Benjamim (Bibi) Netanyahu |
É digna de nota a entrevista hoje concedida por
Benjamin (Bibi) Netanyahu em jornal de grande circulação. .
Deposita aos pés dos Ocupados a culpa pela
continuada Ocupação. Com dialética Orwelliana insiste em argumentos que os
fatos não parecem comprovar. O fracasso das negociações de Paz é atribuído pelo
Premier ao Presidente Abu Abbas, presidente da Autoridade Palestina, apesar de John
Kerry, enviado de Washington, afirmar o contrário.
A entrevista, habilmente concedida por Netanyahu,
coloca Israel como vítima dos Palestinos e da incompreensão de parte da
comunidade internacional, desprezando o fato de que o segundo está sob ocupação
militar do primeiro durante os últimos sessenta anos. Não se intimida com a frágil
lógica de sua colocação.
As razões elencadas pelo Premier israelense são:
1.
Palestina tem que abandonar a cultura de
ódio e genocídio (sic) contra Israel.
Obs:
O ódio provavelmente existirá enquanto perdurar a ocupação militar. Quanto ao
“genocídio” o número de Palestinos mortos ultrapassa, exponencialmente, o
número de vítimas israelenses. Ainda, é conhecida a aguda hostilidade que
domina ambos os lados.
2.
A reconciliação entre a ANP*
(Cisjordânia) e Hamas** (Gaza) objetiva a destruição de Israel.
Obs:
Há pouco Netanyahu afirmava só negociar uma vez unidos os Palestinos. Quanto a
negociar a Paz, está se faz, necessariamente, com inimigos.
3.
Palestina deve, além de reconhecer o
Estado de Israel, deve reconhecê-lo como Estado Judaico.
Obs:
O Estado de Israel já é reconhecido pela
ANP há décadas; o Hamas declara que o reconhecimento Israel-Palestina deverá
ser recíproco. Já o reconhecimento do Estado Judeu, recente condição levantada
por Tel Aviv, degradará a cidadania dos
Árabes Muçulmanos, cidadãos de Israel, representando 25% da população e apenas 5%
do Knesset (parlamento). Inviabilizará, também, o retorno de civis Palestinos
expulsos de Israel quando da sua Guerra de Independência. Em última análise, a
definição pretendida é assunto interno do país; o Irã não pediu concordância
para auto definir-se como República Muçulmana.
4.
Israel respeitou, durante um ano
inteiro, o congelamento da construção de novos assentamentos, condição demandada pelos
Estados Unidos e a ANP.
Obs:
Tanto os norte-americanos como os palestinos exigira, como pré condição, a
interrupção dos assentamentos israelenses em terra Palestina. Ainda durante as
negociações, Israel reiniciou a construção. Segundo a Agência Reuters, em 14 de
março último, novas construções foram autorizadas,
sendo que as negociações foram, conseqüentemente,
encerradas em abril 2014.
5.
A ANP buscou reconhecimento por parte de
quinze organizações internacionais
Obs:
Esta iniciativa se deu depois de
abortadas as negociações, estas inviabilizadas pelo re-inicio dos assentamentos
e a recusa de Israel cumprir a libertação acordada dos últimos 400 palestinos
encarcerados.
Encerrando esta análise, vale observar os
comentários de Netanyahu, que colocam Israel em risco, como refém de uma
possível Palestina independente. Ora, esta visão ignora o fato de ser Israel,
militarmente, o país mais poderoso do Oriente Médio. Esmagaria com facilidade
qualquer tentativa de causar-lhe dano. O argumento avançado pelo Primeiro
Ministro se insere no leitmotif da
vitimisação.
Esta coluna procura seguir os fatos conforme
relatados pela imprensa internacional, prestando especial atenção à cronologia
dos eventos. Esta, se deturpada oculta o nexo de causa e efeito, assim
inviabilizando a compreensão de tão complexo contencioso.
Ainda que não esconda sua simpatia por um povo sob
ocupação estrangeira que sabemos ser de grande severidade, também anima este
artigo a preocupação em ver o Estado de Israel perder, em boa parte, a grande admiração
que se seguiu à sua independência. Quem não terá lido, com sincera admiração, Êxodo
ou Mila 18. Longe do anti-semitismo,
que por vezes se atribui a críticas que, por comparação, seriam válidas a
qualquer outro país, pelo contrário defende esta coluna a integridade do Estado
de Israel, ora exposto ao futuro incerto que se desenha.
·
ANP:
Autoridade Nacional Palestina, governa o território Palestina da Cisjordânia.
·
HAMAS:
Partido religioso dominando a Faixa de Gaza
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