quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A conquista da América



De forma crescente a “aliança indissolúvel” que une os Estados Unidos a Israel  se transforma no crescente domínio do primeiro pelo segundo. Evocando Hollywood, em um de seus excelentes filmes, o “Rabo balança o cão”.

Não satisfeito com o poder que a AIPAC (American Israel Public Affairs Committee) exerce sobre o Congresso Norte Americano, graças à inigualável generosidade com que a entidade financia as campanhas eleitorais dos candidatos de todos os partidos, o Primeiro Ministro Israelense, Benjamim Netanyahu, acaba de revelar uma nova gazua para invadir o estamento político de Uncle Sam.

O instrumento escolhido parece ser de enorme utilidade. Mr. Ron Dermer, nascido norte americano em Palm Beach na Flórida, filho de família judia, participou em campanha eleitoral a favor do Republicano George W Bush. Já em 2005 renunciou à cidadania, transferindo-se para a Israel. Em 2006 adquiriu a cidadania Israelense. Hoje, Mr. Demer, há pouco norte americano, é embaixador de Israel junto ao governo dos Estados Unidos.

Com esta nova arma, Netanyahu preparou operação nunca d’antes vista na diplomacia internacional; agendou sua ida aos Estados Unidos ignorando qualquer encontro, protocolar que fosse, com o presidente da república anfitriã. Seu intuito, acertado com o presidente da Câmara norte americana, Mr. John Boehner, é o de levar ao Congresso, agradecido pelo apoio eleitoral,  razões para convergir com os interesses do Likud*, assim contrariando a política externa constitucionalmente  determinada pelo chefe executivo da Nação anfitriã.

Somando-se à impertinente visita à Paris enlutada por Charlie, onde não fora convidado, esta esdrúxula excursão à Washington revela um Primeiro Ministro no píncaro da arrogância, lastreado  no poder e influência que em todos lugares se infiltra. Força suficiente para, sem temor nem pejo,  desafiar o descontentamento do presidente da nação mais poderosa do planeta.  Nada parece deter Netanyahu; ignora convenções, leis internacionais, mas, ainda pior, ignora  o bom senso. Sente-se, contudo, blindado pela “indissolúvel aliança”.

* Partido majoritário no Knessert (Parlamento Israelense) do qual Netanyahu é membro


domingo, 25 de janeiro de 2015

O Itamaraty ferido



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Poucas instituições têm servido o Brasil tão bem quanto o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty.  Respeitado pelas chancelarias estrangeiras, o diplomata brasileiro tem demonstrado profissionalismo de primeira qualidade, habilidade na sua atuação, conhecimento na avaliação e negociação dos temas de interesse do país. Muito tem contribuído para enaltecer a imagem internacional que até bem pouco o Brasil gozava nos fora internacionais.

Contudo, nestes últimos anos, esta Instituição vem sofrendo incontida erosão que decorrem do simplismo e da submissão aos arroubos ideológicos que emanam do cume executivo da República. Na tentativa de tornar o Itamaraty sucursal do Partido dos Trabalhadores, grande mal faz o governo Dilma aos interesses permanentes do Brasil.

A importância devida ao Ministro das Relações Exteriores, cuja comunicação deveria  fazer-se diretamente com o primeiro mandatário,   hoje encontra-se subordinada, de fato senão de jure, ao Senhor Marco Aurélio Garcia, cuja qualificação está embasada no seu fiel alinhamento ao pensamento social-populista. Por conseguinte, este filtro extemporâneo e constrangedor,  nega a eficácia  necessária para que, através de dialogo direto com a presidência da República, sejam corrigidas as graves falhas que ocorrem tanto nos campos da política externa como no domínio administrativo.

No primeiro caso, ainda que boas relações com os vizinhos sejam necessárias, a atual   intensidade das relações com as nações Bolivarianas, mais especificamente Venezuela, Equador e Bolívia, só encontra sustentação na preferência ideológica. A inclusão da Venezuela no Mercosul não encontra justificação, seja pelas imposições regulamentares onde a Clausula Democrática se destaca, seja por benefícios econômicos e políticos que não se materializam.

A interrupção dos pagamentos aos organismos multilaterais, nos quais o Brasil participa, tais com o Tribunal Criminal Internacional, o fundo para as missões de paz das Nações Unidas e outros, revela desvio contrário ao objetivo de fortalecer a imagem internacional da nação.

No campo administrativo, a incúria orçamentária leva nossas representações no exterior ao ridículo, uma vez que inadimplências e calotes não passarão despercebidos, seja pelo Estado anfitrião, seja por nossos pares que bem queremos impressionar. Ainda, a gradativa redução de exigências qualitativas para a inclusão de candidatos ao Itamaraty  atenderá, talvez, a necessidade de assegurar a quantidade de novos diplomatas, mas certamente não a sua qualidade. Projeta-se assim, para o futuro, um servidor continuamente aquém da qualidade de seu antecessor.

Mau caminho escolheu a Presidenta Dilma; ou bem nomeia o Senhor Marco Aurélio Garcia como Ministro das Relações Exteriores, ou retira-lhe a canhestra interferência.  Quanto ao atual  Ministro das Relações Exteriores espera-se atitude clara em defesa da Casa de Rio Branco e do Brasil. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Comentarios sobre "Manobras eleitoreiras"

E o jogo nao e nada etico! ou humanitario. Ab.  Eduardol

Pedro,
as fontes são sempre protegidas, mas de onde voce tirou a informação de que o 1º ministro de Israel foi a Paris de penetra? Talvez por dedução, ou seja  se  a) ele estava no primeiro rang, ao lado de Hollande e se  b) Hollande foi com ele em seguida à  Grande Sinagoga de Paris para a cerimônia pelos 4 judeus assassinados- só pode ser mesmo para demonstrar seu desagrado  pela presença do hóspede indesejável.
Methiks que neste  caso as ausências foram até mais aberrantes que as presenças.
abr
Claudio

N.R. A presença intempestiva de Benjamim Netanyahu, por não ter sido convidado pelo governo Francês,  foi noticiada pela imprensa internacional, inclusive a Israelense. A presença de Hollande na Sinagoga decorreu de convite (irrecusável) do Primeiro Ministro Israelense.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Novidades na Euro-opa



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SIM......NÃO

Nem todos verão desta maneira a reviravolta da política econômica da União Europeia. Pressionados pela ameaça de aguda estagnação, a maioria dos governos das “nações Euro” liderados por François Hollande, obtiveram, por fim, três objetivos essenciais a retomada do crescimento da região:  a tolerância para com o déficit orçamentário, a desvalorização do Euro, e a adoção da formula vencedora adotada pelos Estados Unidos, o já famoso QE.  

A Europa Latina dobrou, assim, as restrições e resistências  (alguns chamariam de obsessão) da Europa Nórdica, esta capitaneada pela Wagneriana  Dama de Ferro, Angela Merkel. A mais sutil Science Politique parece prevalecer como mais oportuna do que uma rígida Market economics.   

Tendo a frente o corajoso italiano Mario Draghi (para surpresa de alguns, não se trata de um oxímoro), o Banco Central Europeu optou por injetar mensalmente 60 bilhões de Euros, afim de reanimar o fôlego Europeu, já com nítidos sintomas de sufocamento. Contudo, grave erro cometerá a França e seus seguidores, caso desprezem a prudência orçamentária.

Resta saber se a inversão não causará afogamento. O experimento não deixa de conter riscos consideráveis, pois muito pouco tem a Euro-Europa que lhe assemelhe à América do Norte. Enquanto os Estados Unidos são uma nação monolítica no seu âmbito federal, a Euro-opa é uma confederação que exige constante negociação, para progredir. Ainda a tendência burocratizante do Velho Continente inibe, quando não anula, a multiplicação dos benefícios econômicos que a expansão de liquidez vem trazendo ao Novo. Outras diferenças existem, que exigirão constantes ajustes tanto nas áreas econômicas quanto nas políticas, dentre as quais desponta  necessidade de sintonia fiscal.

Neste momento, a reação dos mercados é de alívio. As bolsas de valores sobem, as taxas de juros caem, levando alento aos dois lados da divisória ideológica. Somente do frio Tetônico chegam os sons abafados de um Requiem. Torcer para que não tenham razão.


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domingo, 18 de janeiro de 2015

Manobras eleitoreiras


Netanyahu é o quarto à direita de Hollande

Em 17 de março próximo ter-se-á eleições em Israel, concorrendo o atual dirigente Benjamim Netanyahu. Este, em manobra eleitoral de envergadura, apresentou-se, sem ser convidado, como participante da passeata Parisiense organizada pelo governo Hollande, em resposta ao atentado contra Charlie Hebdo e no Mercado Kosher para Judeus.

