Se a lógica prevalecer, não haverá guerra. Mas, infelizmente, as guerras por vezes eclodem por eventos impensados, emocionais, causados por atores menores que incendeiam as emoções e a hostilidade mal disfarçada. A guerra também é causada pela cobiça, a vontade de ampliar o poder, o território sob domínio. E, por vezes, o medo a provoca, levando o que se julga mais fraco ao risco, à audácia na esperança de intimidar o adversário.
Desta vez, as potências Ocidentais se colocam no primeiro grupo. Desprezando ser a Ucrânia país sob a órbita Russa, por razões históricas milenares, não hesitaram entrometer-se nos assuntos internos daquele país, ativamente estimulando a derrubada de presidente democraticamente eleito. O bloco Ocidental, sob comando de Washington, em vez de pressionar pelo impeachment do Sr Yanukovitch, preferiu reconhecer a tomada de poder de Kiev por elementos radicais, desrespeitando o rito constitucional.
Esta circunstância é tão insólita que a enorme maioria da opinião pública Ocidental recusa-se a reconhecer o desenrolar de um fato inconteste. Ainda, dificultando uma visão objetiva, ao referir-se à Rússia, faz-se a simbiose mental da União Soviética, comunista, e da Rússia de hoje, capitalista e cristã.
Já a Rússia se coloca na segunda categoria. O temor, o medo do cerco que lhe faz a OTAN, o braço armado do Ocidente, levou o Kremlin à reação de extrema audácia. Se a incorporação da Criméia obedeceu a impositivo interesse estratégico-militar, uma vez que sua base naval em Sebastopol poderia ter sua concessão anulada de forma extemporânea, ela também se entrosa com a desestabilização da região russófona do Leste ucraniano.
O que nos reserva o futuro imediato? Se houver juizo, o caminho é a mesa de negociações. Sem adaptação do satus quo que leve em conta o conflito ideológico que resultou desta imprudência, Kiev dificilmente poderá deglutir pacificamente a zona contestada, onde se concentra a industria e a mineração do país. Não tão somente será necessário equacionar a politica, mas também a economia. Ambas se encontram em frangalhos. Empréstimos do Ocidente e energia da Rússia será a solução, porém os dois lados deverão aceitar a neutralização do país. Nem de um nem de outro, com apoio de ambos. Sem OTAN e sem Kremlin.
A alternativa lembra a mais negras das noites, onde a opção nuclear passa a existir.
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