Este artigo está sendo escrito hoje, dia 6 de agosto, sob o som do panelaço. A
paciência do cidadão parece estar esgarçada, chegando a seu fim. A conjugação das
três grandes crises, a Moral, a Política
e a Econômica parece levar a Nação à mais perigosas das crises, a Social.
As revelações do Mensalão, seguidas pelo Lava Jato tiveram
por efeito o colapso da Moral, que se traduz pela perda do respeito e pela
deslegitimação do Executivo e do Legislativo. A corrosão causada por este
colapso cívico retira do edifício político a sustentação, como se rachadas
estivessem suas principais pilastras. O
povo, ricos e pobres, perdem a referência. Observa a impunidade e
os benefícios que dela decorrem, resultando na
flexibilização da rigidez ética. O escancaro deste ganho, em proporções
desmedidas, desvaloriza o trabalho honesto e estimula os desvios
comportamentais.
Já no campo político, até pouco comandado pelo PT, ninguém mais manda no país, nem a Presidenta,
nem os histriônicos parlamentares. A falta de homens probos, desprendidos e com
disposição de entrar na liça, adentrar a arena política parece irremediável. No
PT ferido, incapaz de esconder as chagas da corrupção, seus quadros não mais influem nos rumos do país.
Do PMDB, partido
heterogêneo, onde homens como Eduardo Cunha e Renan Calheiros, algemados a
passado furtivo, despontam em
contraposição a Michel Temer. Este último, intimidado pela dupla missão, a de
coordenar as forças políticas em prol de uma governança já esfacelada e,
simultaneamente, evitar que a proximidade com o Planalto contamine de vez o seu
partido, torna-se ineficaz e debilitado.
Já no PSDB observa-se a ausência do
discurso desassombrado, do brado de
alerta, a voz de comando, a tomada de rumo que um Carlos Lacerda no
passado ofereceu à Nação. O que se vê é astúcia medíocre, tal como o voto
contra o Fator Previdênciario, perseguindo a popularidade fácil e incapaz de atender as exigências do momento.
Deixa-se, assim, sem liderança os justamente indignados.
Portanto, pouco se
espera do Congresso, a não ser a progressão para o “quanto pior melhor”, quando
as portas de novas e espertas oportunidades se abrirão. Na espreita
vislumbram-se os os Lulas, os Eduardos e, talvez, os Aécios. Mas os que
planejam vicejar no desmoronar das instituições correm perigo, pois os eventos
que se seguem raramente seguem o script desejado..
A continuar o boicote contra o ajuste fiscal empreendido pela
defunta “base aliada” parece levar à
iminente perda do “investment grade”, cujo consequente estancamento de
investimentos externos se somará à inflação insuflada por fragilidade orçamentária e incontida desvalorização
cambial. Os benefícios trazidos às exportações por um real depreciado
dificilmente compensarão a ação das forças depressivas sobre a economia
interna. Perda de produção se traduz por perda de receita fiscal assim gerando
um ciclo vicioso.
A desorganização da economia desaguará, muito provavelmente,
em forte stress social, onde os mais variados segmentos procurarão repor as
crescentes perdas, criando objetivos divergentes entre a produção e o trabalho.
Tão mais graves serão as frustrações justamente por ter considerável parcela da
população atingido melhor patamar de
consumo, situação esta que ora se desfaz face à recessão que se instala.
A imensa maioria que do governo depende, seja pela infraestrutura social, seja
pela estabilidade do poder de compra, vê-se desamparada numa incontida espiral de empobrecimento que
seu trabalho honesto não consegue deter.
Nesta segunda hipótese, coloca-se em risco a segurança da
Nação.
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