Príncipe Mahommed e Rei Salman |
Convergindo com observações desta coluna, publicadas em 2 de outubro do ano recém
findo, a Arábia Saudita parece desvencilhar-se da tutela norte
americana, afim de dar substância a seu projeto de poder no Oriente
Médio.
A ascensão
do Rei Salman al Saud em 2015, trazendo consigo o príncipe herdeiro e
ministro da Defesa, Mahommed bin Salman, já revela atitude
impositiva no tabuleiro árabe, buscando supremacia hegemônica nas
terras sunitas. Para a casa real Saudita as lideranças xiitas
tornaram-se o inimigo prioritário.
Aliando-se a
Israel, Riade se opôs de forma robusta ao acordo nuclear celebrado entre
o Ocidente e o Irã, sustentando sua posição com previsões de
iminentes conflitos nucleares provocados pelos persas. Assim, criado
o elemento aglutinador, a eficaz diplomacia regional Saudita covoca a
maioria dos reinos do Golfo Pérsico, todos governados por sunitas,
para o enfrentar o inimigo comum.
Assim, dando sequência à sua expansão político-militar regional, suportando enorme custo, Riade lançou-se em guerra contra os Houthis iemenitas, de confissão xiita, relegando à segundo plano a coalizão anti Estado Islâmico. Contraria , assim, as insistentes recomendações de moderação na frente iemenita, vindas de Washington, que insiste em maior foco contra o inimigo prioritário.
Em mais um
episódio convergente à nova política Saudita, foi consumada a
sentença de morte do líder xiita saudita, Nimr al Nimr, cujo
comportamento, segundo observadores internacionais, se limitava à
criticar o governo, sem que qualquer violência lhe fosse imputada.
A este ato
de provocação, cujas consequências eram esperadas, deu-se a
resposta de elementos radicais Iranianos ao invadirem a embaixada
Saudita em Teerã, dando a Riade o pretexto para a escalada do
contencioso. Ignorando as tentativas de pacificação e repulsa aos
atos dos exaltados, oficialmente divulgadas tanto pelo Ayatolá
Khamenei quanto pelo Presidente Rohani, a chancelaria Saudita optou
pelo rompimento de relações com o Irã, levando por caminho
semelhante o Bahrein. Já os Emirados Árabes, o Kuwait e o Sudão
solidarizaram-se, retirando seus embaixadores.
Perante esta
nova configuração geo-política, tanto a Turquia quanto o Egito
observam cuidadosamente os prós e contras de aderirem a esta nova
aliança. Os benefícios não parecem ser suficientes para levar
Ancara a abandonar sua posição de centenária líder regional nem
levá-la a adotar politica que possa ser contrária aos objetivos da
OTAN, à qual pertence. Já o Egito tem por prioridade manter o
precário equilíbrio com Israel, o que limita o impulso do Marechal
Sissi em perseguir aventuras secundárias. Porém, imprudente seria
descartar convergências pontuais destas duas nações para com Riade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário