Dayan e Comentário da Secretária de Estado Americana |
Não se pode acusar o governo Dilma de coerência diplomática,
quando se observa os desmandos venezuelanos agredindo a Cláusula Democrática
que rege o Mercosul, sem que vigorosa resposta lhes seja dada.
Contudo, acerta o Itamaraty em não conceder o “agreement” ao
Sr. Dani Dayan como embaixador de Israel junto ao governo brasileiro. Por
razões de coerência.
Tendo o Brasil reconhecido a existência do Estado Palestino,
o qual abrange o território da Cisjordânia e Gaza conforme estabelecido pelas
Nações Unidas, tendo por base as fronteiras de 1967, torna-se ele impedido de
acolher o embaixador proposto por Tel Aviv.
Este impedimento decorre de ser o Sr Dayan feroz proponente,
não apenas da contínua construção de assentamentos israelenses em território palestino, sendo estes
ilegais conforme a lei Internacional, mas defende, ainda, a continuidade da
ocupação daqueles territórios, opondo-se à criação do Estado Palestino. Defende
manter-se aprisionados 4 e meio milhões
de seres “ad eternam”.
Ora, porque teria o governo Netanyahu proposto nome tão
controverso para representá-lo no Brasil. Será que a chancelaria israelense não
teria previsto séria dificuldade em obter a
concordância brasileira? Confiando na superior inteligência que regem os
atos do estado Judaico, válido é concluir-se haver objetivos outros que não
apenas a indicação de um capacitado representante diplomático.
Oportuno lembrar que a prática secular do “agreement”
diplomático serve para que os países envolvidos possam vetar aqueles embaixadores
que lhes causem mal estar no campo político. Raramente ocorre uma recusa
formal, preferindo a diplomacia internacional o adiamento “sine die” da
concordância, assim sugerindo a substituição do nome proposto.
A truculência de Israel no campo diplomático já é conhecida,
tendo o Brasil recebido o epíteto de “país anão”. Acresce a insistência
maliciosa de Tel Aviv face à recusa implícita do nome proposto, ferindo os princípios diplomáticos já
consagrados. O contencioso já poderia ter sido dirimido, uma vez que Israel
possui quadros melhor ajustados às relações, por vezes tempestuosas, entre os
dois países.
Ao ceder à insistência pela indicação de Sr. Dani Dayan,
publicamente contrario à pacificação da região, mal agiria o Brasil por fazer o
jogo de Israel. Este, interessado em expor o Itamaraty a evidente contradição, esvaziaria o conteúdo de nossa
política externa para a região, em defesa do principio consagrado de dois
Estados independentes.
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