Pompeo e Trump |
Eram duas as hipóteses; a primeira seria que, uma vez assumida a Casa Branca, Donald Trump abandonaria seus impulsos e preconceitos, amadurecendo na medida que aumentasse sua exposição aos complexos problemas da arte de bem governar. A segunda hipótese seria a oposta; vítima de profundo desconhecimento do seu entorno, tanto inter quanto extra fronteiras, buscaria na sua impetuosidade, na sua experiência de “deal maker” restrita à questões comerciais, na sua visão preconceituosa e, talvez, em interesses subjacentes, a solução dos desafios enfrentados.
Para o bem o para o mal lhe foi
conferido o incalculável poder que só o presidente dos Estados
Unidos detêm.
Hoje, observa-se que a segunda opção
prevalece. Como se podando a árvore da prudência, Trump, pouco à
pouco, viu-se livre daqueles colaboradores, agora se constata,
filtrados pelo Partido Republicano quando de sua posse. Porém, em
golpe de mestre, demitindo por uma lado e recrutando por outro, com a
rapidez que impedia a interferência de mentes mais pensantes, o
Presidente montou uma equipe cujo currículo revela nítida preferência pelo Hard Power.
A substituição do moderado Rex
Tillerson nas Relações Exteriores foi surpreendente e preocupante. Seu substituto, Mike Pompeu, alem de recente Diretor Chefe da CIA, agência de espionagem
norte-americana, pouco tem em seu currículo elementos que justifiquem sua nomeação. Businessman tornado deputado por um estado
interiorano, o Kansas, e membro do retrógrado Tea Party de inquietadora memória, seu experiência passada não justifica a indicação, a não
ser pela semelhança com seu chefe.
Dando-lhe apoio, foi nomeado Conselheiro para Segurança Nacional o diplomata John Bolton, renomado
falcão na época de George W. Bush. Sua defesa vigorosa da invasão
do Iraque e da intervenção militar, mesmo preventiva, descreve sua
visão maniqueísta do cenário internacional.
Completando a equipe voltada à área
externa, Donald Trump indicou Gina Haspel para Diretora Executiva da
CIA. Agente graduada da organização, foi responsável, dentre outras missões, pela direção de prisão clandestina na Tailândia, para onde suspeitos de terrorismo
eram secretamente levados e submetidos à torturas.
As personalidades acima descritas oferecem clara indicação da direção que doravante deverá tomar a
politica externa de Washington. Leia-se, política impositiva e propensa à soluções de forte persuasão e força, se necessário. Desde os objetivos de “reequilibrar” o déficit comercial mediante conflito tarifário, até o
deslocamento de forças militares para regiões sob contestação, estes prenunciam forte aumento de tensão no cenário internacional. É de
se prever a retomada da truculência como procedimento padrão.
Têm-se, assim, a formação de uma
nova realidade geo política; no campo econômico faz-se retroceder
os benefícios da globalização. No campo político internacional, a
distensão será substituída por aumento de tensão, favorecendo a
probabilidade de conflito.
Como última peça neste tabuleiro,
tem-se o General James Mattis, Secretário de Defesa. Até o momento
vem ele demonstrando cautela nas crises que no momento preocupam os
Estados Unidos, como a Coréia do Norte, o Oriente Médio, Rússia e
China. Fica a pergunta, haverá substituição em breve ou Mattis
juntar-se-á ao núcleo duro desta nova América?
NR. Hoje, dia 26 de março, duras medidas foram tomadas contra Moscou em retaliação à alegação de envenenamento de ex espião russo. Nota-se que dentre os expulsos constam diplomatas russos acreditados junto às Nações Unidas.
NR. Hoje, dia 26 de março, duras medidas foram tomadas contra Moscou em retaliação à alegação de envenenamento de ex espião russo. Nota-se que dentre os expulsos constam diplomatas russos acreditados junto às Nações Unidas.
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