Apesar de  “penetra”, Bibi proferiu discurso sugerindo aos 600.000 Judeus Franceses que emigrassem o quanto antes para Israel, onde estariam em segurança (?). Ainda obteve a anuência das famílias para que os quatro franco-judeus mortos, fossem enterrados, não na França, mas em Israel. Tal atitude do “hóspede” causou considerável mal estar no Quai d”Orsay. Apesar das “gaffes”, espera-se substanciais dividendos à candidatura do primeiro ministro Israelense.

Conquanto a primeira iniciativa pré-eleitoral vestiu-se com roupagem pacificadora, já a segunda revelou garras de ferro. Nesta última cartada os helicópteros Israelenses  assassinaram cinco membros do Hizbollah*, em território Sírio. Lá estavam para inspecionar posições defensivas contra os rebeldes contrários ao regime de Bashar al Assad, com quem estão aliados. Vale notar que nenhuma ação hostil foi perpetrada pelos militante libaneses contra posições Israelenses.

A intencional gratuidade do ataque parece indicar intenção de incendiar a ira do Hisbollah, assim provocando retaliação contra posições Israelenses; por resultado esperar-se-ia a retomada de conflito, ainda que contido. Conforme constatado no passado, novos combates reascenderia a cartada “Segurança”,  extremamente vantajosa para a candidatura Netanyahu.

A acompanhar com atenção...


N.R. Para melhor compreensão, o Hizbollah combate na Síria a organização terrorista Al Quaeda, grupo responsável pelas recentes mortes na capital Francesa. 

sábado, 17 de janeiro de 2015

Comentários sobre os artigos referentes à Charlie Hebdo.

CARO PEDRO, EXCELENTES OS DOIS ARTIGOS. QUE TAL VC COMENTAR A AUSÊNCIA
        DE UMA AUTORIDADE BRASILEIRA.  FIQUEI INDIGNADO. UMA VERGONHA. ONTEM
        OUVI NA TV QUE O OBAMA SE ARREPENDEU DE NÃO TER IDO, MAS JÁ CONVOCOU   
        O BIDEN PARA IR À PARIS.
        GRANDE ABRAÇO,  GERALDO

       Realmente não dá para entender pq o Obama não foi a Paris!
E nem tinha reparado q os asiáticos não se manifestaram, eles são muito estranhos, querem se manter afastados mesmo...
Carmo

Passada a emoção do acontecido, deveríamos meditar sobre as causas desse atentado. Nós ocidentais temos a tendência a achar que nossos valores são universais. Não são. O fato de não nos importarmos quando brincam com nossas religiões não nos dá o direito de debochar da religião de quem se ofende com isso. Esse episódio misturou a arrogância ocidental com a intolerância muçulmana. Temos que aprender a nos respeitar mutuamente e a viver em harmonia.
Carlos Alexandre

Pedro. Muito bom seu texto sobre o bom senso que deve prevalecer ao relativizar o conceito de “liberdade de expressão”. Abraços, Chacel

Pedro, adoro ler um texto sobre um assunto que todo mundo conhece, mas abordado por um ângulo que quase ninguém viu. Foi o que senti quando li esse seu fantástico texto. Sua página é sem dúvida a mais interessante do FB. Parabéns!!!        Carlos Alexandre

Marianne Gentil Parabéns Pedro pela bela escrita sobre a Imprensa,realmente penso igual o bom senso é precioso e custa mui caro o desrespeito à esse nível da Revista Charlie HEBBO quanto ao mundo e à Religião Muçulmana de muito mau gosto,e muita provocação Não podia dar certo ;mas parece que eles N aprenderam pela edição de Ontem infelizmente. Abraço

Sua observações - muito lúcidas, aliás - confirmam a posição também tomada pelo Papa em sua viagem pela Filipina e Sri Ranka !!!!

Sou obrigado a concordar com seu lúcido posicionamento, perfeito parabens,  Oswaldo

Belo texto, Pedro. Na linha, aliás, da declaração do Papa, no sentido de que a liberdade de expressão não dá o direito de ofender o outro,
André

Pedro,
Belissimo artigo como sempre.
O que aconteceu na Franca,foi uma especie de 9/11 europeu.
Para uma analista descomprometido interessa saber quem
esta por tras de tudo isso.A Europa esta passando por um

delicado periodo.Este fato,certamente a unira e desviara as
atencoes sobre seus problemas estruturais.
Eduardo
  

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Comedimento e respeito mútuo



Egyptian Coptic Christians and Muslims raise a cross and the Muslim holy book, the Koran.
A Cruz e o Corão

Nos  campos  conceitual e legal, o debate sobre os limites da imprensa livre continua a toda força. A mais recente  edição da revista francesa  Charlie Hebdo, repetindo desenho tendo o profeta Maomé na capa, provavelmente não servirá para acalmar os ânimos.  A maioria dos meios de comunicação, sobre tudo a imprensa,  reproduziu a capa da revista; já o New York Times, inegavelmente o mais importante jornal norte americano,  optou pela não publicação da charge, considerando-a provocação injustificada.

