sábado, 30 de janeiro de 2016
A Águia e o Urso
Se von Clausewitz estima que a guerra é a continuação da política sob outra forma, a diplomacia deve sempre precedê-la, para evitar o conflito. Desta forma o trato entre nações busca, na forma necessariamente cordial, condições favoráveis para, não apenas obter vantagens mas para evitar prejuízos causados por um relacionamento hostil. Como convencer aquele que, ao se sentir melindrado, ou até mesmo injuriado, aceite e proponha ações construtivas.
Torna-se, assim, incompreensíveis as manifestações públicas de fontes oficiais do Tesouro Americano (vide New York Times) acusando o presidente Vladimir Putin de corrupção e enriquecimento ilícito.
Ainda, Londres, fiel aliado, faz publicar relatório de Comissão Especial, onde o presidente Putin é acusado de participar na morte do espião russo, ainda que "não tenha evidências para comprovar a acusação" (sic.)
Em ambos os casos as manifestações acima transcritas ferem as regras que norteiam as relações entre nações e contribuem para o empobrecimento das condições para o diálogo.
Parece evidente que, apesar dos muitos cenários onde prevalece o interesse comum, seja na revolução síria, seja na manutenção do tratado de limitação das armas nucleares, seja na participação mútua no Conselho de Segurança das Nações Unidas, "Foggy Bottom" prefere a política de fustigar Moscou permanentemente. É conhecido ser um dos principais objetivos de sua política externa o enfraquecimento da Rússia. Este objetivo foi parcialmente atingido com o desastre econômico causado pela transição do comunismo para o capitalismo sob o comando de Boris Yeltsin. Resultou no precipitoso enfraquecimento econômico da Rússia mas recebeu pleno apoio do presidente Clinton, frustrado quando da ascensão do atual presidente Putin, Invertendo o quadro, verificou-se, ao longo de seu mandato, a recuperação do PIB em 600%.
A indiscutível liderança do presidente russo em prol dos interesses de seu país não deveriam ser interpretados como ações contrária aos interesses dos países Ocidentais, a menos que estes incorporem, através da expansão da OTAN, uma constante e crescente pressão econômico-militar contra a segurança russa.
Ainda, o preço de tal política vem se ampliando além do esperado, visto a sempre surpreendente (onde estará a CIA?) eficácia das iniciativas militares russas na Ucrânia e na Georgia para contra-restar a expansão de uma OTAN hostil ao longo de suas fronteiras, e na Síria, onde a defesa do presidente Assad converge com o Ocidente na luta contra o Estado Islâmico, atendendo também, o status-quo geo político (vide a base naval em Tartus).
Face a um relação que se deterior à olhos vistos, como enfrentará um Donald Trump, ou até mesmo Hillary Clinton as crescentes incompreensões que acompanham as relações destas duas potências nucleares. O perigo decorre da enorme superioridade militar norte-americana, que tem por efeito fazer o Urso russo sentir-se acuado, sempre perigoso quando, a seu ver, as alternativas pacíficas se esgotam.
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