abaixo de dois dígitos, e já tendo superado, no passado recente, US$ 1.400,00 por unidade, situa-se, hoje, nas redondezas de US$ 600,00. Mas, longe de tornar inconveniente tal oscilação, os proponentes desta novidade monetária reconhecem a contribuição dos especuladores para garantir sua liquidez, ainda que enormes prejuízos àqueles que mantêm saldos sejam prováveis.

 Para auxiliar no entendimento desta singular manobra de marketing financeiro, entidades que operam no setor não estão infensas ao desastre, como ficou  comprovado com o insucesso de importante operadora de Bitcoin no Japão, onde sua falência e enormes prejuízos não encontraram explicação convincente. Fraude, incúria…não se sabe.

Este é o ponto que motiva esta coluna a questionar a razoabilidade de instituir-se, no âmbito das atividades financeiras nacionais, instrumento de questionável estabilidade e transparência. Se, por uma lado, as moedas nacionais não mais dependem do lastro ouro (ou qualquer outro), têm o tesouro nacional como garante. Ao Bitcoin falta lastro, falta-lhe gravitas, essencial à relação de troca anônima e disseminada.

Fica, assim, incompreensível a atitude do Banco Central com respeito a esta “moeda”. Que se infiltra sob a capa lustrosa de “Inovação”. Alega a  instituição que, sendo seu volume insignificante, seu insucesso não resultaria em risco sistêmico. Contudo, não deveria a circulação de instrumento que depende do lastro da confiança, que circula livremente entre as partes assim emulando  a moeda nacional, merecer das Autoridades cautelar supervisão?  Afinal, a extensão de seu uso, se no momento é pequena, poderá, sem controles, tornar-se importante, causando prejuízos àqueles que pensam estar protegidos.





segunda-feira, 23 de junho de 2014

Uma semana no Oriente Médio


Palestina          


Dois jovens Palestinos mortos a tiros. Desarmados. Os vídeos de câmaras de segurança comprovam. Dias depois, três jovens Israelitas são seqüestrados. Pediam carona. Onde? Não foi revelado. Em território árabe ou Judeu? Não se sabe. Dias depois invasão de tropas Israelenses em busca dos seqüestrados. Centenas de prisões. Três Palestinos mortos, um deles adolescente. Desarmados. Netanyahu acusa o Hamas. Pede-se provas. Ainda não apresentadas.


Iraque



Invadido pelos terroristas do ISIS e seu exército acuado, o Iraque pede ajuda aos Estados Unidos. Estes retrucam, só com troca de governante! No meio da batalha? Onde estão com a cabeça? Acordam. John Kerry constata o absurdo de sua pré-condição. Promete ajuda mesmo sem mudança no ápice político Iraquiano. Cogita-se, ainda,  ajuda do Irã, nação xiita. Intervenção que causaria furor na população Sunita. Enquanto isso, os Curdos, protegidos em suas montanhas do Nordeste Iraquiano, aproveitam a confusão e incorporam a riquíssima cidade de Kirkuk, até então fora de seu controle.


Egito



O peripatético John Kerry lá chega.  Assegura o apoio de Washington ao general golpista Abdel Fattah el-Sissi. Manifesta apreço e confiança no “respeito aos direitos humanos e políticos dos cidadãos Egípcios” conforme prometido pelo  carrancudo general. Em seguida três jornalistas são condenados à prisão, dois a sete anos, e o terceiro a dez por ter no bolso, quando apreendido, o cartucho vazio de uma bala. Seus crimes: disseminar notícias inverídicas quanto à ordem reinante no país.



O Oriente Médio é a região mais explosiva do planeta. Conflito geopolítico, econômico, religioso, étnico.  Confronta o  Mediterrâneo e seu canal de Suez liga a Europa ao Oriente. O petróleo aguça a cobiça dos poderosos. Judeus, Muçulmanos com suas múltiplas diferenças tornam-se inimigos.  Árabes, Israelitas e Persas dividem as etnias. Quanto tempo, quantas vidas, quanto capital para chegar-se ao equilíbrio da convivência?


