quarta-feira, 21 de março de 2018

Duas mortes





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A primeira, mais significativa graças à proeminência de seu status, foi a de Marielle Franco. A segunda, bem menos lembrada, foi a de Anderson Gomes, modesto motorista. A morte de ambos tem, rigorosamente, o mesmo peso, a mesma importância do ponto de vista humano mas não do ponto de vista mediático. A diferença se espelha nas milhares de páginas inteiras lamentando a morte de Marielle, e nos modestos parágrafos tendo Anderson por sujeito.

Explica-se, Marielle reunia condições que lhe destacavam do comum. Aluna brilhante, ativista social em defesa de minorias, da raça negra e do homo-sexualismo, conquistou o respeito e admiração da comunidade carioca. Ainda, o seu cruel assassinato por algozes profissionais ampliou a ressonância de sua tragédia mobilizando a imprensa com intensidade excepcional, viralizando as redes sociais, e invadindo as ruas.

Vem sendo, não tão somente uma homenagem à uma mulher admirável, mas, também, um imenso protesto contra a anomia que degrada o Rio de Janeiro.

Contudo, desrespeita-se a sua memória ao politizar-se a sua tragédia. Vítima da violência incontida que graça na cidade, seu partido, o PSOL levanta a bandeira em homenagens que pouco diferem de comício eleitoral. Discursos, bandeiras e palavras de ordem, chavões e canções denunciam, dentre outros absurdos, a intervenção militar que tem por objetivo justamente evitar assassinatos que vitimem outras Marielles. 

Porém, os políticos não esperam, preparam-se para as eleições que aí estão. Em clara manobra eleitoreira a esquerda radical, não aquela sensata e responsável, levanta-se, usando sob os pés os degraus construídos pelo idealismo da vítima.






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