O Brasil chega num impasse. A partir da longa deterioração trazido pelos governos do Partido dos Trabalhadores chegamos ao nadir da história deste país. A atual Presidência, parida nas contorções da baixa política, tendo o Congresso por contaminada parteira, encontra-se em frangalhos. Até mesmo o Supremo Tribunal Federal mostra-se maculado por gente que lá não deveria estar.
A generalizada conjunção da ânsia
pelo poder e a inexistência de parâmetros morais gerou a aliança
ora dominante da Política com a Corrupção. Não há canto que se
explore e gaveta que se abra onde não surja os vermes que corroem o
espírito público, argamassa essencial à construção de uma grande
nação.
Como nos casos das grandes pragas,
somente extensa e intensa profilaxia pode oferecer a cura. Torna-se
necessária algo que se aproxime de uma “tabula rasa”. No cerne
do problema está a formula política que hoje rege o caótico
procedimento eleitoral, onde o eleitor está distanciado do eleito.
O voto universal (analfabetos e
crianças sub 20) e obrigatório vem se tornando anti-democrático. A
experiência revela que, ao incluir grande número de eleitores
desinteressados e desinformados, favorece-se a manipulação,
redundando no voto venal ou irresponsável. Reduz-se a qualidade
média do voto, ao misturar o voto consciente, voluntário e
politicamente engajado com o voto obrigatório, desinformado e
descompromissado.
Ainda, a distância que hoje separa o
eleitor do candidato anula a necessária responsabilização pessoal
(accountability) do eleito. A inexistência do voto Distrital, onde
o eleitor conhece o candidato, tem por consequência a diluição da
responsabilização do político, hoje figura distante e
desconhecida daquele que o elegeu. Torna-se um retrato, um número,
blindado pela distância que o separa do eleitorado..
O financiamento eleitoral por empresas,
sindicatos e outras instituições tem se revelado incontida fonte de
corrupção. A enxurrada de dinheiro derramado nos meios de
comunicação termina por esconder quem é, verdadeiramente, o
candidato. Assume ele uma “persona” artificial. Um ser
confeccionado por marketeiros insuflados pela monetização do
processo eleitoral. Ainda, o financiamento institucional e
identificável (em oposição ao financiamento popular de efeito
anônimo)gera o “quid pro quo”, injetando no processo a barganha
financeira a completar-se uma vez o político eleito.
A evidência parece condenar o atual
sistema de propaganda televisiva, onde partidos nanicos são criados
com o fito de negociar sua quota com o partido que melhor oferta
fará. Por resultado tem-se uma proliferação tumultuosa onde a
primazia da plataforma conceitual de sua missão política
subordina-se à vantagens financeiras.
No mesmo sentido, a troca de partido
traduz-se por estelionato eleitoral, pois prometeu o eleito o que
deixa de cumprir, invalidando assim o mandato que lhe foi conferido.
Estes, e muitos outros aspectos de
nossa realidade política merecem profunda revisão. A perdurar a
anomia que hoje caracteriza a carcomida vida pública da Nação, o
caminho prometido parece abissal.
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