sábado, 21 de junho de 2014

Facebook e eleições





transparenciabrasil.com.br
Não são poucos os que acham o Facebook um veículo onde frivolidades imperam. Para alguns, poucos instrumentos de relação parecem revelar tantas pessoas solitárias em busca da atenção alheia, onde a vaidade, por vezes, parece incontida. Para outros, o FB é a sala de estar eletrônica, onde a conversa torna-se permanente por vezes revelando, com indiscrição crescente, a vida de cada um. Ainda outros encontram nesta mídia social a oportunidade de intercambiar idéias, conhecimento e opiniões embasadas. De forma cruel, o sucesso do Facebook pode decorrer,  em boa parte,  de tênue inter-relacionamento doméstico. São múltiplas as interpretações, possivelmente todas válidas.

Mas uma coisa é certa. A rede  Facebook pode ser  um instrumento político insuperável. A capacidade de divulgar fatos (ou factóides) políticos e fomentar ação partidária quase instantânea para 61 milhões de brasileiros é inigualável. Sua “circulação” excede a de qualquer outro meio de comunicação. Quando se trata de eleições quase todos compõem o público alvo; o simples acesso aos amigos, e amigos dos amigos gera uma enorme e eficaz corrente.

As eleições que se aproximam remeterá o eleitor brasileiro à uma encruzilhada, onde a opção por este ou aquele candidato levará o Brasil e Estado do Rio (este blog é, sobretudo, carioca) pelo caminho do retrocesso; ou, inversamente, na direção de sua recuperação econômica e democrática.

Os crescentes obstáculos levantados pelo Partido dos Trabalhadores às liberdades institucionais devem merecer repúdio. Os “conselhos populares” (soviets?) recém criados ameaça a representatividade parlamentar. A manipulação de movimentos anarco-políticos como os dos Sem terra e Sem Teto favorece a contestação violenta,  onde o Executivo assume o papel de “bonzinho”. O constrangimento pretendido da liberdade de imprensa denota a opção totalitária em pról do pensamento político único. Estas e outras iniciativas revelam  estar o  PT seduzido pelo exemplo Venezuelano da “democracia popular”.

Do ponto de vista econômico, o  comando Petista, atabalhoadamente, é vitima de ideologia que fere a teoria econômica, deitando por terra seus projetos.  A constante manipulação das regras do jogo econômico, visando “espertezas” de curto prazo prejudica o crescimento ordenado da economia Brasileira compromete o  potencial do país. Apesar das manipulações que afetam seriamente as áreas de petróleo, energia elétrica, e taxas de juros,  a inflação mantêm-se raivosa, comendo o bolso dos pobres e da classe média. Enquanto as escandalosas despesas de Brasília prosseguem, com 39 ministros ineptos , pois não conseguem cumprir os objetivos orçamentários,  e quase um meio milhar de legisladores, muitos em busca de enriquecimento, a divida cresce e o imposto sobe. Constata-se a  Saúde com hospitais degradados  e a Educação secundária  esquecida. A Justiça entra em anomia, senão colapso, entrosada, através de nomeações proto-partidárias, com os interesses do partido no poder.

Já em nossa casa, no Rio de Janeiro, o candidato a governador que lidera as pesquisas, Antony  Garotinho, há pouco  declarou ser o projeto das UPP’s  apenas um “latão”. O vocábulo, hermético para a grande maioria, refere-se ao container habitualmente usado para abrigar o comando policial no morro. Linguajar de bandido.  Pretende desmontá-las e substituí-las por “Comitês para a Paz” e “Delegacias Legais”, totalmente inócuos quando de seu  governo anterior.  Ao eliminar as UPPs e favorecer a devolução  ao tráfico o domínio daquele território despreza o alto custo de vidas e de dinheiro ao implantá-las. Finge ignorar que o retorno do tráfico ao poder nas comunidades coloca em risco a vida do cidadão e de sua família. Vale lembrar, que o garotinho, que agora almeja governar,  há pouco tinha Ficha Suja, liberado que foi  pelo Presidente do Tribunal Eleitoral, Dr. Toffoli, com forte vinculação PTista.


