sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Sobre nuvens pesadas e escuras


Resultado de imagem para foto de ceu escuro e nubladoEste artigo está sendo escrito hoje, dia 6 de agosto,  sob o som do panelaço. A paciência do cidadão parece estar esgarçada, chegando a seu fim. A conjugação das três grandes crises, a Moral,  a Política e a Econômica parece levar a Nação à mais perigosas das crises, a Social.

As revelações do Mensalão, seguidas pelo Lava Jato tiveram por efeito o colapso da Moral, que se traduz pela perda do respeito e pela deslegitimação do Executivo e do Legislativo. A corrosão causada por este colapso cívico retira do edifício político a sustentação, como se rachadas estivessem suas principais pilastras.  O povo, ricos e pobres, perdem a referência. Observa a impunidade e os benefícios que dela decorrem, resultando na  flexibilização da rigidez ética. O escancaro deste ganho, em proporções desmedidas, desvaloriza o trabalho honesto e estimula os desvios comportamentais. 

Já no campo político, até pouco comandado pelo PT,  ninguém mais manda no país, nem a Presidenta, nem os histriônicos parlamentares. A falta de homens probos, desprendidos e com disposição de entrar na liça, adentrar a arena política parece irremediável. No PT ferido, incapaz de esconder as chagas da corrupção, seus quadros não mais influem nos rumos do país.

Do PMDB, partido heterogêneo, onde homens como Eduardo Cunha e Renan Calheiros, algemados a passado furtivo,  despontam em contraposição a Michel Temer. Este último, intimidado pela dupla missão, a de coordenar as forças políticas em prol de uma governança já esfacelada e, simultaneamente, evitar que a proximidade com o Planalto contamine de vez o seu partido, torna-se ineficaz e debilitado.

Já no PSDB observa-se a ausência do discurso desassombrado, do brado de  alerta, a voz de comando, a tomada de rumo que um Carlos Lacerda no passado ofereceu à Nação. O que se vê é astúcia medíocre, tal como o voto contra o Fator Previdênciario, perseguindo a popularidade fácil e  incapaz de atender as exigências do momento. Deixa-se, assim, sem liderança os justamente indignados.

Portanto, pouco se espera do Congresso, a não ser a progressão para o “quanto pior melhor”, quando as portas de novas e espertas oportunidades se abrirão. Na espreita vislumbram-se os os Lulas, os Eduardos e, talvez, os Aécios. Mas os que planejam vicejar no desmoronar das instituições correm perigo, pois os eventos que se seguem raramente seguem o script desejado..

A continuar o boicote contra o ajuste fiscal empreendido pela defunta “base aliada” parece levar à  iminente perda do “investment grade”, cujo consequente estancamento de investimentos externos se somará à inflação insuflada por fragilidade  orçamentária e incontida desvalorização cambial. Os benefícios trazidos às exportações por um real depreciado dificilmente compensarão a ação das forças depressivas sobre a economia interna. Perda de produção se traduz por perda de receita fiscal assim gerando um ciclo vicioso.

A desorganização da economia desaguará, muito provavelmente, em forte stress social, onde os mais variados segmentos procurarão repor as crescentes perdas, criando objetivos divergentes entre a produção e o trabalho. Tão mais graves serão as frustrações justamente por ter considerável parcela da população atingido melhor patamar de  consumo, situação esta que ora se desfaz face à recessão que se instala. A imensa maioria que do governo depende, seja pela infraestrutura social, seja pela estabilidade do poder de compra, vê-se desamparada  numa incontida espiral de empobrecimento que seu trabalho honesto não consegue deter.

 Até que surja uma solução, que poderá tanto ser ortodoxa como heterodoxa. Ou bem o estamento centrista empolga o poder, adotando medidas corretivas validadas pela experiência internacional ou, inversamente, o movimento populista e distributivista com incipientes matizes bolivarianos que ora domina importante segmento do Congresso assume o Planalto.

Nesta segunda hipótese, coloca-se em risco a segurança da Nação.


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