domingo, 2 de agosto de 2015

O improvável candidato




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Os Tiriricas e Cacarecos não só vicejam no Brasil. Eis, senão quando, desponta nos paralelos setentrionais uma nova e excêntrica versão do político que empolga o eleitorado.

Trata-se de trunfo ou uma espécie de coringa, que naquelas bandas se chama Trump.  Possui notável currículo, onde a soma de empreendimentos fracassados supera, de longe, os vitoriosos. O notável Donald, que nada tem de pato,  mas sim de esperto. Ao compulsar seu curriculo, observa-se inúmeras falências onde, por mágica e habilidade, os sócios perdem fortunas ainda que o empreendedor parece tirar do fracasso riqueza crescente.

E assim prospera Mr. Donald Trump, agora não apenas no mundo dos negócios, mas, no campo da política no seu mais alto nível. Em recentes pesquisas, o recém chegado supera, por larga margem seus colegas pre-candidatos, os veteranos Scott Walker e Jeb Bush.

Mas quem diria que os Estados Unidos, ícone da democracia mais depurada neste  pobre planeta, poderia ter pessoa de tão duvidosa qualidade liderando um plantel de políticos notáveis?

Mas lá está ele, com aquela expressão de absoluta segurança e auto estima que só a ignorância pode conceder. Deblatera sobre os mais diversos assuntos com singular desenvoltura sem titubear; generaliza sobre a criminalidade recôndita nos corações dos emigrantes mexicanos, ou, iconoclasta, destrói a imagem do maior herói do Congresso norte americano, o Senador John Mc  Cain. Despeja, sem contemplação, ininterruptas saraivadas de preconceitos.

Porém, não se deve apenas ao talento de Donald Trump o sucesso constatado. A ascensão deste empresário de reality shows reflete, ante de mais nada, a perda de confiança do eleitorado Republicano em seus políticos. Seja porque estes não puderam propor medidas de interesse de seu eleitorado, seja porque não souberam impedir a trajetória de Obama e seu partido Democrata.

A emergência deste nórdico Cacareco é um aviso que nem tudo anda bem no reino de Washington. No campo interno, a prosperidade extraída da frágil recuperação econômica restringe-se a melhorar a vida de ínfima parte da população, sejam eles eleitores deste ou daquele partido. O congelamento dos ganhos da Classe Média, a escalada do  custo de ensino superior, a desindustrialização do país com efeitos sobre a quantidade e a qualidade do emprego, a crescente concentração corporativa reduzindo os benefícios da competição, a paralisia do legislativo comandado pela maioria Republicana em permanente confronto com o Executivo Democrata revela à todos a ineficiência dos políticos em resolver os prementes problemas da nação.

Por sua vez, o cenário externo revela um emaranhado de problemas sem que se vislumbre uma solução. Síria, Iraque, Irã, Afeganistão, Rússia, China, lugares remotos de pouco significado para o eleitor comum, são, contudo, palavras carregadas de peso emocional, manchados por dúvida e fracasso.


Apesar das sombras que toldam o quadro político, chegaria Donald Trump à presidência? Não, não parece possível. Talvez na indicação como candidato Republicano para as eleições que se aproximam? Também não. Altamente improvável . Porém, o  fato de tê-lo  como candidato ao cargo mais elevado da mais poderosa das nações, os Estados Unidos da América,  não deve ser desprezado.

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