domingo, 21 de dezembro de 2014

Uma nova era nas Américas?


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Já fazem 55 anos que o ditador, Fulgêncio Batista, foi derrubado de seu trono em Havana. Era um homem sanguinário e corrupto, lá instalado com o beneplácito de Washington, sem o qual nenhuma iniciativa política poderia prosperar, e com a conivência da elite local dominante. Ao projeto se aliavam os grandes capitais,  nativos e, sobretudo, os norte-americanos.

No entanto, impulsionada pelo turismo (e seus excessos, como  a corrupção, o jogo e a prostituição) bem como  pelo preço favorecido de suas exportações de açúcar para os Estados Unidos, era grande a prosperidade nos grandes centros urbanos, destacando-se Havana  como o maior pólo hedonista  das Américas. No entanto,  a penúria caracterizava o interior rural do país, seus lavradores limitados ao trabalho sazonal dos “macheteros” (bóia fria).

A rebelião foi conseqüência. Começou bem, em busca de democracia, mas perdeu o caminho por razões internas (Fidel Castro alijando as pressões democratizantes do Diretório Estudantil e sindicatos e optando pela formula comunista) e externas (incapacidade do governo Norte-Americano de ajustar-se ao início do movimento “independista”  da ilha). Washington não compreendeu as pressões nacionalistas que se acumulavam em contraposição ao Platt Amendment, que mantinha Cuba na condição de colônia, só revogado em 1934. Em 1959, Cuba era independente ha somente 25 anos.

Hoje, nova oportunidade de entendimento se abre. O restabelecimento das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba pode propiciar uma fase virtuosa nas Américas. À primeira vista é lícito esperar-se uma forte redução na hostilidade explicita e implícita que caracterizava as relações dos dois países. A derrubada das barreiras, que impediam as viagens de norte-americanos de origem cubana e outros  à ilha, deverá irrigar não somente a compreensão mútua, mas estimular crescente atividade econômica. Este novo cenário  poderá  levar a ilha rebelde na direção de uma sociedade mais aberta, econômica e politicamente.

A derrubada do “muro da intolerância mútua” deverá surtir efeitos positivos nas chancelarias latino americanas, especialmente naquelas dos países de tendências esquerdistas. Venezuela, Bolívia, Equador, Argentina,e, em menor grau, o Brasil perderão boa parte de seu discurso contestador.  Não mais terão o isolamento de Cuba como munição para reforçar posições anti-americanas.  Outros contenciosos, alguns válidos como a permanência do embargo e outros nem tanto, persistirão, porém provavelmente mais atenuados.

Porém, cautela, comedimento e muita diplomacia deverão conter o afã norte-americano de alcançar objetivos irrealistas. O ímpeto empreendedor e atropelador, tão comum nos “yankees”,  poderá acelerar, indevidamente, o desejado processo de simbiose. Estes, na busca incessante de oportunidades comerciais poderão desrespeitar restrições legais, de cunho comunista, ainda em vigor. Poderão, ainda, ferir o sentimento arraigado de soberania que incute o povo cubano.  Ainda, para assegurar um marcha sustentável, Washington deverá conter o vigor excessivo na desmontagem das restrições antidemocráticas.  


E muito cuidado com a extrema susceptibilidade do regime Cubano. Estar-se-á patinando em gelo fino. 

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