quarta-feira, 14 de março de 2018

A Licorna e o Urso




Resultado de imagem para photo theresa may and putin

Em não poucas vezes um político é salvo por circunstâncias inesperadas. Quando estas não vêm em socorro, o político, se não as inventa, as estimula.

Duas verdades parecem inescapáveis, a primeira é que Thereza May, a primeira Ministra Britânica estava à beira da destituição, tão incompetente tem sido seu manejo do Brexit. Suas metas e condições para se afastar da União Europeia vêm encontrando o muro intransponível das exigências de Bruxelas. Ainda, as mais respeitáveis avaliações da economia post desenlace têm acentuado a desunião de seu partido ameaçando não apenas a queda da Premiê, mas até a tomada do poder pelo partido Socialista.

A outra verdade é que a Russia espiona, e muito. Não só ela, é claro. Toda potência têm seus agentes fuçando tudo de importante ou, até mesmo, nem tanto. O que não se deve fazer é assassinar seus ex espiões, por mais que tenham traído a mãe pátria. No caso ora investigado pela Scotland Yard, (ou será o IM5?), não chegou-se ao esclarecimento, mas sim à probabilidade. À quem interessa? A resposta é, à Rússia. Mas, por enquanto, não há provas.

Vendo uma oportunidade singular para escapar do opróbrio de seu próprio partido, Mrs. May lançou-se  na arena internacional, refúgio preferido por todo político em sérias dificuldades internas. E de fato, não mais se fala de Europa, e sim da solerte Rússia. A expulsão de 23 diplomatas russos se explica, mesmo não  havendo provas  quanto ao malfeito, pois quanto mais violenta a iniciativa britânica maior a probabilidade de reação russa, e do conflito resultante, envolta na Union Jack, ninguém haverá de ter a coragem de derrubá-la de seu pedestal.

A recente escalada anti-Rússia e o ultimato lançado, não em documento formal mas pelo microfone da Câmara dos Comuns, com base em em suposição (it seems that Russia is responsible), cria todo um novo procedimento diplomático.

Ao criar o ambiente de ameaça bélica, Theresa May pretende dar credibilidade ao argumento apresentado em Bruxelas onde suas pretensões econômicas no processo Brexit se lastreiam na necessidade de manter-se a estrutura de segurança com a União Europeia. À época, a tese foi rechaçada pelos europeus, mas poderá ser revigorada face às novas circunstâncias. Um ponto para a Prime Minister!

Prudente seria que tal contencioso se restringisse aos dois países envolvidos. Contudo, não é a intenção Britânica, que pretende acionar a OTAN e ampliar sanções, dando ao diferendo uma indesejável dimensão. Guerras já foram declaradas graças à escalada de pequenas desavenças.


Nenhum comentário: