quinta-feira, 22 de maio de 2014

Os argumentos de Bibi


Benjamim (Bibi) Netanyahu
É digna de nota a entrevista hoje concedida por Benjamin (Bibi) Netanyahu em jornal de grande circulação. .
Deposita aos pés dos Ocupados a culpa pela continuada Ocupação. Com dialética Orwelliana insiste em argumentos que os fatos não parecem comprovar. O fracasso das negociações de Paz é atribuído pelo Premier ao Presidente Abu Abbas, presidente da Autoridade Palestina, apesar de John Kerry, enviado de Washington, afirmar o contrário.

A entrevista, habilmente concedida por Netanyahu, coloca Israel como vítima dos Palestinos e da incompreensão de parte da comunidade internacional, desprezando o fato de que o segundo está sob ocupação militar do primeiro durante os últimos sessenta anos. Não se intimida com a frágil lógica de sua colocação.

As razões elencadas pelo Premier israelense são:
1.      
      Palestina tem que abandonar a cultura de ódio e genocídio (sic) contra Israel.

Obs: O ódio provavelmente existirá enquanto perdurar a ocupação militar. Quanto ao “genocídio” o número de Palestinos mortos ultrapassa, exponencialmente, o número de vítimas israelenses. Ainda, é conhecida a aguda hostilidade que domina ambos os lados.
2.      
      A reconciliação entre a ANP* (Cisjordânia) e Hamas** (Gaza) objetiva a destruição de Israel.

Obs: Há pouco Netanyahu afirmava só negociar uma vez unidos os Palestinos. Quanto a negociar a Paz, está se faz, necessariamente, com inimigos.
3.      
      Palestina deve, além de reconhecer o Estado de Israel, deve reconhecê-lo como Estado Judaico.

Obs: O Estado de Israel já é  reconhecido pela ANP há décadas; o Hamas declara que o reconhecimento Israel-Palestina deverá ser recíproco. Já o reconhecimento do Estado Judeu, recente condição levantada por Tel Aviv,  degradará a cidadania dos Árabes Muçulmanos, cidadãos de Israel, representando 25% da população e apenas 5% do Knesset (parlamento). Inviabilizará, também, o retorno de civis Palestinos expulsos de Israel quando da sua Guerra de Independência. Em última análise, a definição pretendida é assunto interno do país; o Irã não pediu concordância para auto definir-se como República Muçulmana.
4.     
      Israel respeitou, durante um ano inteiro, o congelamento da construção de novos  assentamentos, condição demandada pelos Estados Unidos e a ANP.

Obs: Tanto os norte-americanos como os palestinos exigira, como pré condição, a interrupção dos assentamentos israelenses em terra Palestina. Ainda durante as negociações, Israel reiniciou a construção. Segundo a Agência Reuters, em 14 de março último,  novas construções foram autorizadas, sendo  que as negociações foram, conseqüentemente,  encerradas  em abril 2014.
5.      
A   ANP buscou reconhecimento por parte de quinze organizações internacionais 

Obs: Esta iniciativa se deu depois de abortadas as negociações, estas inviabilizadas pelo re-inicio dos assentamentos e a recusa de Israel cumprir a libertação acordada dos últimos 400 palestinos encarcerados.

Encerrando esta análise, vale observar os comentários de Netanyahu, que colocam Israel em risco, como refém de uma possível Palestina independente. Ora, esta visão ignora o fato de ser Israel, militarmente, o país mais poderoso do Oriente Médio. Esmagaria com facilidade qualquer tentativa de causar-lhe dano. O argumento avançado pelo Primeiro Ministro se insere no leitmotif da vitimisação.
Esta coluna procura seguir os fatos conforme relatados pela imprensa internacional, prestando especial atenção à cronologia dos eventos. Esta, se deturpada oculta o nexo de causa e efeito, assim inviabilizando a compreensão de tão complexo contencioso.

Ainda que não esconda sua simpatia por um povo sob ocupação estrangeira que sabemos ser de grande severidade, também anima este artigo a preocupação em ver o Estado de Israel perder, em boa parte, a grande admiração que se seguiu à sua independência. Quem não terá lido, com sincera admiração, Êxodo ou Mila 18. Longe do anti-semitismo, que por vezes se atribui a críticas que, por comparação, seriam válidas a qualquer outro país, pelo contrário defende esta coluna a integridade do Estado de Israel, ora exposto ao futuro incerto que se desenha.

·         ANP: Autoridade Nacional Palestina, governa o território Palestina da Cisjordânia.

·         HAMAS: Partido religioso dominando a Faixa de Gaza

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