Aproxima-se o momento de usar o Facebook; mobilizar os eleitores que deverão repudiar os candidatos que ameaçam a sociedade.  Até o PMDM já exibe dúvidas quanto aos caminhos impostos por seu parceiro populista. A dúvida sobre Dilma já corrói seu próprio partido. É hora de tomar a iniciativa, e não mais deixá-la até o ultimo voto depositado.  Aos jovens, que conhecem os meandros desta notável rede social, cabe a iniciativa de organizar, arregimentar e levar às urnas o voto que resgate a Nação.

sábado, 14 de junho de 2014

O planeta febril



www.odeliriodabruxa.blog



i
Sobe a temperatura do organismo planetário. O mundo está nervoso. Nos principais  continentes vemos conflitos ou iminentes disputas. Alguns exemplos:


David Cameron
Na Europa temos a disputa pacífica, porém desagregadora de seu mapa. Na Espanha a possível queda da monarquia e a ameaça de secessão da Catalunha mantêm a febre alta. Ainda, a Escócia contempla sua independência, criando sérios embaraços para a Inglaterra, visto a perda da maior parte de seu petróleo. Já a Grã Bretanha, neste momento arrisca alterar o mapa da União Européia, já debilitada nas últimas eleições de seu  parlamento. Cameron, o premier Britânico,  insiste  em mudar as atuais regras da Comunidade a seu favor, é claro. Merkel e Hollande resistem.  A Ucrânia mantêm-se  em crise, mesmo após a Rússia acalmar, uma vez conquistada a Crimeia e retirar o grosso de suas tropas da fronteira em brasas. Prevalece, ainda, profunda desconfiança . 


Xi Jinping
Na Ásia, temos a expansão política e militar da China. Agressiva busca a soberania de ilhas  situadas nos mares em seu entorno. Em resposta, o Japão abandona sorrateiramente a limitação constitucional de seu armamento, para fazer frente àqueles mesmos Chineses que, anteriormente, massacravam. Viet Nam, e Filipinas se juntam ao Japão para conter o dragão de Pequim. Dando-lhes suporte, os Estados Unidos ampliam suas bases em Guam, Okinawa, Subic Bay, Taiwan e outras menos conhecidas. Faz-se o cerco ao dragão que não gosta disso. Como resposta, Pequim e Rússia estreitam laços comerciais e militares.Do outro lado dos Himalaias, a Índia, Paquistão e Afeganistão arreganham os dentes e mordem.


Nouri Al Maliki
E chegamos ao Oriente Médio. Quebra cabeça infernal, onde geografia e religião conspiram para uma permanente instabilidade. Região onde é difícil identificar bandidos e mocinhos. Xiitas, Sunitas, Alawitas, Wahabitas, Cristãos Ortodoxos,  Drusos, Coptas e Judeus enrijecem as fronteiras da tolerância.  O Iraque novamente invadido, por forças apoiadas por nações vizinhas, defendido, talvez, por outras forças vizinhas, como o Irã. Israel e Estados Unidos optarão por fortalecer os Xiitas, estes afastados de movimentos terroristas, ou darão apoio aos Sunitas (com forte ligação aos movimentos terroristas) dominantes nos países Árabes?




Na África temos a instabilidade e o colapso da governabilidade nos mais diversos países, do Norte ao Sul. Desde os conflitos na Líbia e a tirania feroz no Egito, e trespassando  o sub Saara vemos países artificiais, ainda sob neo colonialismo como o Mali, o Tchad, a República Centro Africana em conflito endêmico. Na Nigéria o terror e praticado por todas as partes. Na Somália, berço do Ser Humano, não mais há humanidade. Grassa a ambição, a crueldade, sustentadas  por uma religiosidade travestida, agravadas pela penúria da água e do alimento.


Como beneficio indireto da geografia e do baixo desenvolvimento (ambos inter-relacionados) temos  a América Latina,  afastada desta tempestade que parece se aproximar. Sofrerá, no entanto, suas conseqüências. 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Turbilhão no Oriente Médio (novamente)






A bomba geopolítica, que estava por estourar, cumpriu sua ameaça.  Foram diversos os fatores que tornavam previsível a desagregação violenta desta nação. Regido por governos fortes, leia-se ditatoriais, desde sua concepção,  o Iraque, com fronteiras concebidas pela habilidade e malicia Britânica, abriga populações heterogêneas, hostis entre si (além de tesouro incalculável). Os majoritários Xiitas  (65% da população), os Sunitas e os Curdos. Os dois primeiros disputam a primazia teológica, na busca do verdadeiro herdeiro de Maomé, já o terceiro se diferencia pela etnia, sendo Sunita sua inclinação religiosa. O tênue equilíbrio que perdurava até o governo Saddam Hussein lastreava-se na força cruel, essencial, naquelas paragens,  para a coesão de Estado tão fracionado.

Ao substituir o adesivo político militar, a invasão norte americana do Iraque retirou-lhe o elemento coesivo (ainda que cruel).

Assim, é  iminente a desagregação do Iraque. A latente hostilidade da minoria Sunita recebe agora o apoio de forças da mesma denominação religiosa, o Exército Islamita da Síria e do Iraque (EISI), criado no caldeirão da guerra civil Síria e financiado pela Arabia Saudita e os Emirados Árabes.

No entanto, não deveria ser difícil para as superdotadas agências internacionais de inteligência, certamente sintonizadas em tudo que ocorre naquela região, prever o desdobramento que  ora se observa. 

Alguns elementos chave deveriam saltar-lhes aos olhos:

A progressiva e crescente violência  empregada por elemento Sunitas contra a população Xiita ao longo dos últimos anos demonstram, claramente, a relutância dos Sunitas em aceitar o comando do Primeiro Ministro Al Maliki, líder Xiita. Embora eleito democraticamente, não teve habilidade ou vontade política para promover a coesão necessária.

O distanciamento político e a gradual independência  da população Curda face a Bagdá torna-se elemento desestabilizador. Inicialmente protegidos pelas forças norte-americanas e, agora,  por interesses petrolíferos, Massoud Barzani, principal líder Curdo tem optado por manter sua distância.

A fragilidade militar do exército Iraquiano, destituído de armamento pesado e de força aérea, resultado da desconfiança norte americana face ao governo Xiita, torna El  Maliki incapaz de fazer frente às forças invasoras, agressivas e dispersas.

Finalmente, o transbordamento do conflito Sírio sobre as margens Iraquianas era, senão  inevitável, muito provável. O apoio de Washington às forças hostis a Bashar al Asad, repete os erros que decorreram da derrubada de Saddam Hussein. Os radicais rebeldes  Islâmicos, os mais aguerridos, livres da contenção  de Washington, dão livre curso à audácia de seus líderes.

O que fazer? São diversos os cenários que se oferecem:
1. 
       Apelar para a mobilização dos Pesh Merga, força armada dos compatriotas Curdos, estrategicamente bem colocados a Leste de Mosul, o corredor de entrada do EISI.  Será de seu interesse afastar os rebeldes, que eventualmente se infiltrarão em terras Curdas colocando em risco suas incipientes independência e produção de petróleo? Ou optarão por aproveitar-se do caos, e buscar vantagens territoriais?
2.       Bagdá apela ao Irã, irmão na fé Xiita e com quem mantêm as melhores relações, auxilio militar, este capaz de prover aviação e blindados, e um exército bem treinado. Será que Teerã  desejará se envolver em tão pegajoso conflito, onde a entrada fácil promete uma retirada difícil?
3.       Pedir apoio à Turquia parece improvável face à rejeição dos Curdos, inimigos centenários.
4.       Help! Os Estados Unidos possuem poderosa força aérea em seus dois porta-aviões no Golfo Pérsico. Em questões de minutos seus “drones”  identificarão as posições dos invasores, seguindo-se ataques de mísseis “Cruise”, aviões e helicópteros.  Não seria necessário tropas terrestres para rechaçar o inimigo. Parece o caminho mais fácil do ponto de vista militar. Politicamente, contudo pelo menos três obstáculos se apresentam
a)      Renovado envolvimento norte americano naquele teatro de operações trará crescentes custos financeiros em momento de frágil recuperação econômica,
b)      Toda guerra traz armadilhas políticas, especialmente no cenário de sucessão presidencial.
c)      Ainda, a destruição do EISI favorecerá o governo Assad, o que, por consequência, prejudicará seu aliado rebelde na guerra civil Síria, o  Conselho Nacional Sírio.

