Presidente Andrjez Duda e Prince William |
O embate já começou. Deu-se o início
às negociações do Brexit, que visam estabelecer as condições do
divórcio entre uma ilha e um continente há bem pouco entrelaçados
em juras de amor eterno. Pouco a pouco, as luvas de pelica usadas nas
negociações diplomáticas são substituídas por outras menos
suaves. De fato, observadores mais aguçados identificam itens
cortantes e perfurantes dissimulados tantos nos gloves como
nos gants.
Do um lado tem-se o
experimentado negociador Michel Barnier que defenderá os interesses
da União Europeia neste distrato, onde cada uma das partes pretende
não só defender seus interesses mas, se de todo possível,
atropelar os interesses do contrincante. Do lado britânico têm-se
conhecida raposa do partido Conservador, o eurocético David Davis.
Representa ele a mais poderos arma do arsenal diplomático
internacional,.o gentleman inglês. É capaz de, não só desnudar
seu interlocutor de todas suas pretensões mas, ainda, receber
efusivos agradecimentos da vítima.
A contenda parece
desequilibrada do ponto de vista econômico. Enquanto o lado Europeu
abrange as economias de 27 países, onde seu PIB atinge 12.4 trilhões
de dólares já o Reino Unido mal chega aos 2.3 trilhões de dólares.
Igualmente relevante, enquanto 40% das exportações britânicas
destinam-se à UE, as exportações europeas para a Grã Bretanha
representam não mais do que 14% do seu total. Estes dados refletem a
relevante vantagem negocial para o Continente em sua disputa
por melhores condições de separação.
Já no terreno
politico, os britânicos têm a importante vantagem ao contar com um
governo uno, capaz de decisões autônomas e rápidas quando das
negociações. Se no campo Britânico existe desavença entre o que
pretende a Escócia, contrária ao Brexit, e os objetivos
separatistas da Inglaterra, é bem verdade que o parlamento inglês é
soberano na execução do divórcio. Edinburgh não tem o suficiente
poder para descarrilar as intenções de Londres.
Já no caso da UE,
a paisagem é bem diferente. Se o núcleo duro, liderado pela
Alemanha, compondo o que seria a Europa Ocidental, vê fortes
vantagens em endurecer as negociações, assim desestimulando
possíveis defecções futuras, à Leste a mesma visão não
parece tão nítida.
No momento, algumas
capitais do leste europeu distanciam-se da cartilha de Bruxelas,
especialmente no que se refere à conceitos fundamentais de direitos
humanos e democráticos. Tanto a Polônia quanto a Hungria parecem
reverter na direção do autoritarismo político e da exclusão de
etnias externas, assim distanciando-se do modelo Ocidental.
Tais dificuldades
não escapam à atenção de Whitehall. Vislumbrando uma falha na
armadura européia, poderia, assim, explorar desavenças, fracionando o campo adversário? Em tal ambiente, sería
surpreendente a oferta de estímulos de forma a fragilizar
o consenso europeu e beneficiar a posição negocial britânica?
Tendo em vista este
quadro, ainda longe de consolidação, vale perguntar-se o que foi
fazer em Varsóvia o Principe Real, William, e sua linda princesa? Prestar homenagem à antigos campos de concentração
ou entregar ao presidente polonês uma mensagem ultra
confidencial (que não poderia transitar pelos canais digitais de
comunicação)? Que outras visitas “desinteressadas” estarão
sendo urdidas por Westminister e Buckingham?
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