A primeira, mais
significativa graças à proeminência de seu status, foi a de
Marielle Franco. A segunda, bem menos lembrada, foi a de Anderson
Gomes, modesto motorista. A morte de ambos tem, rigorosamente, o
mesmo peso, a mesma importância do ponto de vista humano
mas não do ponto de vista mediático. A diferença se espelha nas
milhares de páginas inteiras lamentando a morte de Marielle, e nos
modestos parágrafos tendo Anderson por sujeito.
Explica-se, Marielle
reunia condições que lhe destacavam do comum.
Aluna brilhante, ativista social em defesa de minorias, da raça
negra e do homo-sexualismo, conquistou o respeito e admiração da
comunidade carioca. Ainda, o seu cruel assassinato por algozes
profissionais ampliou a ressonância de sua tragédia mobilizando a
imprensa com intensidade excepcional, viralizando as redes sociais, e
invadindo as ruas.
Vem
sendo, não tão somente uma homenagem à uma mulher admirável, mas,
também, um imenso protesto contra a anomia que degrada o Rio de
Janeiro.
Contudo,
desrespeita-se a sua memória ao politizar-se a sua tragédia. Vítima
da violência incontida que graça na cidade, seu partido, o PSOL
levanta a bandeira em homenagens que pouco diferem de comício
eleitoral. Discursos, bandeiras e palavras de ordem, chavões e
canções denunciam, dentre outros absurdos, a intervenção militar
que tem por objetivo justamente evitar assassinatos que vitimem
outras Marielles.
Porém, os políticos não esperam, preparam-se para as
eleições que aí estão. Em
clara manobra eleitoreira a esquerda radical, não aquela sensata e
responsável, levanta-se, usando sob os pés os degraus construídos
pelo idealismo da vítima.
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