Ainda, buscando comportamentos paralelos no Ocidente, observamos que a defesa da livre imprensa, ou livre expressão, conceito que sustenta a publicação das caricaturas ofensivas aos Muçulmanos, não é aplicada de forma equitativa.

A publicação de matéria questionando, negando ou revendo a existência ou o número de vítimas do Holocausto é proibida na maioria dos países da União européia.  Ainda, a publicação e venda do livro “Mein Kampf” de autoria do demente ditador Adolf Hitler é expressamente vedada em diversos países Europeus e no Brasil.  Assim, observa-se, claramente, que a proteção legal oferecida a determinado segmento étnico, ainda que defensável,  não se estende a outro.

Constata-se, portanto, sutileza na inviolabilidade do “sagrado” direito de expressão e liberdade da imprensa, defendida com compreensível afinco, porém de forma imperfeita .  Sim, o Ocidente, em circunstâncias que lhe interesse, parece disposto a abrir mão da universalidade deste princípio.

Já, no campo sócio-político, são muitas as considerações válidas que recomendam, senão uma censura estatal, mas certamente uma auto censura. Como exemplo a outros povos, a Constituição  brasileira proíbe o insulto religioso, seja qual for a religião. É uma lei sábia, pois visa, de forma prática, evitar a germinação do ódio entre crenças, responsável pela mais cruel das guerras e conflitos.  A hipotética publicação, numa capital do Oriente Médio, de uma charge denegrindo Jesus de forma escatológica, recebendo ela divulgação internacional, causaria profunda consternação nas populações Cristãs do Ocidente. Dificilmente a resposta seria letal, como o foi em Paris, mas a provocação não seria esquecida, na hora da retaliação.  

A publicação da imagem de Maomé, fere, não somente os djihadistas, mas toda a população Muçulmana dos países ligados ao Ocidente. Ofende aquelas nações, dispersas pelo Oriente Médio e pela Ásia,  cuja colaboração na luta contra o terrorismo é crucial. Emblemática será a situação da Arábia Saudita, contendo tanto a elite reinante como a população imersa na interpretação Wahabita do Corão, vista como a mais radical e, talvez a mais fanática das seitas Muçulmanas. Cabe ao soberano  Saudita a preservação da pureza desta facção Islâmica. Útil será lembrar que Nine Eleven foi obra de Sauditas, justificada pela alegada dessacralização da terra Saudita pela presença de tropas norte-americanas. 

Ainda, sua riqueza petrolífera poderá favorecer ou anular tentativas de interesse econômico do 
Ocidente, mais especificamente, os  da Europa. Também, tais ataques a Maomé, implicitamente autorizados, senão endossados, pelos governos Ocidentais, poderão ter conseqüências indesejáveis  no Paquistão e Afeganistão, prejudicando o  combate ao Taliban fanatizado. Muitos outros cenários negativos  tornam-se possíveis, senão prováveis.


O momento é de reflexão, isenta das afirmações fáceis do “políticamente correto”. Tanto o Ocidente Cristão quanto o Oriente Muçulmano devem buscar o difícil ponto de mutuo respeito, que deságua no aprofundamento da  compreensão, assim buscando uma parceria em benefício de seus povos. Assim, tão mais fácil será a contenção e eliminação do terrorismo.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Comentários sobre Charlie, Paris e outros



__ A resposta popular ao atentado, refletida nas imensas demonstrações públicas  em Paris e outras cidades francesas surpreendem, não encontrando paralelo nas demais nações feridas pelo terrorismo.

__ A união, em praça pública, de inúmeros lideres religiosos Cristãos, Judeus e Islamitas não encontraram experiência similar. A França, cerrando fileiras,  parece buscar na conciliação e na união de propósitos  o caminho a seguir,  rejeitando a guerra como solução.

__ François Hollande foi hábil na cooptação dos demais líderes políticos franceses, dentre eles seu mais ferrenho adversário, Nicolas Sarkozy. Ainda, sindicatos patronais e operários juntaram-se a mensagem de união.

__ Corajosa a adesão maciça do povo nas praças públicas, desprezando o perigo terrorista que poderia esconder-se dentre  a multidão. Quatro milhões de franceses nâo se intimidaram,  entoando a Marseillaise e palavras de ordem de tolerância e resistência. Belo exemplo.

__ A presença de Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, não longe de Benyamin Netanyahu na primeira fila de chefes de Estado, acentuou a prioridade que o Quai d’Orsay atribui à pacificação naquela região. A ocasião foi bem aproveitada.

__ Pecou Washington por não enviar um alto representante (Biden, Kerry e porque não Barack Obama?)  para juntar-se às dezenas de chefes e alto representantes das nações amigas em ato ostensivo de solidariedade. Qual teria sido a razão de Barack Obama ao optar por tão insólita ausência? Porque tal distanciamento?

__ Ausência surpreendente de representantes da raça asiática. Muitos brancos, negros, árabes e judeus.  Pouco se via o semblante inescrutável do oriental.

­­ __ Alguns setores começam a levantar a razoabilidade de permitir-se o ataque desrespeitoso à religiões (vide “Je ne suis pas Charlie”). No Brasil a Constituição proíbe. Talvez um bom debate seja oportuno e salutar, uma vez retornada a calma.


sábado, 10 de janeiro de 2015

O estupro de Charlie Hebdo




A primeira frase tem que ser de repúdio.  A execrável chacina de jornalistas desarmados fere a todos, países, continentes e hemisférios.  Um dia depois, outros terroristas, interligados com os primeiros,  chacinam outros franceses, estes de origem judaica. Mais um crime hediondo.

Os assassinos buscaram, em sua faina raivosa, não tão somente vingar insultos à Maomé, vingar a opressão na Palestina , mas, ainda mais importante, acelerar o processo de radicalização entre as civilizações Cristãs e Muçulmanas.  A bandeira negra do Islamismo fanático se ergue sob a  forma, e pretexto,  da grande vingança contra as potências Ocidentais que subjugaram e exploraram os povos árabes durante decênios.

No entanto, a asserção de que o Islã é, na sua essência,  fanático e violento, não parece verdadeira. Se no Salafismo Sunita encontra-se a violência extremada,  nas vertentes majoritárias do Islã o mesmo não é habitual. São muitos os países Muçulmanos e democráticos. A Turquia, o Líbano, a Malásia, a Indonésia, o Paquistão, o Bangladesh e agora a Tunísia são exemplos, nem sempre perfeitos, mas com governos eleitos e imprensa livre. 

Já as ditaduras do Oriente Médio são, com exceção da Síria, todas elas apoiadas pelo Ocidente Cristão e  democrático. Nestes países aliados ao Ocidente, a lei preponderante é a Sharia, a mesma que a incipiente democracia Egípcia pretendia implantar, e cuja deposição contou com a anuência de Washington e seus seguidores.

Apesar da dor, da indignação, da revolta, a França, a Europa, e  o Ocidente não devem cair na armadilha da intolerância, da intransigência racial e religiosa. A perseguir este caminho, a violência se expandirá, gerando o círculo vicioso de golpe e contra-golpe, ambas as partes afundando na areia movediça do ódio institucionalizado.

No entanto, igualmente  importante  será o estancar da geração de fanáticos, tanto em casa quanto no Oriente Médio.  Não deve ser ignorado o fato de ter o Califado recebido a adesão de grande quantidade de oficiais e soldados do exército dissolvido de Saddam Hussein.  Constata-se, assim, que guerras impensadas e  interferências  externas e desastradas na região, longe de trazer segurança e estabilidade, tem, pelo contrário, gerado revolta e ódio, ingredientes essenciais à formação do terrorista.

Não saciada pela guerra do Iraque, a atual intervenção norte-americana na Síria, apoiando a derrubada do governo Sírio de Bashar al Haffez propiciou a gênese do Califado, liderado pelo fanático Al Bahgdadi. Ainda, a incapacidade das potências Ocidentais encaminharem a Paz no contencioso Palestino, omissas e incapazes de prover judiciosa e imparcial mediação,  constitui-se em  mais um casus belli para o inimigo fanático. O bloqueio do reconhecimento da nação Palestina, solitariamente defendido por Barack Obama nas Nações Unidas pode tornar-se uma chaga infectada. 

