O caso em questão trata de crime cometido por dois jovens
profundamente honestos, que nenhum ganho visavam, senão o de sacrificar seu bem
estar pela defesa de princípios os mais fundamentais da nação Norte Americana.
Defendem estes jovens os valores que formaram sua infância e
juventude. Um deles, Bradley Manning, foi
criado sob a égide do “fair play”, da excepcionalidade
moral de seu país. Aprendeu na escola os perigos e armadilhas que George Washington e Benjamin Franklin
vislumbravam no uso da diplomacia secreta. O jovem Bradley acreditou.
Já Edward Snowden acredita nos preceitos que nortearam sua educação,
onde a liberdade do cidadão, livre da
invasão de sua privacidade pelo Estado, é direito inquestionável defendido
pelos “Founding Fathers”, os fundadores da notável nação Americana.
No entanto, estes dois rapazes são hoje criminosos, sujeitos à prisão perpétua, execrados pelo Estado e por boa parte da Nação. Tanto um como outro são acusados de revelar segredos de Estado da mais alta relevância, assim colocando a Nação sob perigo.
Mas fala-se de que perigo? O já famoso massacre de inocentes
Iraquianos por helicóptero Apache, exibido em vídeo, em nada inova, pois a
imprensa vem revelando, através dos anos de luta naquele país, sucessivos
massacres que, por ambos os lados do conflito, marcaram aquela guerra cruel. Violaria
confidencia, também, pela publicação de centenas de telegramas, quando a
duplicidade da diplomacia de Washington em nada difere da duplicidade das
demais Chancelarias que povoam o planeta. Bradley Manning cometeu o crime de
indignar-se com a banalidade. Todos já conheciam seu segredo.
Quanto
aos segredos por ele descortinados, os são de “polichinelo”. Publicado faz anos,
o livro intitulado “Body of Secrets”, por James Bamford, descreve
detalhadamente tudo aquilo, e muito mais, sobre a Agência de Segurança
Nacional. Nada indica que o autor tenha sido perseguido e prêso pela sua
indiscrição.
Convicto em seus ideais, não pôde Snowden ignorar o perigoso caminho que ora trilha o país, sob a justificativa da Guerra ao Terror, na derrubada das fronteiras da privacidade e da liberdade. Até que ponto esta guerra
Convicto em seus ideais, não pôde Snowden ignorar o perigoso caminho que ora trilha o país, sob a justificativa da Guerra ao Terror, na derrubada das fronteiras da privacidade e da liberdade. Até que ponto esta guerra
sem fim existe, dentre outros fatores, por inépcia de uma imprudente política
externa auto proclamada como determinante dos destinos do mundo?
Observamos, assim, que dois homens puros nos seus ideais,
obedientes aos princípios que lhes foram incutidos nos bancos escolares,
conceitos que dignificaram sua Pátria,
encontram-se expostos à execração pública e legal. Suas vidas, sua liberdade, postas
em jogo por convicção sincera, colocam-nos, quais cordeiros aquiescentes, às
portas do abate. São vitimas da contradição entre os conceitos elevados
defendidos nas carteiras escolares e os atos rasteiros da “realpolitik”.
* Crédito das fotos: Bradley Manning- Rafffazanata.blogspot.com
Edward Snowden - Businessinsider.com
* Crédito das fotos: Bradley Manning- Rafffazanata.blogspot.com
Edward Snowden - Businessinsider.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário