O primeiro encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin, vem sendo coberto pela imprensa internacional (sempre sob
influência dos jornais norte-americanos)
como se fora um “round” de box. Quem foi o vencedor? Tal
colocação decorre do dominante espírito competitivo da cultura
norte-americana, onde sempre deve haver um vitorioso. A tal ponto que
a qualidade do cidadão não raro é determinada pela expressão
“winners” e “losers”. Que dirá nos embates
internacionais.
Assim contaminadas, as mais diversas
instituições norte-americanas gravitam em torno destes dois
extremos, dentre elas as instituições culturais como a imprensa, o
cinema e a literatura. Nestes o herói americano é sempre presente,
ou seja o grande Vencedor, seja ele vivo ou morto. Homem Aranha,
Superman, Batman; nenhum país produz tão extenso contingente de
vencedores, de heróis.
Nesta ânsia de sobressair, de garantir
ser o “winner” perante a platéia das nações, foi inventada a “tough
diplomacy”, na realidade um oxímoro, coisa só vista naquelas
paragens. Se é “dura” não é diplomática, uma vez que esta
tende a buscar todas as avenidas para “amaciar” o interlocutor e
levá-lo a fazer o que é desejado. Sem dúvida as vantagens
relativas são e devem ser exploradas: uma dificuldade nas
importações, o acesso a determinado mercado, uma redução de
colaboração financeira, uma dificuldade na venda de armamento, etc... Porém,
de alguma forma, benefícios devem ser compartilhados ainda que os pratos da balança não se igualem. Permitir que salve a face. Já, ao
recorrer à “toughness” ou à explicitação de ameaças, o
exercício deixa de ser diplomático para ser mais uma forma
explícita de coação, que, longe de fomentar uma aliança de
propósitos sugere uma hostilidade para contabilização futura.
Ainda, recorrer à tática impositiva no
diálogo com certos países de longa história de independência
política e cultural, considerável poder bélico e geo político, e
condição de sobrevivência econômica seria, como bem disse
Talleyrand “pire qu'un crime,c'est une faute”. E, por um erro,
todos pagam. Neste sentido, o trato da questão Cubana revela quão
ineficaz pode ser o processo impositivo.
Voltamos, pois, à pergunta insistente:
quem ganhou o embate? Trump ou Putin? A ler a imprensa internacional,
a notícia parece boa.. Ambos declaram-se satisfeitos. Superando
expectativas ao contemplar-se o Americano Instável e o Ogre Russo,
ambos parecem ter seus interesses mútuos atendidos, assim, quem sabe, caminhando
para a “détente”. Seria o início de uma Diplomacy (sem o
tough)?
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