quarta-feira, 19 de julho de 2017

Brexit e os "Royals"


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Presidente Andrjez Duda e Prince William

O embate já começou. Deu-se o início às negociações do Brexit, que visam estabelecer as condições do divórcio entre uma ilha e um continente há bem pouco entrelaçados em juras de amor eterno. Pouco a pouco, as luvas de pelica usadas nas negociações diplomáticas são substituídas por outras menos suaves. De fato, observadores mais aguçados identificam itens cortantes e perfurantes dissimulados tantos nos gloves como nos gants.

Do um lado tem-se o experimentado negociador Michel Barnier que defenderá os interesses da União Europeia neste distrato, onde cada uma das partes pretende não só defender seus interesses mas, se de todo possível, atropelar os interesses do contrincante. Do lado britânico têm-se conhecida raposa do partido Conservador, o eurocético David Davis. Representa ele a mais poderos arma do arsenal diplomático internacional,.o gentleman inglês. É capaz de, não só desnudar seu interlocutor de todas suas pretensões mas, ainda, receber efusivos agradecimentos da vítima.

A contenda parece desequilibrada do ponto de vista econômico. Enquanto o lado Europeu abrange as economias de 27 países, onde seu PIB atinge 12.4 trilhões de dólares já o Reino Unido mal chega aos 2.3 trilhões de dólares. Igualmente relevante, enquanto 40% das exportações britânicas destinam-se à UE, as exportações europeas para a Grã Bretanha representam não mais do que 14% do seu total. Estes dados refletem a relevante vantagem negocial para o Continente em sua disputa por melhores condições de separação.

Já no terreno politico, os britânicos têm a importante vantagem ao contar com um governo uno, capaz de decisões autônomas e rápidas quando das negociações. Se no campo Britânico existe desavença entre o que pretende a Escócia, contrária ao Brexit, e os objetivos separatistas da Inglaterra, é bem verdade que o parlamento inglês é soberano na execução do divórcio. Edinburgh não tem o suficiente poder para descarrilar as intenções de Londres.

Já no caso da UE, a paisagem é bem diferente. Se o núcleo duro, liderado pela Alemanha, compondo o que seria a Europa Ocidental, vê fortes vantagens em endurecer as negociações, assim desestimulando possíveis defecções futuras, à  Leste a mesma visão não parece tão nítida.

No momento, algumas capitais do leste europeu distanciam-se da cartilha de Bruxelas, especialmente no que se refere à conceitos fundamentais de direitos humanos e democráticos. Tanto a Polônia quanto a Hungria parecem reverter na direção do autoritarismo político e da exclusão de etnias externas, assim distanciando-se do modelo Ocidental.

Tais dificuldades não escapam à atenção de Whitehall. Vislumbrando uma falha na armadura européia, poderia, assim, explorar desavenças, fracionando o campo adversário? Em tal ambiente, sería surpreendente a oferta de estímulos de forma a fragilizar o consenso europeu e beneficiar a posição negocial britânica?

Tendo em vista este quadro, ainda longe de consolidação, vale perguntar-se o que foi fazer em Varsóvia o Principe Real, William, e sua linda princesa? Prestar homenagem à antigos campos de concentração ou entregar ao presidente polonês uma mensagem ultra confidencial (que não poderia transitar pelos canais digitais de comunicação)? Que outras visitas “desinteressadas” estarão sendo urdidas por Westminister e Buckingham?


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