domingo, 16 de julho de 2017

Trump e o labirinto

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As guerras parecem acontecer ininterruptamente no Oriente Médio. Porém, durante alguns séculos reinou a paz naquelas paragens quando sob o domínio do Império Otomano. Lá prevalecia a religião Muçulmana e a espada Turca. Suas guerras eram contra o mundo europeu e Cristão. Com a derrocada do domínio Turco pelos Britânicos e Franceses ao término da primeira Grande Guerra, uma nova e estável conformação geo-política emergiu. Esta, construída pelos novos dominadores e por uma Turquia contida em suas fronteiras, prevaleceu até 1948.

A partir de 14 de maio daquele ano, com a instalação do Estado de Israel, o Oriente Médio arribou o germe da instabilidade. O equilíbrio foi rompido. Seguiram-se as guerras que permitiram a expansão do estado Judeu e a correspondente alienação da maioria dos países Árabes para com o Ocidente, este aliado à nova nação. A inclusão da União Soviética no conflito regional, aliada às nações Árabes, acentuou, mais ainda, o distanciamento entre as duas culturas, a Judeu-Cristã e a Muçulmana.

Ao estruturado terrorismo israelense (1), iniciado nos anos que antecedem sua independência, segue-se o organizado e perene terrorismo árabe, até então, insignificante e episódico. Este último preenche o vácuo ampliado pelas suas derrotas militares; busca a revanche na guerra assimétrica contra o inimigo, seja ele militar ou civil.

Já, a guerra de George W Bush contra o Iraque de Saddam Hussein deu-lhe novo impulso, transformando o que era localizado em voraz câncer sob metástase. O que erá um movimento terrorista contido na Palestina/Israel e na Arábia Saudita/Afeganistão (2) hoje declara-se universal, atingindo o âmago das grandes potências.

Não obstante a experiência passada, Washington não parece dar à complexidade que rege aquele teatro de operações suficiente importância. Sua preferência na solução dos problemas caminha na direção da simplificação dos fatores. Contudo, a intricada relação entre as etnias que lá povoam a região, bem como os ódios milenares que as acompanham, tornam duvidosa, quando não opaca, a compreensão dos conflitantes interesses e como com eles lidar. Naquelas paragens, o implícito prevalece sobre o explícito.

No momento, regojiza-se da iminente derrota do Estado Islâmico. Porém, pouca atenção parece ser dada por Washington ao perigo de sua aliança com a “nação “ Curda (3). Esta aliança, nascida quando da guerra contra Saddam Hussein estende-se aos combates contra o Estado Islâmico, onde tropas americanas lutam ao lado dos Peshmergas (4) . Simultaneamente, vem ela transformando-se em estímulo à uma quase-independência desta etnia, inquietando o Iraque, a Síria e a Turquia. Dificilmente, estes países concordarão com tais pretensões de autonomia.

A decisão do governo Trump de intensificar a distribuição de armas modernas para seus recém aliados, há séculos em busca de independência e em contínua rebelião contra os governos centrais, promete acentuar a desestabilização da região, tendo por subproduto o aumento do terrorismo.


  1. Irgun e Stern, organizações terroristas Israelenses no período pré-independência.
  2. O ataque às torres se Nova York e às embaixadas norte-americanas na África tiveram a questão Palestina e a blasfêmica presença de tropas norte-americanas em solo Saudita como motivo alegado por Osama Bin Laden.
  3. Os Curdos habitam também, além do Iraque, a Turquia e a Síria, o Irã. Neste último onde não houve ingerência norte-americana.
  4. Força paramilitar Curda.

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