segunda-feira, 12 de maio de 2014

Perda de respeito

Estádio de Manaus


Até bem pouco tempo, o Brasil encantava as manchetes da imprensa internacional. Era o país que célere rumava para o pleno desenvolvimento. Porém algo mudou. Para pior. Hoje as manchetes são outras, com pesadas críticas às trapalhadas do outrora pujante e admirado Brasil. Inflação em alta, PIB anêmico, a maior empresa brasileira em séria crise econômica e ética, infraestrutura cambaleante, escolas que não ensinam, constitui-se num rosário de problemas cuja solução Brasília não parece alcançar.

Vítima de seu impensado ufanismo, de deturpada confiança nos quadros de seu PT, o presidente Lula conquistou dois galardões de primeira grandeza, a Copa e as Olimpíadas. De fato, tivesse este governo competência e seriedade, a tarefa chegaria a bom termo. Afinal, sete anos de prazo para sua realização era generoso. Passado este teste de competência, hoje tão distante da realidade, a imagem nacional tomaria novo impulso, com os enormes benefícios que dela decorreriam.

Mas a audácia revelou-se irresponsável, e sem  menosprezar os benefícios eleitorais o presidente lançou o Brasil nisto que revelou-se uma aventura. Não esperava que trouxesse à  tona, de maneira tão explícita,  a falência administrativa e moral que atinge Brasília. Rasgou-se a fantasia que tanto encantara nossos amigos mundo afora.

O descalabro administrativo, contaminado por epidemia corruptora, impediu que, apesar do  prazo concedido, este governo não conseguisse realizar as obras a tempo e hora. Exibiu, despudoradamente, quão profunda é a incúria e a incompetência dos quadros governamentais, incapazes de planejar e executar obras dentro dos cronogramas necessários. Aliados que são na societas sceleris que hoje comanda a grande empreitada, os funcionários dos mais altos níveis conspiraram com os executores das obras, para atrasá-las a ponto de impor o imperativo liberatório da urgência. Adeus compromissos, limites, compostura.

Assim, libertos dos controles e métodos que normalmente norteiam qualquer projeto, partiram em alegre e irresponsável “pas de deux”, funcionário e empreiteiro, certos de que o objetivo era bem mais o ganho, e bem menos a obra.

Com apenas um mês para o início da Copa do Mundo, não existe a menor possibilidade para a finalização dos projetos demandados pela FIFA. Quanto às Olimpíadas, dificilmente teremos as obras terminadas, no padrão qualitativo imposto. Os jogos acontecerão, as torcidas chegarão ao êxtase, mas o gosto amargo do embuste não será esquecido. Quanto ao custo deste megalômano projeto que desafia qualquer comparação e qualquer semelhança aos padrões internacionalmente aceitos, este já pesa na opinião pública, e pesará, por muito tempo, sobre os ombros do Partido dos Trabalhadores Enganados.

Contrariando o hábito de culpar-se as elites pela crítica, neste caso culpe-se tambem os manifestantes nas ruas, os técnicos da FIFA e do Comitê Olímpico, e, a reboque, a imprensa internacional.


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