Há dias, um jornal defendia a continuidade do
financiamento empresarial para os candidatos e agremiações políticas. Como argumento alegava que, caso proibida, a avalanche de dinheiro das empresas continuaria sob
forma de Caixa 2. A atual leniência para com este tipo de financiamento
eleitoral é uma das principais causas da epidemia corruptora que grassa no
país. Ora, as leis existem para serem respeitadas, e seu descumprimento punido. A preferência pela distorção tendo por base a dificuldade de correção espelha, até certo ponto, o contraditório que o Brasil enfrenta em sua luta pelo restabelecimento da ética pública.
O Executivo, apesar da preocupação que possa ter pela
manutenção da moralidade no seu ápice, vê membros de sua equipe próximos a
desmandos e desvios, onde a retidão cede às sutis curvas que o interesse
próprio e partidário recomenda.
A prosseguir o ciclo pernicioso, onde a intimidade une, quase
carnalmente, político e relevante grupo de empresários, o processo democrático estará
irremediavelmente comprometido, inevitavelmente desmoralizado. Apesar de existirem muitos parlamentares
corretos, a constatação objetiva é a de
que o Congresso não mais comanda respeito. Pouco dele a sociedade espera quanto
à dedicação e sacrifícios em prol da
Nação.
As instituições parecem ruir, sendo a mais importante delas,
a Justiça. Encontra-se submetida ao
anedotário mais cruel, onde o peso da moeda esmaga a o dever e a consciência.
Sem Justiça não há Estado Democrático, nem mesmo Estado. A probidade da
Justiça, na menor das causas, ou na maior delas, garante não apenas o presente;
dá, também, substância ao futuro. Sente-se que a grande
quantidade de magistrados probos parece soterrada pelos colegas motivados por
razões estranhas ao cumprimento da letra e do espírito da lei. Sem ela, nem ato
nem transação tem estabilidade ou confiabilidade, tornando o cidadão, ou
empresa, mera folha levada pelos ventos dos
interesses estranhos. A moralidade recém evidenciada no Supremo Tribunal
Federal, quando do julgamento do Mensalão, já parece revelar fadiga,
evidenciada por motivações políticas.
Restam as Forças Armadas, o ultimo bastião de patriotismo e
respeito público. Sem defender movimentos golpista, sua inação não é mais
recomendável. Necessária e premente se torna uma iniciativa que alerte o Poder
Civil, que seja levada aos mais altos escalões
da pirâmide política e jurídica, dentro dos limites da discreção, assim
evitando a propagação de expectativas anti-democráticas.
Caso a reação das estâncias tolerantes à prática corruptora
seja impeditiva de qualquer movimento saneador do comportamento hoje disseminado que
comprometa o futuro da Nação, caberia às Forças Armadas propor, encaminhar e
realizar plebiscito popular, onde a questão colocada perante a Nação seria:
“Eleitor brasileiro, deve o arcabouço legal e constitucional
ser alterado de forma a assegurar a punição de todas as formas de corrupção
econômico-financeira que tragam prejuízo à Nação, processo a ser comandado
pelas Forças Armadas?”
Que a resposta seja um clamoroso SIM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário