quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Reflexões sobre o impeachment



Escrever sobre o impeachment parece ser prematuro. A arguição jurídica ainda não chegou ao fim, o que impede o avanço dos fatos políticos.

Parece razoável dizer-se  que o Brasil, nesta em matéria,  encontra-se  dividido. Se no Congresso o animus parece favorecer o afastamento de Dilma Roussef de suas funções presidenciais, o mesmo, talvez,  não ocorra junto ao eleitorado, dividido entre o Brasil pobre e o Brasil comparativamente rico.

As pesquisas avaliando a popularidade da Presidente mostra desencanto majoritário com o  governo PT e, mais especificamente, a presidente da República; contudo, imprudente será menosprezar a capacidade de mobilização da esquerda em apoio à sua permanência no poder.  Os mesmos fatos que justificam os que dela querem se ver livres, podem ser reinterpretados com eficácia pelos opositores quando dirigidos às massas menos esclarecidas.

Sendo a política um exercício mais sujeito à paixão do que à razão, mais vale a versão do que o fato. 
O desemprego, causado pelos erros do PT poderá ser debitado à insensibilidade empresarial, a disparada dos juros pode ser vista, não como instrumento para deter a inflação, mas, sim, solerte forma para melhor enriquecer os banqueiros. A inflação pode ser jogada ao colo de comerciantes ávidos. E por aí vai... Em outras palavras, a rua será, também, um campo de batalha.

Uma boa parte da resposta à esta duvida dependerá  da liberdade de ação concedida  ao maior eleitor brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva, cuja capacidade mobilizadora  poderá frustrar o ímpeto da oposição. Caso contido Lula por complicações judiciais,  bem provável tornar-se-á retirada de Dilma, desaguando na posse de Michel Temer.

Contudo, como elemento preliminar, pairando acima das manobras e estratégias políticas estará o Supremo Tribunal Federal, exercendo o poder de ajustar o rito na direção dos interesses deste ou daquele lado. Dependendo do viés adotado, tanto poderá prosseguir  o processo de impeachment como paralisá-lo.

Sob a ótica dos reais interesses do Brasil, a retirada do atual governo é essencial para que as medidas saneadoras, boicotadas por um Executivo incapaz e um Congresso imerso em autofágicas  lutas de poder, comecem o quanto antes.

No horizonte próximo desenha-se a perda de “investment grade” do Brasil, trazendo consigo crescente pobreza ao povo e instabilidade empresarial. Para a solução de seus problemas não bastará o impeachment; faltará, ainda, passar a limpo a classe política para que possa cumprir sua missão renovadora.

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