Não é por acaso que o Oriente Médio se revela  tão complexo tabuleiro geopolítico. Sua formação geográfica desimpedida permite o livre deslocamento  de forças antagônicas e culturas e religiões diversas,  acrescida da incalculável riqueza mineral que aguça a cobiça dos países poderosos. Não é jogo para amadores (Sorry, Washington).

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Avaliações e previsões



A 23 de fevereiro, o presidente eleito da Ucrânia é deposto. A partir de  24 de fevereiro p.p. este blog tem acompanhado a crise que se abateu sobre a Ucrânia. Avaliações e previsões (imprudência!) se seguiram. Uma retrospectiva  do que foi publicado torna-se, talvez,  de interesse para os leitores desta coluna.


24 de fevereiro 2014

Pretender atrair a Ucrânia para a esfera Ocidental traz sérios riscos...age o Ocidente com extrema imprudência ...podendo derivar para o confronto armado...

27 de fevereiro

...para entender ...é preciso coloca-lo no contexto de nova “Guerra Fria” ... acesso a maior área terrestre do planeta...dividendos geopolíticos infindáveis...convêm lembrar que xadres se joga a dois...acuado o Urso reagirá? ...quanto será tolerado...qual a resposta militar?

1 de março

....Criméia sublevada...intervenção branca de tropas Russas...área de vital interesse da Rússia....

28 de março

...pode-se avaliar perdas e ganhos de parte a parte...Ucrânia dividida...Ocidente influi na política e economia de Kiev...Rússia excluída do G8 porém incorpora a Criméia...

6 de maio

...não haverá guerra...mesa de negociações...empréstimos do Ocidente, e energia da Rússia...neutralização do país...nem OTAN nem Kremlin...



Os jornais hoje noticiam o inicio de negociações formais entre Ucrânia e Rússia. Espera-se que seja o começo do fim.

domingo, 8 de junho de 2014

Ainda, o Papa Francisco

New York Times

Tudo é possível para o Papa. Reunindo no Vaticano um líder máximo Israelense, Shimon Perez, e o presidente da Autoridade Palestina, Abu Abbas, o inigualável Francisco Primeiro demonstra a possibilidade da Paz na mais conflagrada região planetária. Desafia os falcões, de lado a lado, que disseminam a noção de que a concórdia é impossível entre Judeus e Palestinos.

A Paz traria enorme desenvolvimento interno a ambos os povos; à Israel com a redução de sua enorme mobilização militar. Festung Israel seria substituída pela abertura das fronteiras comerciais no mundo Islâmico, conforme a proposta formal da Liga Árabe. Ainda, com o fim da subjugação, a hostilidade que alimenta os movimentos radicais teria sua violenta mensagem diluída, bem como reduziria, em muito, a rejeição que hoje se amplia na comunidade internacional. Quanto ao Estado Palestino, a desocupação abriria portas ao livre transito e comercio em seu território e no exterior, hoje atrofiado, reduzindo drasticamente o clima de ódio que prevalece.

Os políticos de ambos os lados devem avaliar e quantificar os benefícios, não apenas políticos mas econômico-financeiros, decorrentes do fim do conflito entre estes dois povos milenares. Que a bolsa reforce o espírito.



sábado, 7 de junho de 2014

Ideal ou Traição



Edward Snowden concedeu recente e importante entrevista para a televisão brasileira. É difícil ouvir este jovem sem sentir empatia pelos seus argumentos e perguntar-se que caminho trilha esta civilização moderna.

Com trinta e dois anos já enfrenta, por inimigo, a maior nação do planeta. Na sua terra é tratado, pelas mais altas autoridades,  como traidor e espião, passível de prisão perpétua ou pena de morte.

Até o momento nenhum fato valida estas acusações. Não obstante o poderio de Washington, e de sua inesgotável capacidade de coletar informação dentro e fora de fronteiras,  nenhum fato foi arrolado comprovando ser Snowden agente de qualquer nação, aliada ou inimiga. Ainda, nenhuma vantagem obteve, a não ser o exílio. Quanto a ser traidor, cabe indagar se o rompimento de um contrato de confidencialidade celebrado com seu  governo constitui traição, quando a falta se dá para alertar a Nação e defender seus valores.

Na gênese dos fatos está o trágico “nine eleven”. As cautelas anti-terroristas tornaram-se essenciais. Direito de auto defesa inconteste. Mas, contra quem? A fronteira que separa o cordato do absurdo pode ser tênue, e, sob intenso terror, por que não dizer pânico, o segundo atropela o primeiro. As referências institucionais e constitucionais correm risco real.

Assim agem os organismos criados para a coleta de informações pertinentes, ou, como agora é conhecido, impertinentes. Adquirem vida própria, em busca de poder e sustento, ampliando sua rede. A tecnologia como instrumento de coleta evolui em ritmo geométrico, atropelando as barreiras originalmente erguidas em defesa da privacidade do cidadão inocente do crime terrorista.

Em perene ampliação de sua missão original, este Leviatã sob tênue controle,  estende seu poder sobre países amigos e inimigos, seus dirigentes, subtraindo-lhes segredos políticos,  comerciais e tecnológicos.

Estaria o jovem errado em alertar a opinião pública para o atropelo que sofre a Nação? Não foram poucas as notícias que revelaram o espanto, sincero ou hipócrita, que se abateu sobre os mais altos escalões do governo. Barack Obama, o presidente que acusa Snowden de traidor, revelou de público seu espanto e indignação com o alcance da espionagem praticada pela NSA. As mais relevante empresas privadas, como Microsoft, Google, Facebook e outras, somente após as denuncias do jovem “espião”  rebelam-se contra a intrusão indesejada da Agência intrusiva. Reconhecem o perigo institucional,  e a perda de clientes.


Resta saber se Edward Snowden fez mal a seu país, ou, inversamente, ao confrontar os cidadãos com a corrosiva realidade, deu-lhes o conhecimento  de quão ameaçados estão os valores gravados na Constituição dos Estados Unidos, valores responsáveis pela incontestável grandeza daquele país. É difícil compreender o idealismo que pode motivar um jovem.                          


segunda-feira, 2 de junho de 2014

CURTAS



Sai Joaquim Barbosa. Deixa um vazio. Irritadiço, raivoso, polêmico e profundo conhecedor da Lei; qualidades essenciais, neste dias, para a  defesa da Justiça. Homem notável, saido da mais modesta das modestas condições, revelou qualidades que devem servir às futuras gerações. Para alegria irresponsável de seus adversários, dentro e fora dos tribunais, abre-se um caminho cheio de espinhos e armadilhas, onde a pedra angular da República vê-se fragilizada, onde o partidarismo assalta a mais alta Côrte. Tempos difíceis.


As eleições Européias, envenenadas pelo esperado crescimento dos partidos contestatários tais como o Front National francês, já causam forte reação na União Européia.  Identificando o marasmo econômico, com o resultante mega desemprego, como a principal causa do protesto Gaulês e de seus aliados, pretende Bruxelas aliviar a severidade financeira que oprime a região. Fala-se na adoção da receita norte-americana, onde o Quantitative Easing prepondera, irrigando o sistema bancário e reduzindo o valor da moda, tornando-a mais competitiva. O problema é a inflação que resultaria, anátema para Angela Merkel e as hordas Teutônicas.


Enquanto os Estados Unidos negociam com seus arqui-inimigos, os Talibãs, obtendo o sucesso na libertação de um seu soldado e esperando, provavelmente, encontrar um caminho para a Paz no Afeganistão, já Israel recusa-se a negociar com os Palestinos por incluírem em seu governo quatro representantes do partido Hamas. Afirma que não negociará com o inimigo, Esta coluna pergunta: Com quem se negocia a Paz, a não ser com o inimigo? Ou, então, a Paz não seria desejada, e a ocupação perpetuada.



O Rei da Espanha, Juan Carlos, abdicou. Diz ter chegado a hora de passar o bastão, ou a coroa, para sangue novo, para Don Felipe. A Monarquia, nestes últimos 45 anos, tem contribuído substancialmente para a estabilidade institucional e política da Espanha. Vale lembrar-se da atitude corajosa e democrática de Juan Carlos quando da tentativa de golpe dos radicais de direita. Já, o que espera Dom Felipe não será um mar de rosas, o Reino mergulhado que está  em profunda crise econômica, bom adubo para as tentativas radicais e separatistas.