A perigosa generalização que leva à guerra “entre o bem e o mal” não cabe em tão complexo ambiente geopolítico. Sem o conhecimento e avaliação das contradições que alimentam o labirinto Semita*, a política externa Ocidental não saberá impor-se nem defender-se.

*Tanto Árabes como Judeus são Semitas

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Comentários sobre "Privatização surpreendente"


Ary escreveu: "A historia mostra que a esquerda tenta se livrar das "estatais" quando constatam seus problemas e a corrupção existentes. Veja porque a BP, Elf , Total, Siemens etc foram privatizadas por lideres de esquerda. Não seria esse o destino da Petrobrás. Feliz ano novo com uma abraço do amigo saudoso"



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Comentário sobre "Reflexões (atualizadas) sobre o Oriente Médio

Carlos escreveu: "Não sei o que é pior nesse choque de civilizações. Se a arrogância do Ocidente ou a intolerância dos muçulmanos. Acho mais provável o ocidente ser menos arrogante do que os muçulmanos serem menos intolerantes."

sábado, 3 de janeiro de 2015

Reflexões (atualizadas) sobre o Oriente Médio

Map of Middle East


O caos bélico que tomou conta do Oriente Médio, na sua essência, reflete a crescente clivagem entre o mundo ocidental e Cristão, e o Islã. A relevância da região no contexto internacional, fonte primária de energia mundial, promete graves conseqüências que adviriam do colapso de entendimento entre estas duas civilizações. A formulação simplista de “good guys e bad guys”, tão ao gosto de certas culturas, impede, de parte a parte, uma busca racional, despida de emoções, que levem ao entendimento, à compreensão e à formulação de proposta pacificadora.

O  núcleo de infecção que contamina as relações destas duas civilizações pode ser identificado no conflito que envolve a Grande Palestina, que abrange Israel e Gaza/Cisjordânia. Conquanto do lado Muçulmano os governos  Árabes ajustem seus interesses para melhor proveito nas suas relações com o Ocidente, a base popular destas nações dedicam aos países líderes Ocidentais profunda e crescente hostilidade, calcada nas intervenções históricas em seus países (políticas e militares) e  na  dicotomia e parcialidade que a política externa norte-americana demonstra na questão Palestina.

A aliança, dita indissolúvel,  que une os Estados Unidos a Israel tem por conseqüência lógica a impossibilidade de imparcialidade, negando a Washington o peso necessário em ações diplomáticas que decorrem de confronto  entre os contendores. Como já observado,  por diversas vezes, nas tentativas de contenção dos assentamentos Israelenses, condicionantes para o tratado de Paz, Washington se revela impotente. 

O vácuo criado pela irrelevância de Washington no processo  de pacificação da Palestina, agravado ainda pela incoerência no trato da questão Síria, vem sendo preenchido por Tel Aviv, de um lado, e pelas fanáticas forças Islâmicas do ISIS, pelo outro. Constata-se dois projetos expansionistas no Oriente Médio; aquele do  “Grande Israel” implícito no recente projeto de “Estado Judeu” apresentado por Benjamin Netanyahu e aquele do messiânico Califado.

Somente a Europa parece ter a compreensão do perigo que encerra o enfrentamento. Em tentativa de recolocar a questão do Oriente Médio nos trilhos da prudência, países lideres do velho mundo vem votando em prol do reconhecimento da Palestina, como forma de reduzir a escalada das tensões.  A recente votação da proposição da Jordânia no Conselho de Segurança das Nações Unidas, propugnando a independência da Palestina e a  retirada das tropas Israelenses até 2017, obteve o apoio da França, Argentina, Chile, Chad, China, Luxemburgo e Rússia. Apenas dois votos contrários à resolução foram declarados, pelos Estados Unidos e a Austrália. Os demais membros, e até mesmo a Grã Bretanha, negaram apoio a Washington, abstendo-se. Constata-se, assim, significativa mudança de tendência internacional a favor da pacificação Palestina, isolando os Estados Unidos como solitário defensor de Israel.


Este movimento europeu também decorre  da necessidade de acalmar a crescente e preocupante insatisfação Muçulmana intra-fronteiras. As imigrações Muçulmanas, principalmente  na França, Inglaterra, Suécia, Alemanha,e  Holanda, algumas iniciadas nos tempos coloniais e ampliada a seguir, colocam no seio destes países o germe da violência extremada.  Assim, estimar-se-ia que o reposicionamento das chancelarias européias quanto ao conflito Israel-Palestina se deva, não apenas, ao sentimento de equidade e respeito à lei internacional,  mas também, por considerações de segurança interna.