sábado, 9 de janeiro de 2016

Novo "player" no Oriente Médio

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Príncipe Mahommed e Rei Salman

Convergindo com observações desta coluna, publicadas em 2 de outubro do ano recém findo, a Arábia Saudita parece desvencilhar-se da tutela norte americana, afim de dar substância a seu projeto de poder no Oriente Médio.

A ascensão do Rei Salman al Saud em 2015, trazendo consigo o príncipe herdeiro e ministro da Defesa, Mahommed bin Salman, já revela atitude impositiva no tabuleiro árabe, buscando supremacia hegemônica nas terras sunitas. Para a casa real Saudita as lideranças xiitas tornaram-se o inimigo prioritário.

Aliando-se a Israel, Riade se opôs de forma robusta ao acordo nuclear celebrado entre o Ocidente e o Irã, sustentando sua posição com previsões de iminentes conflitos nucleares provocados pelos persas. Assim, criado o elemento aglutinador, a eficaz diplomacia regional Saudita covoca a maioria dos reinos do Golfo Pérsico, todos governados por sunitas, para o enfrentar o inimigo comum.

Assim, dando sequência à sua expansão político-militar regional, suportando enorme custo, Riade lançou-se em guerra contra os Houthis iemenitas, de confissão xiita, relegando à segundo plano a coalizão anti Estado Islâmico. Contraria , assim, as insistentes recomendações de moderação na frente iemenita, vindas de Washington, que insiste em maior foco contra o inimigo prioritário.

Em mais um episódio convergente à nova política Saudita, foi consumada a sentença de morte do líder xiita saudita, Nimr al Nimr, cujo comportamento, segundo observadores internacionais, se limitava à criticar o governo, sem que qualquer violência lhe fosse imputada.

A este ato de provocação, cujas consequências eram esperadas, deu-se a resposta de elementos radicais Iranianos ao invadirem a embaixada Saudita em Teerã, dando a Riade o pretexto para a escalada do contencioso. Ignorando as tentativas de pacificação e repulsa aos atos dos exaltados, oficialmente divulgadas tanto pelo Ayatolá Khamenei quanto pelo Presidente Rohani, a chancelaria Saudita optou pelo rompimento de relações com o Irã, levando por caminho semelhante o Bahrein. Já os Emirados Árabes, o Kuwait e o Sudão solidarizaram-se, retirando seus embaixadores.

Perante esta nova configuração geo-política, tanto a Turquia quanto o Egito observam cuidadosamente os prós e contras de aderirem a esta nova aliança. Os benefícios não parecem ser suficientes para levar Ancara a abandonar sua posição de centenária líder regional nem levá-la a adotar politica que possa ser contrária aos objetivos da OTAN, à qual pertence. Já o Egito tem por prioridade manter o precário equilíbrio com Israel, o que limita o impulso do Marechal Sissi em perseguir aventuras secundárias. Porém, imprudente seria descartar convergências pontuais destas duas nações para com Riade.

Forma-se, assim, o bloco Saudita cuja importância não pode ser menosprezada, pois sendo independente, mas não contrário à política externa norte-americana, adiciona-se novo elemento de complexidade no trato das questões que abalam a região. Observa-se o nascimento de um novo e importante "player", comandado por um pai autocrático e leniente e um jovem príncipe ambicioso por poder intra e extra fronteiras, cujas decisões no âmbito do Oriente Médio produzirão efeitos dificilmente moderadores.

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