Escrever sobre o impeachment parece ser prematuro. A
arguição jurídica ainda não chegou ao fim, o que impede o avanço dos fatos
políticos.
Parece razoável dizer-se que o Brasil, nesta em matéria, encontra-se dividido. Se no Congresso o animus parece
favorecer o afastamento de Dilma Roussef de suas funções presidenciais, o
mesmo, talvez, não ocorra junto ao
eleitorado, dividido entre o Brasil pobre e o Brasil comparativamente rico.
As pesquisas avaliando a popularidade da
Presidente mostra desencanto majoritário com o
governo PT e, mais especificamente, a presidente da República; contudo,
imprudente será menosprezar a capacidade de mobilização da esquerda em apoio à
sua permanência no poder. Os mesmos
fatos que justificam os que dela querem se ver livres, podem ser reinterpretados
com eficácia pelos opositores quando dirigidos às massas menos esclarecidas.
Sendo a política um exercício mais sujeito à paixão do que à razão, mais vale a versão do que o fato.
O desemprego, causado pelos erros do
PT poderá ser debitado à insensibilidade empresarial, a disparada dos juros
pode ser vista, não como instrumento para deter a inflação, mas, sim, solerte
forma para melhor enriquecer os banqueiros. A inflação pode ser jogada ao colo
de comerciantes ávidos. E por aí vai... Em outras palavras, a rua será, também, um campo de batalha.
Uma boa parte da resposta à esta duvida dependerá da liberdade de ação concedida ao maior eleitor brasileiro, Luis Inácio Lula
da Silva, cuja capacidade mobilizadora
poderá frustrar o ímpeto da oposição. Caso contido Lula por complicações
judiciais, bem provável tornar-se-á retirada de Dilma, desaguando na posse de
Michel Temer.
Contudo, como elemento preliminar, pairando acima das manobras e estratégias políticas
estará o Supremo Tribunal Federal, exercendo o poder de ajustar o rito na
direção dos interesses deste ou daquele lado. Dependendo do viés adotado, tanto
poderá prosseguir o processo de
impeachment como paralisá-lo.
Sob a ótica dos reais
interesses do Brasil, a retirada do atual governo é essencial para que as
medidas saneadoras, boicotadas por um Executivo incapaz e um Congresso imerso
em autofágicas lutas de poder, comecem o
quanto antes.
No horizonte próximo desenha-se a perda de “investment
grade” do Brasil, trazendo consigo crescente pobreza ao povo e instabilidade
empresarial. Para a solução de seus problemas não bastará o impeachment;
faltará, ainda, passar a limpo a classe política para que possa cumprir sua
missão renovadora.
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